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Os brasileiros viciados em comprar

Quando a compulsão por comprar se apresenta de forma severa, ela se torna uma doença psicológica cha­mada oniomania. O transtorno, caracterizado pelo descontrole dos impulsos, atinge cerca de 3% da população. Os portadores da oniomania, também conhecidos como shopaholics ou consumi­dores compulsivos, frequente­mente não conseguem resistir à tentação de comprar. Chegam a não pagar contas essenciais para gastar com supérfluos. A gratifi­cação e a satisfação obtidas atra­vés da compra não os permitem avaliar a possibilidade de futu­ros prejuízos.

Segundo dados da Organização Mundial da Saúde, cerca de 8% da população mundial sofre de onio­mania. No entanto, é muito co­mum as pessoas terem a compul­são e não admitirem o vício.

Entre os comportamentos mais comuns dos shopaholics estão esconder as compras da fa­mília ou do parceiro; mentir sobre a quantidade verdadeira de di­nheiro gasto em compras; gastar em resposta a sentimentos negati­vos como depressão ou tédio; sen­tir euforia ou ansiedade durante a realização das compras; cul­pa, vergonha ou auto-deprecia­ção como resultado das compras; se dedicar muito tempo fazendo “malabarismos” com as contas ou com as dívidas para acomodar os gastos; além de uma atração in­controlável por cartões de crédi­tos e cheques especiais.

Uma pessoa só é considerada um consumidor compulsivo se é incapaz de controlar o desejo de comprar e quando os gastos fre­quentes e excessivos interferem de modo importante em vários aspectos de sua vida. Antes de co­meter o ato do qual não tem con­trole, é comum que o consumidor compulsivo apresente ansiedade e/ou excitação. Já durante a exe­cução do ato, experimenta sen­sações de prazer e gratificação. E quando, por algum motivo, são impedidos de comprar, os pacien­tes costumam relatar sensações como angústia, frustração e irrita­bilidade. A maioria apresenta cul­pa, vergonha ou algum tipo de re­morso ao término do ato.

As compras compulsivas po­dem levar a sérios problemas psi­cológicos, ocupacionais, finan­ceiros e familiares que incluem a depressão, enormes dívidas e graves problemas nas relações amorosas. Vários estudos revela­ram que a idade e a situação eco­nômica são os principais fatores de risco para o desenvolvimento desse transtorno. Os investigado­res descobriram um percentual mais elevado em jovens que ga­nham menos em relação aos in­divíduos mais velhos e em me­lhor situação econômica.

O comprador compulsivo con­some pelo prazer de consumir e não pela real necessidade do ob­jeto, e compra mais produtos rela­cionados à aparência como roupas da moda, sapatos, jóias e relógios. O descontrole é sem limites. Po­demos traçar um paralelo entre as compulsões por compras e as de­pendências químicas.

Em ambas, há perda de contro­le e o paciente se expõe a situações danosas para si e também para os outros. Assim como em alguns ca­sos os dependentes químicos rou­bam para custear seus vícios, o compulsivo também pode se uti­lizar de meios ilegais para conti­nuar comprando.

Compras compulsivas po­dem ser encontradas com mui­ta frequência na fase maníaca do transtorno bipolar de humor, de exaltação do humor, quan­do existem sentimentos inten­sos de alegria e otimismo, as­sociados à falta de capacidade para julgar com clareza as con­sequências dos atos cometidos; e também podem ser encontradas em portadores do transtorno ob­sessivo compulsivo (TOC), prin­cipalmente em pacientes com compulsões de colecionismo.

Embora a compulsão por compras possa estar relaciona­da a outros transtornos, alguns fatores presentes no dia a dia são facilitadores da compra descon­trolada. Produtos à venda pela internet, canais de venda na te­levisão ou grandes promoções de queima de estoque são um grande perigo.

O tratamento do transtorno de compras compulsivas geralmen­te é feito com aconselhamento sobre compras, terapia cognitivo comportamental e medicamen­tos, caso seja diagnosticada uma outra condição psiquiátrica como a ansiedade ou a depressão.

O objetivo do tratamento não é a abstinência completa do ato de comprar, mas o controle do comportamento, que em situa­ções normais obedece à seguin­te sequência de etapas: avaliação da necessidade; avaliação das possibilidades; pesquisa de pre­ços e condições de pagamento; consulta a terceiros; negociação; deliberação; comprar o que foi programado. Quando adequa­damente tratado, o prognóstico costuma ser favorável.

SAIBA MAIS

Caso você observe alguns desses sinais em seu comportamento ou em alguém de seu relacionamento, procure ajuda. A oniomania tem cura.

Quando está triste ou frustrado sempre busca comprar algo;

  • Tem preocupação excessiva em comprar. A dívida é contraída para satisfazer impulso;
  • Acaba sempre gastando mais dinheiro e mais tempo do que o planejado;
  • Tem problemas familiares e desgaste em suas relações sociais por conta dos gastos excessivos;
  • Tem dívidas que superam o valor que pode pagar;
  • Sempre está procurando maneiras de conseguir dinheiro para cobrir o rombo da conta bancária;
  • Compra itens desnecessários ou em quantidades exageradas;
  • Sempre se arrepende logo após as compras e sente-se frustrado com isto;
  • Toma empréstimo para cobrir os gastos;
  • Mente, omite e esconde as compras excessivas e também as dívidas.

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