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Bloqueios em rodovias goianas chegam ao fim

Todos os 52 pontos de blo­queios em rodovias goia­nas foram liberados pelas forças policiais. O anúncio foi feito quarta-feira, pelo governador José Eliton e o secretário de Seguran­ça Pública, Irapuan Costa Júnior. “Goiás trabalha com afinco desde o início da paralisação para mini­mizar os impactos do movimento à população”, afirmou o governador.

Além da liberação das rodovias, uma operação coordenada pela Polícia Militar, Exército Brasileiro e Polícia Rodoviária Federal resultou em 368 escoltas em todo o Estado. Mais de 420 caminhões com car­gas de combustível, medicamen­tos, animais vivos, gás de cozinha e alimentos foram acompanhados pelas forças policiais.

As ações tiveram início na úl­tima segunda-feira, após decisão do Gabinete de Monitoramen­to da Paralisação do Transporte Rodoviário de Cargas (GMPTC), coordenado pela Secretaria de Se­gurança Pública (SSP).

Duas linhas telefônicas foram disponibilizadas para que em­presas e motoristas solicitassem as escoltas e denunciassem cri­mes relacionados à mobilização, como bloqueios, comércio ilegal de produtos e furtos e roubos de cargas. “O trabalho foi feito de acordo com a necessidade de cada região”, explicou Irapuan Costa Júnior.

Os desbloqueios das rodovias estaduais foram coordenados pelo comandante de Policiamento Ro­doviário, coronel Márcio Vicen­te da Silva, com apoio do coman­dante do 2º Comando Regional da Polícia Militar. Também participa­ram das ações tropas do Coman­do de Missões Especiais (Choque, GRAer, Bope e Cavalaria).

O gabinete instalado pelo Go­verno de Goiás continuará com as ações de monitoramento de saúde, abastecimento e de divi­sas nos próximos dias. Caso ne­cessário, solicitações de escoltas ainda podem ser feitas pelo tele­fone (62) 3201-6101, pelo e-mail [email protected] ou nos comandos regionais da PM. O disque denúncia também continua em funcionamento por meio do número (62) 3201-2052.

DEFESA DO CONSUMIDOR

O Procon-Goiás realizou di­versas ações de fiscalização des­de o início do movimento. Todas as denúncias de preços abusivos de produtos e serviços estão sen­do apuradas.

Somente em Goiânia, o órgão fiscalizou 183 postos de com­bustível. Foram registradas 18 denúncias de prática abusiva na venda de gás de cozinha. Dois estabelecimentos foram autua­dos por terem comercializado o produto por R$ 150. As ações de fiscalização também terão con­tinuidade nos próximos dias. Consumidores podem denun­ciar irregularidades pelo dis­que denúncia 151 ou pelo tele­fone (62) 3201-7124.

O trabalho foi feito de acordo com a necessidade de cada região” Irapuan Costa Júnior, secretário de segurança pública     Goiás trabalha com afinco desde o início da paralisação para minimizar os impactos do movimento à população” José Eliton, governador de Goiás

Estimados em mais R$ 500 milhões prejuízos com bloqueio de estradas

A greve dos caminhoneiros, que durou mais de semana, an­tes apoiada ou vista com simpatia por diferentes setores da socieda­de, apresenta o balanço dos pre­juízos. O desabastecimento e a in­sistência dos grevistas em manter a paralisação, apesar de acordos fir­mados por suas lideranças com o governo, fez com que muitos sentis­sem na pele ou no bolso o impacto. O abastecimento tende a demorar mais uns dez dias para se norma­lizar na Ceasa-Goiás, situada no eixo Goiânia-Anápolis. Os preços de vários produtos, principalmen­te de verduras e legumes, estão pe­los “olhos da cara” nos supermer­cados locais e do interior do Estado.

A Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg) e o Ins­tituto para o Fortalecimento da Agropecuária de Goiás (Ifag) esti­mam em mais de R$ 500 milhões os prejuízos para os produtores ru­rais com os nove dias de bloqueio nas estradas devido à paralisação dos caminhoneiros. Este valor é referente às perdas de Valor Bru­to da Produção (VBP), que mede a estimativa de faturamento bruto na produção “dentro da porteira”.

“Entre as principais cadeias produtivas rurais afetadas pela paralisação, destacam-se as ativi­dades ligadas a produção de leite, carnes (aves, suínos, gado e pei­xes), cana-de-açúcar e hortifruti­granjeiros”, aponta o diretor execu­tivo do Ifag, Edson Novaes.

No caso da cana-de-açúcar, Goiás possui, atualmente, 36 usi­nas de processamento, das quais 25 não estão operando. São cerca de 600 colhedeiras no campo em todas as regiões produtoras do es­tado, além de tratores e caminhões para o transporte que necessitam de diesel para operarem. Lembran­do que a colheita da cana ocorre em três turnos, 24 horas por dia. Duran­te o período de paralisação, foram pelo menos 250 mil toneladas de cana deixadas de ser colhidas dia­riamente, que se transformariam em 9,6 milhões de litros de etanol e 1,9 mil toneladas de açúcar.

Em relação aos hortifrútis, de acordo com a Central Estadual de Abastecimento (Ceasa-GO) são comercializados diariamente cer­ca de 4,7 mil toneladas de hortali­ças e frutas. Com as paralisações este volume registrou redução de 60%, motivada principalmente pela falta de produtos oriundos de outros estados. Além do desa­bastecimento de alguns produtos, os impactos também foram senti­dos nos preços, como no caso da batata lisa que registrou aumento de 366% na última semana.

Na pecuária, os impactos mais graves ocorreram na produção de leite, em função da impossibilida­de de transportar o leite das pro­priedades rurais aos centros con­sumidores. Dos 8 milhões de litros produzidos diariamente, cerca de 7 milhões foram descartados nas propriedades pela não coleta. A estimativa é que as perdas no fatu­ramento bruto do setor cheguem a até R$ 100 milhões.

No caso das cadeias de carne do estado, os maiores impactos foram gerados em função do re­tardamento dos abates previstos para o período, uma vez que se­gundo o Sindicato das Indústrias de Carnes e Derivados do Estado de Goiás (Sindicarne), 18 plantas frigoríficas estão paradas, impe­dindo o abate de mais de 35 mil cabeças/dia, que geram elevação de custos e atrapalham o adequa­do planejamento operacional das propriedades e indústrias. Sem contar nos impactos aos setores de avicultura e suinocultura, com mortandade de aves e com aves e suínos sem ração.

Para os grãos, os maiores impac­tos foram sentidos no ritmo de co­mercialização, com novos negócios travados em função da impossibi­lidade de transporte interno com destino as indústrias e aos portos.

POSICIONAMENTO

A Faeg sempre apoiou movi­mentos e realizou ações objetivan­do reduzir os altos custos e a carga tributária excessiva que assola não somente o setor produtivo rural, mas a toda a sociedade brasilei­ra. E assim foi com o movimento dos caminhoneiros, apoiado ini­cialmente por entender como le­gítimo e justo.

No entanto, a continuidade do movimento está sendo danoso e prejudicial a todos os goianos e brasileiros. Que a continuar, a mé­dio e longo prazo, ocorrerá uma si­tuação de desestruturação de to­dos os setores produtivos e de toda a economia brasileira.

Em função do atendimento das demandas solicitadas pelos cami­nhoneiros por parte do Governo Federal, a Faeg acredita que o mo­mento agora é de retomada nas atividades, evitando o aprofunda­mento dos prejuízos das atividades produtivas e um possível caos social gerado pela falta de abastecimento.

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