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Cresce a insegurança na zona rural

Faz muito tempo que a inse­gurança pública tirou o sossego do campo e não dá trégua o ano inteiro. Mas os relatos de roubos e furtos a propriedades rurais se intensificam nessa época de safra agrícola. É que os ladrões apro­veitam a maior circulação de in­sumos para as lavouras e o arma­zenamento desses produtos nas próprias fazendas. Em muitos ca­sos, os prejuízos financeiros dos produtores rurais chegam à casa dos milhões de reais.

Normalmente, as quadrilhas são especializadas, agem à noite ou de madrugada, muitas vezes com violência. Bem preparadas, utilizam tratores e até caminhões com guindastes para movimen­tar cargas pesadas. E cada pro­duto roubado tem destino certo. “Na maioria das vezes, são produ­tos consumidos rapidamente ou repassados. Máquinas agrícolas são levadas para outras regiões, automóveis são desmontados”, explica o presidente da Associa­ção dos Produtores de Soja e Mi­lho de Goiás (Aprosoja-GO), Bar­tolomeu Braz Pereira.

“Esse crime organizado está muito à frente da nossa seguran­ça pública. É uma situação difícil que a gente vive, não só no cam­po, mas na cidade também, por isso o poder público tem que fa­zer o seu papel, que é dar segu­rança à população”, critica.

De janeiro a novembro des­te ano, a Secretaria de Segurança Pública de Goiás registrou 5.270 ocorrências de roubos e furtos na zona rural, incluindo defensivos, máquinas agrícolas e animais. No mês de outubro, o produtor Vol­neimar Lacerda entrou duas ve­zes para a estatística do governo.

Na mesma semana foram fur­tadas duas propriedades onde ele planta grãos no município de Buriti Alegre, região Sul do Esta­do. Agindo de madrugada, os cri­minosos levaram 41 toneladas de adubo de cada fazenda, um pre­juízo total de R$ 150 mil.

No momento de procurar as­sistência da polícia, Volneimar vi­venciou uma situação bastante comum em Goiás, principalmen­te nas cidades menores. Ele levou quase uma semana para registrar o primeiro boletim de ocorrência.

“As informações que nós tive­mos por parte do delegado regio­nal é que o efetivo é muito pouco pra atender tantos municípios. Como estamos em um municí­pio considerado pequeno [Buriti Alegre], nós não temos efetivo da polícia. Então, o pessoal atende por Itumbiara, que é onde tem uma regional”, conta o produ­tor. “Precisa ter mais concursos pra ter mais agentes trabalhan­do. Se não houver investimento por parte do governo, não tem como melhorar nada não.”

Na opinião de Volneimar, exis­tem até experiências positivas, mas que precisam ser implemen­tadas em todo o Estado. Ele cita um caso de Rio Verde, onde um trator foi recuperado menos de seis horas após o roubo, graças ao trabalho da patrulha rural in­tegrada à comunidade.

PROJETO DE LEI

Enquanto o orçamento da Segurança Pública for insufi­ciente para realmente oferecer segurança à população urba­na e rural, a Aprosoja-GO apro­va o projeto de lei que permite ao produtor rural ter a posse de arma de fogo em sua proprieda­de. “Nós apoiamos essa iniciati­va porque vivemos essa situação [de criminalidade] atualmente, não conseguimos ter uma se­gurança adequada. Então é ne­cessário que a propriedade rural tenha armas para o produtor se proteger de bandidos.”

A proposta do senador goiano Wilder Morais autoriza a compra de armas de fogo por produtores com mais de 21 anos de idade. Para isso, seria preciso atender alguns requisitos como residir na proprie­dade rural e apresentar atestado de bons antecedentes criminais.

No final de novembro, esse pro­jeto de lei foi aprovado pela Comis­são de Constituição e Justiça do Senado. Se não for apresentado re­curso para votação pelo plenário, o texto segue direto para a Câma­ra dos Deputados. [Com auxílio de Laura de Paula/Aprosoja-GO]

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