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Fenômeno natural provoca incêndio subterrâneo

Em Águas Lindas de Goiás, no Entorno do Distrito Federal, um fe­nômeno raro chamou a atenção da população local. Conhecido como “incêndio de turfas”, ele consiste na combustão lenta e degradante de uma densa e compacta camada no subsolo, muito rica em matéria orgânica. Os bombeiros isolaram o local, marcado pelo cheiro e ca­lor fortes, além da grande quanti­dade de fumaça que brota do chão.

A turfa é um tipo de material or­gânico parcialmente decomposto, e é encontrado em camadas, geral­mente em regiões pantanosas ou simplesmente em grandes valas do solo preenchidas com esse tipo de composto. No caso de Águas Lin­das, o local já foi um pântano an­teriormente e as folhas e animais mortos formaram uma espessa ca­mada de matéria orgânica. “Com o passar do tempo, essa camada foi soterrada e a vegetação cres­ceu por cima. Como o solo é bem fofo, o oxigênio não encontrou di­ficuldade em penetrar e encontrar a tal camada de turfa”, explica o bió­logo Cássio Martins.

O oxigênio é o principal gás combustível para o fogo em con­dições naturais, e por sua natureza altamente inflamável, unido às al­tas temperaturas provocadas pela decomposição da matéria orgâni­ca na camada orgânica do subsolo, o fogo se iniciou ali mesmo, embai­xo do chão. “Eu nunca tive a opor­tunidade de presenciar um acon­tecimento como esse, justamente por ser muito raro. Estamos apro­veitando a oportunidade para es­tudar e entender melhor o que está passando no subsolo nesse mo­mento”, explica a geóloga Maria Lu­crécia Ramos.

Outras ocorrências semelhan­tes já aconteceram no Brasil, como em Serra, no Espírito Santo. Em abril deste ano, a cidade foi tomada pela fumaça e pelo mau cheiro pro­vocado, que se assemelha à quei­ma de lixo num aterro sanitário. Em 2014, no Rio de Janeiro, na zona ru­ral de Rio das Ostras, ocorrência semelhante aconteceu, também causando transtornos em relação à fumaça e odor desagradável em outras quatro cidades próximas.

“Duas vacas que passavam pelo lugar atolaram e não conseguiram sair do lugar. O calor forte acabou por matá-las, mas já isolamos o lo­cal para que nenhum morador de­satento venha a passar por aqui e não tenha um destino semelhan­te ao dos pobres animais”, informa o Tenente Elton Voltera, do Cor­po de Bombeiros de Águas Lindas.

Há mais de dois meses que o fogo não dá trégua, e a densa fu­maça, tão característica desse fe­nômeno é justificada pela queima incompleta da matéria orgânica. Ainda não se sabe por quanto tem­po o incêndio continuará, porque depende da espessura da cama­da da turfa e sua extensão em área.

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