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Mercado ainda paralisado

  •  Produtores aguardam chegada dos insumos básicos para a retomada dos abates

Depois de mais de dez dias consecutivos da greve dos ca­minhoneiros, os setores bási­cos da cadeia de bovinos, aves, ovos e suínos contabilizam os prejuízos. E, o pior, a normaliza­ção dos elos da cadeia não será de um dia para o outro. O resta­belecimento exige uma série de providências. O feriado empur­rou os criadores para as fazen­das na tentativa de praticarem ações para a arrumação da casa.

Nas cidades interioranas nem todos os postos de combustíveis podem abastecer os veículos. Ora, há falta de etanol, gasolina. Nou­tro, existe gasolina e diesel, mas não etanol. O Sindiposto infor­ma que a normalização pode de­mandar mais uma semana. Em Jataí, no sudoeste goiano, o abas­tecimento estava difícil ontem, a exemplo de Itumbiara. Um mo­torista chegou a observar: “a coi­sa tá feia”. O Procon estava anun­ciando multas pesadas em razão dos preços abusivos. Em Rio Ver­de, teve posto interditado.

Em função do fim da greve dos caminhoneiros, as indústrias começam a escoar a carne que estava retida nas câmaras frias, ainda que lentamente, mas mos­tra que o mercado está voltando a funcionar. Até ontem o volume de negócios fechados ainda era pouco expressivo. Diante disso as referências permanecem es­tagnadas desde o último dia 23. Entretanto, pode-se observar in­dústrias programando a logísti­ca para o retorno dos abates, é o que observa a Scot Consultoria.

Para que haja retorno expres­sivo das compras, é preciso que as indústrias primeiro liberem a carne represada e também que ocorra a chegada dos insumos básicos para a retomada dos aba­tes, como embalagem, por exem­plo. Além disso, é necessário a regularização dos processos bu­rocráticos para o transporte dos bovinos e, em função do feriado, provavelmente as indústrias de­vem voltar com maior intensida­de às compras apenas na próxi­ma segunda-feira, conclui a Scot.

MERCADO PARALISADO

O mercado de boi gordo, que já registrava fraco ritmo de ne­gócios nas primeiras semanas de maio, está paralisado diante do atual cenário. O Cepea prati­camente não registrou negócios envolvendo boi gordo e bezer­ro em algumas praças, o que fez com que muitas ficassem sem indicações de preços em alguns dias. De um lado, pecuaristas têm deixado os animais no pasto, na tentativa de reduzir a neces­sidade do uso de suplementos.

Muitas indústrias de ração es­tão sem matéria-prima para pro­cessamento e, no caso das que têm derivados estocados, a di­ficuldade está na distribuição. Esse cenário pode resultar em menor produtividade. De outro lado, no frigorífico, novas cargas de animais não chegam e, mes­mo onde houve abate no correr da semana, a impossibilidade de distribuição da carne fez com que a indústria interrompesse as atividades nesta semana.

Segundo pesquisadores do Cepea, a greve dos caminhonei­ros tem trazido incertezas, visto que a suinocultura é um dos se­tores que mais tem sentido os efeitos da paralisação. Os efei­tos disso podem, inclusive, ser estendidos para o médio pra­zo, refletindo em queda na pro­dução e, conseqüentemente, na oferta de carne suína.

Nas indústrias, frigoríficos têm dificuldades para escoar as carnes ao setor varejista. Nas granjas, suinocultores não con­seguem enviar o animal pronto para o abate à indústria. Além disso, sem receber a ração, a ali­mentação dos suínos está sen­do prejudicada. De acordo com informações do Cepea, os des­compassos causados pela greve resultaram em baixo volume de negócios, com apenas efetiva­ções pontuais nesta semana e a preços mais elevados.

SETOR DE AVES E OVOS

A paralisação dos caminho­neiros prejudica significativa­mente a avicultura de postura. Com o bloqueio de muitas ro­dovias, produtores de ovos con­sultados pelo Cepea não têm re­cebido os principais insumos utilizados para o andamento das atividades, como ração e embalagens, e não têm conse­guido escoar a mercadoria.

Os prejuízos acumulados ao longo desses dias de greve po­dem, inclusive, ter seus reflexos estendidos para o médio prazo. Isso porque a falta de ração nas granjas levou à perda de poe­deiras, o que tende a reduzir a oferta de ovos nos próximos ci­clos de produção – novos lotes de pintainhas levariam cerca de 20 semanas para começar a bo­tar ovos comerciais. Vale ressaltar que, antes da paralisação, o setor já vinha adotando medidas para controlar a oferta de ovos.

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