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O ícone da Divindade

O Divino Pai Eterno, para os cristãos católicos, é uma das referências à imagem de Deus-Pai, a primeira pessoa da Santíssima Trindade. A segunda é o Filho de Deus, Jesus Cristo, e a terceira, o Espírito Santo de Deus.

A imagem venerada na cidade goiana de Trindade com o nome de Divino Pai Eterno é a representação de um dogma católico: a coroação da Virgem Maria pela Santíssima Trindade, no céu, para onde a mãe de Jesus foi elevada no final da sua vida na Terra.

A devoção ao Divino Pai Eterno, na cidade de Trindade, teve início por volta de 1840, com o casal de agricultores Constantino Xavier Maria e Ana Rosa de Oliveira, que vieram estabelecer nas proximidades do córrego do Barro Preto, distante aproximadamente vinte e dois quilômetros do município de Campininha das Flores, hoje Campinas, bairro de Goiânia.

Constantino e sua mulher queriam implementar uma lavoura no local e trabalhavam, eles mesmos, as terras. Certo dia, quando o marido carpia as terras macias da beira do córrego, a enxada tocou em algo mais duro. Pensou ser uma pedra. Ao conferir, percebeu ser o objeto um medalhão muito bonito, feito de barro, com mais ou menos meio palmo de circunferência.

Levou o medalhão para casa, limpou-o e notou que estava representada ali uma cena religiosa de grande beleza. Com traços meio simples e rústicos, mas muito eloquentes, estava a Santíssima Trindade coroando a Virgem Maria. Por serem pessoas piedosas, ficaram tomados de emoção, beijaram o medalhão sagrado e o colocaram em uma espécie de oratório improvisado, num lugar de destaque na sala da casa onde moravam.

A família, incentivada pelo casal, passou a rezar, todas as noites, diante do medalhão encontrado. Logo a notícia se espalhou e os poucos outros moradores locais passaram a rezar junto a eles, venerando a Santíssima Trindade.

Em 1848, foi construída a primeira igreja para abriga o precioso medalhão. Primeiramente coberta de folha de buriti, a capela foi sendo ampliada para receber os fiéis que acorriam ao local em número cada vez maior.

Em 1876, foi construída, às margens do Córrego barro Preto, uma terceira capela. O primeiro Santuário do Divino Pai Eterno, hoje conhecido como Santuário Velho. Atualmente tornou-se Igreja Matriz de Trindade, está no centro da grande cidade que se formou ao seu redor.

Para melhor venerar a imagenzinha, Constantino foi à cidade de Pirenópolis (GO) e procurou Veiga Valle, famoso artista plástico, autor de imagens sacras, pedindo que retocasse o medalhão.

Veiga Valle preferiu fazer uma outra imagem em tamanho maior, em madeira policromada, como era seu estilo. Constantino não tinha dinheiro suficiente para pagar por aquele trabalho, então deu o dinheiro que possuía e seu cavalo como pagamento. Como não tinha outro meio para regressar à Vila do Barro Preto, retornou caminhando num trajeto de mais de 100 km. Foi assim a primeira grande caminhada a Trindade. Hoje, um forte costume entre católicos goianos e de outros Estados virem a pé, pelos menos os 18 quilômetros da estrada que demanda o santuário, chamada hoje Rodovia dos Romeiros.

A imagem feita por Veiga Valle retrata exatamente a cena que havia no medalhão. E hoje pode ser vista no altar todo confeccionado em madeira nobre ornamentado com filetes de ouro, no antigo Santuário, no centro da cidade. A confecção da imagem a partir do medalhão não alterou nem diminuiu a fé dos devotos, nem o número das graças e milagres recebidos.

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