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Portas abertas para carne do Brasil

Agradou a Goiás, Estado agropecuarista por excelência, a assinatura na última quinta-feira (28) de um acordo para a abertura de mercado de carne bovina in natura para os Estados Unidos. O ato foi firmado em Washington pelo ministro da Agricultura, Blairo Maggi, com as autoridades americanas.

Essas negociações já se arrastavam desde 1999. Só agora o ministro Blairo Maggi conseguiu o sinal verde. Esta abertura tende a favorecer a comercialização de carnes in natura para outros países pelo Brasil.

Segundo a Secretaria de Relações Internacionais do Agronegócio do Mapa, o incremento para as exportações brasileiras deve chegar ao montante de US$ 900 milhões em um ano com a medida. A assinatura entre os países ocorreu no Comitê Consultivo Agrícola Brasil - Estados Unidos, em Washington.

Repercussão em Goiás


Em Goiás, a notícia foi bem aceita pelos produtores e suas representações. Para o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária (Faeg), José Mário Schreiner, o Brasil tende a auferir mais de US$300 milhões “se conseguir exportar 60 mil toneladas para os Estados Unidos, um terço do valor previsto pelo Ministério da Agricultura”. Ele observa que nesse caso, se for considerado os valores médios da carne importada pelos Estados Unidos desse grupo de outros países, que foi de US$5.410 por tonelada em 2015.

Presidente da Associação Goiana dos Criadores de Zebu (AGCZ), Wagner Miranda, vê essa aproximação no segmento de carnes in natura como de “suma importância para toda a cadeia da pecuária bovina nacional”. Em sua opinião, abrem-se novas fronteiras para um mercado diferenciado como o norte-americano e um novo status sanitário de carnes. “É em síntese o reconhecimento da qualidade de carcaças brasileiras”, resume.

Augusto Gontijo, pecuarista e ex-presidente da Sociedade Goiana de Pecuária e Agricultura (SGPA), avalia como “bastante positiva a abertura de carne processada par a os Estados Unidos”. Em sua visão, um acordo com os americanos credencia o Brasil a outros mercados pelo mundo do ponto de vista sanitário, normalmente uma barreira num processo de comercialização de alimentos.

Pelo acordo, os Estados Unidos a aceitar a entrada da carne brasileira de outros estados, como Goiás essencialmente agropecuarista. Antes, os americanos só aceitavam carne de Santa Catarina, por ser um Estado livre da aftosa. Para o presidente da SGPA, Hugo Goldfeld, “o acordo é da maior importância para a pecuária nacional, porque o mercado americano constitui uma vitrine mundial quando se trata de avaliar as condições sanitárias”.

Espaço ampliado


Para a analista de mercado da Scot Consultoria, Isabella Camargo, há espaço para aumentar o volume de exportações de carne no País. “O Brasil exporta em média 15% da sua produção e atualmente o escoamento do mercado interno está em um ritmo mais lento. Então, a exportação tem sido uma segunda via. Isso ajudaria os grandes frigoríficos", avalia.

É que com a crise econômica, o comportamento do consumidor brasileiro é de substituir a carne bovina, com preço mais elevado, por outros alimentos mais acessíveis, a exemplo dos suínos.

Exportações


Os embarques de carne brasileira continuam em perspectiva de alta. Dados da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec) mostram que o faturamento das exportações de carne bovina brasileira registrou US$ 2,8 bilhões entre janeiro e junho deste ano, com volume de 730 mil toneladas.

Isso porque desde o ano passado o Brasil já anunciou exportação para centros importantes, como a China, e a retomada de negócios com a Arábia Saudita e o Egito. Os números do desempenho, considerado positivo por analistas, se devem principalmente ao embarque para o mercado chinês, que acaba de completar um ano da reabertura das exportações.

As vendas para aquele país já renderam mais de US$ 365 milhões em faturamento e 87 mil toneladas em volume exportado nos seis primeiros meses deste ano.

"Com os números das exportações para a China, é possível atingir os mesmos resultados que tivemos em 2014. Isso nos traz um cenário mais positivo para 2016", disse neste mês o presidente da Abiec, Antônio Jorge Camardelli. "No ano passado a China veio para ajudar. Em maio o país foi o maior comprador, e isso se repetiu em junho. Um mercado a mais certamente vai contribuir para o agronegócio nacional", afirma a analista da Scot Consultoria.

Já o faturamento com o embarque para Hong Kong foi ainda maior, de US$ 614 milhões, com 178 mil toneladas.

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