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A Celg para os goianos

  •  Investimentos vão ultrapassar os R$ 6 bilhões, como resultado de entrada de recursos no Estado, aportes feitos pela nova proprietária da empresa, retorno tributário e geração de empregos
  •  Privatização põe fim aos graves problemas de falta de investimentos em distribuição de energia no Estado, garantindo a atração de novos investimentos privados que dependem de novas ligações de luz e a qualidade da energia residencial
  • ”Pela primeira vez todos vão perceber que a Celg é um patrimônio dos goianos. Ela vai ser eficiente”, disse Marconi

No intervalo das audiências que concede aos prefeitos eleitos no Palácio Pedro Ludovico Teixeira, no meio da tarde de ontem, o governador Marconi Perillo concedeu entrevista coletiva à imprensa para detalhar a posição do governo em relação à privatização da Celg Distribuição. Depois de dizer que ficou feliz com o resultado da venda, salientou não ter dúvida de que o leilão foi um sucesso para Goiás e os goianos. “Pela primeira vez todos vão perceber que a Celg é um patrimônio dos goianos. Ela vai ser eficiente”, declarou.

O governador saudou a venda da Celg por acreditar que a energia elétrica oferecida aos goianos irá melhorar muito no curto prazo. “Novas subestações serão construídas ou ampliadas, assim como as linhas de distribuição. Goiás se transformará em um dos Estados mais bem servidos na área de energia”, comentou.

Anunciou que brevemente irá se reunir com diretores da Enel, empresa que comprou a Celg D, para acertar um plano de investimento. “Conversei hoje com o presidente da empresa. Ele está entusiasmado com a Celg e anunciou que poderá investir até mais do que estabelece o edital da venda”, afirmou.

Ele acredita que o Estado será um dos destinos privilegiados do investimento de 3,5 bilhões de euros que a Enel fará no Brasil nos próximos anos. “Boa parte desses recursos será investida em Goiás”, observou.

O governador se disse convicto de que, daqui para a frente, a Celg será uma empresa de ponta dentre as distribuidoras de energia do Brasil: “Constantemente eu tenho sido cobrado por empresários de todas as regiões. Eles querem investir, expandir os seus negócios. Infelizmente não contam com energia suficiente e de qualidade. Isso vai mudar. A Enel tem experiência e dinheiro para investir”.

Governo de Goiás receberá recursos da privatização em janeiro

O dinheiro que cabe ao Estado com a venda da Celg D, superior a R$ 1 bilhão, deverá chegar aos cofres do Estado em janeiro. Segundo o governador, o pagamento será à vista, sem parcelamentos. A parte do governo do Estado que entrará nos cofres públicos estaduais – de acordo com o governador – será direcionada exclusivamente a investimentos em áreas estratégicas da administração, como Saúde, Educação, construção de hospitais, credeqs e rodovias. “Nenhum centavo será investido no custeio ou na folha de pagamento”, salientou. Outro fator considerado positivo pelo governador, com a venda, será a garantia de o Estado receber o ICMS da Celg. “Antes, ela vivia tendo dificuldades para pagar o ICMS. Agora isso vai acabar”, comemorou.

Marconi falou também sobre as críticas da oposição com a venda da empresa. Disse não estar preocupado com as manifestações contrárias, lembrando que enfrentou a mesma oposição por ocasião da transferência dos hospitais estaduais para as OS’s. “Depois que eles viram que foi um bom negócio, que mais de 98% da população aprova o novo modelo, ficaram calados”, declarou, para acrescentar que “aqueles que mais criticam estão no PMDB, partido que vendeu Cachoeira Dourada”.

Ao abordar a possibilidade de o preço da energia elétrica no Estado sofrer reajuste por conta da privatização,  esclareceu que essa política de aumentos é prerrogativa da Aneel – Agência Nacional de Energia Elétrica – e que independe de a empresa ser ou não estatal para ser autorizada a majorar tarifas. “Para ter os benefícios de reajustes, a empresa precisa atender a alguns requisitos estabelecidos pela Aneel. Os aumentos, quando autorizados, são para todos. Nada será feito para a Celg privada do que não se faria para a Celg estatal”, salientou.

O governador voltou a falar que a Celg passou a se inviabilizar depois que a Usina de Cachoeira Dourada foi vendida. Segundo explicou, o lucro da Usina passou a representar o déficit que a Celg registrava em seus balanços: “Se Cachoeira Dourada não fosse vendida, a Celg lucraria R$ 1 bilhão por ano, exatamente o prejuízo que passou a acumular. Enfim, se ela tivesse o rendimento da geração, não teria passado por dificuldades”.“O melhor negócio acontecido em Goiás neste ano é a venda da Celg”, comemora Marconi

A venda da Celg, na avaliação de Marconi, representa também um aval dos investidores ao governo federal. “Esta foi a primeira privatização do governo Temer. Sinaliza que a confiança dos investidores está voltando”, acrescentou. Marconi não se esquivou de abordar a possibilidade de o Estado patrocinar outras privatizações, como a da Saneago. Disse que não há nenhum estudo para que isso ocorra, mas não descartou concretizar ainda em sua gestão a liquidação ou Parceria Público-Privada (PPP) para a Iquego e PPP para a Metrobus.

