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Pesquisa aponta que 70% acredita ser possível governar sem corrupção

A corrupção tem permane­cido no centro do debate nacional dos últimos anos. Em paralelo à crise econômica que se abateu ao Brasil desde o início de 2015, as notícias têm trazido aos lares cenas impactantes de per­sonalidades públicas conduzidas coercitivamente por integrantes da Polícia Federal bem como malas de dinheiro associadas a agentes políticos. Cabe então, no presen­te cenário, o seguinte questiona­mento que, de certa forma, já par­ticipa do repertório nacional cerca ao tema: é a corrupção inerente à atividade política brasileira?

Dada a relevância do assunto, em novembro de 2017, foi retoma­da a corrupção como tema do mo­nitoramento político, econômico e social ao levantamento Pulso Brasil, realizado pelo Instituto Ipsos. Dos resultados, pode-se concluir que o brasileiro se mostra, na sua maio­ria, intolerante à corrupção. A rela­ção mais notável entre intolerância à corrupção é com o grau de instru­ção: quanto mais instruído o grupo pesquisado, menor os percentuais que indicam tolerância.

A primeira questão levanta­da pela pesquisa começa com a famigerada máxima “rouba mas faz”. Com isso, 23% dos entrevis­tados acreditam que “o que real­mente vale são os políticos e par­tidos que roubam mas fazem”. Os que discordam, chegam à marca de 73%, e os outros 4% não soube­ram ou não quiseram responder.

Outras afirmativas avaliadas pe­los entrevistados foram se “a cor­rupção no Brasil é culpa do povo que elege políticos corruptos” e “eu acredito que é possível gover­nar sem corrupção”. 55% concor­dam e 42% discordam da primei­ra afirmação, e 70% acreditam que é possível desvincular a política da governabilidade. Os 26%, mais pes­simistas, acham que para governar é preciso ser corrupto, pelo menos em algum momento, e 4% não sou­beram ou não quiseram responder.

Os entrevistados cujo nível de instrução acadêmica é mais bai­xa apresentam uma visão mais pessimista e permissiva em rela­ção à corrupção. 26% dos indi­víduos analfabetos, com ensino fundamental incompleto e ensi­no fundamental completo acredi­tam que “o que realmente vale são políticos e partidos que roubam mas fazem”, enquanto somente 15% dos que concluíram o ensi­no médio ou possuem nível su­perior acreditam nessa afirmativa.

Quando o assunto é governar sem corrupção, 75% dos entre­vistados com nível médio ou su­perior acreditam que uma não é inerente à outra, e 24% dos entre­vistados analfabetos, com nível fundamental incompleto e com­pleto, discordam desse ponto de vista. A idade é outra condicionan­te, os gráficos que demonstram a relação entre governabilidade e corrupção, avaliam que à medi­da que os entrevistados são mais velhos, ficam mais otimistas e in­tolerantes em relação à corrupção no Estado. Os entrevistados mais jovens, de 16 a 44 anos têm uma média de 68% de respostas a fa­vor da governabilidade sem cor­rupção, enquanto aqueles de 45 a 60 anos de idade ou mais pos­suem uma média de 73%.

Agora, em comparação com o ano passado, as opiniões se torna­ram mais pessimistas e mais per­missivas em relação à corrupção no Estado num aspecto, e exata­mente o contrário em outro. Em abril de 2016, 69% discordavam da ideia de que “o que realmente vale são políticos e partidos que roubam mas fazem”, e 25% con­cordavam com a máxima, en­quanto a resposta dos entrevis­tados de novembro deste ano foi 73% e 23%, respectivamente. Já em relação à afirmação “eu acre­dito que é possível governar sem corrupção”, 70% dos entrevistados no mês passado concordaram, e os de abril do ano passado foram 83%. 13% discordavam dessa afir­mação, no ano passado, enquan­to os entrevistados de novembro deste ano subiu para 26%. Os en­trevistados também se apresenta­ram menos indecisos, em todos os aspectos, se comparados com os números do ano passado.

FIM DA CORRUPÇÃO

Se por um lado, a abrangência e a extensão do problema da corrup­ção influenciam as atitudes nacio­nais sobre o tema, o próprio debate possui o enfoque visto como mais necessário ou relevante. Quando perguntados sobre a quantidade de vezes que ouvem discussões para eliminar a corrupção, 51% acredi­tam que “como acabar com a cor­rupção” é menos discutido na so­ciedade brasileira do que se deveria.

Os resultados apontam para a necessidade da evolução do tópi­co na agenda pública. Que mes­mo que haja alguma percepção de saturação de discussão acerca de “corrupção” em si entre o pú­blico em geral, existe a demanda para que outras camadas relevan­tes do mesmo tema sejam explora­das, especialmente esta que trata da solução do problema. Contu­do, 40% dos entrevistados consi­deram que as causas da corrup­ção são menos discutidas do que se deveria, e a corrupção, em si, 32% acreditam que é menos dis­cutida do que se deveria.

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