Sem esconder o entusiasmo e se declarando “muito feliz”, o governador Marconi Perillo afirmou, mais cedo, durante assinatura de protocolo de intenções com as Instituições de Ensino Superior em Goiás, no Palácio das Esmeraldas, que a concretização do processo de venda da Celg Distribuição S.A. é o “melhor negócio” acontecido em Goiás neste ano.

“Não tenham a menor dúvida, o melhor negócio acontecido em Goiás neste ano é a venda da Celg. Essa venda vai resultar em muitos benefícios para o Estado. O mais importante é que, em dois anos, os compradores vão investir R$ 2 bilhões em energia. E com esses investimentos nós vamos garantir o atendimento às demandas que estão reprimidas. O mais importante também que não vamos ter mais dificuldades financeiras em uma empresa estratégica como essa”, disse Marconi ao fim do discurso no evento.

No início da manhã de ontem, a Celg Distribuição S.A, empresa de energia controlada pela Eletrobras (50,93% das ações), foi arrematada pela empresa italiana Enel Brasil em leilão de privatização ocorrido na sede da Bolsa de Mercadoria e Futuros – BM&F –, em São Paulo, por mais de R$ 2,1 bilhões e ágio de 28%. O preço mínimo do atual leilão era de R$ 1,792 bilhão. Ele foi o resultado da avaliação do valor de mercado da companhia em R$ 4,448 bilhões, menos a dívida de R$ 2,656 bilhões. O governo estadual, dono de 49% das ações, ficará com R$ 1,050 bilhão.

Na avaliação do governador, uma estatal do setor energético como a Celg não pode ficar sob responsabilidade de gestão do Estado. “Imagine se a Embraer ainda estivesse com o governo federal, imaginem se a CSL, a Vale do Rio Doce e as teles... Isso fica muito propício à corrupção e a desvios. Então, é bom que elas estejam reguladas, mas com o setor privado, para que o setor privado possa investir e acompanhar o desenvolvimento da empresa”, pontuou.

Privatização não provocará aumento das contas de energia

O governador rechaçou as críticas de que, com a venda da Celg, as tarifas de energia elétrica aumentarão em Goiás. “Quem regula é a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica). E regula para todos. Agora, a Celg vai ter mais ou menos apoio da Aneel se ela for mais eficiente. Segundo pesquisas de opinião pública, a Celg melhorou a eficiência, mas agora vai melhor ainda muito mais. E eu me animo, porque não é uma empresa qualquer”, disse.

O governador desabafou que estava apreensivo até o início da manhã, antes da realização do leilão, pois imaginava que o valor de venda não seria muito alto. “A surpresa foi enorme quando chegaram R$ 400 milhões de ágio. É uma demonstração de otimismo do mercado. É um grande sinal do mercado externo em relação à economia brasileira”.

Marconi disse que, a partir de agora, não precisará mais se preocupar com o pagamento de ICMS por parte da Celg. Segundo ele, sempre houve dificuldade para receber da empresa o pagamento do imposto. “Agora, acaba também esse problema. A economia goiana vai ganhar muito, a população vai ganhar muito. Eu estou muito feliz”, considerou.

O governador ressaltou que a venda da Celg abre caminho para novas privatizações. O governo federal pretende privatizar outras seis distribuidoras estaduais que hoje estão sob controle da Eletrobras e serão oferecidas ao mercado em 2017. “A Celg é a primeira empresa privatizada neste ano. Isso sinaliza que os mercados começam de novo a olhar para o Brasil com interesse”, avaliou.

“Não há desenvolvimento sem energia”, diz presidente da nova dona da Celg

O governador Marconi Perillo cumprimentou, na manhã de ontem, o presidente da Enel Brasil, Carlo Zorzoli, pela aquisição da Celg Distribuição S.A. por R$ 2,187 bilhões, ágio de 28% sobre a proposta inicial mínima de R$ 1,791 bilhão estabelecido para a privatização. Marconi, que cumpriu mais um dia de extensa agenda administrativa em Goiás, telefonou para o executivo assim que foi informado do resultado do leilão e afirmou a Zorzoli que a privatização representa “a nova certeza para o governo de Goiás e para os cidadãos do Estado de que a aquisição é passo definitivo para os desafios e problemas atravessados pela Celg D e para o Estado”.

Zorzoli, por sua vez, disse ao governador que, a partir da privatização, “a Enel será uma grande parceira do crescimento econômico do Estado de Goiás”. “Não existe desenvolvimento sem oferta garantida de energia de qualidade”, disse o presidente da companhia de capital italiano e uma das maiores do setor no mundo. O leilão foi realizado na BM&F Bovespa, em São Paulo, com a participação da secretária da Fazenda de Goiás, Ana Carla Abrão, do presidente da Celg Participações (CelgPar), Fernando Navarrete, e diretores da Eletrobrás.

Com a privatização, serão investidos ao todo R$ 8 bilhões no Estado, como resultado da aquisição (R$ 2 bilhões), pagamento de dívida da estatal (R$ 4 bilhões) e aporte em aumento da distribuição de energia (R$ 2 bilhões). Marconi afirma que a privatização da Celg D é estratégica para o crescimento da economia de Goiás nos próximos anos, “porque o contrato de aquisição estabelece investimentos de R$ 2 bilhões na ampliação da distribuição de energia em todo o Estado”.

O governador disse ainda que a participação do governo de Goiás no produto da venda (49%, proporção que corresponde à participação do governo do Estado na composição acionária da empresa) “garantirá novos investimentos em obras públicas essenciais para o desenvolvimento econômico e humano”.

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