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Brasil quer vencer guerra comercial EUA-China

A discussão sobre os impac­tos para o agronegócio brasileiro de um mundo marcado por uma guerra comer­cial entre Estados Unidos e Chi­na, que tem deslocado o pêndulo geopolítico para a Ásia, a necessi­dade de valorização da OMC (Or­ganização Mundial do Comércio) e do multilateralismo e a discus­são das novas fontes de financia­mentos para o agro, além de uma análise do que é prioritário e ur­gente em relação aos debates das próximas eleições. Esses foram os principais tópicos debatidos du­rante o Congresso Brasileiro do Agronegócio, recém promovido, em São Paulo, pela Abag (Asso­ciação Brasileira do Agronegócio e B3 – Brasil Bolsa Balcão) e que reuniu 870 participantes.

A questão do cenário externo apontada por Carvalho foi deta­lhada na palestra Geopolítica e Mercado Internacional: Impactos para o Brasil, na qual o embaixa­dor brasileiro em Washington, Ser­gio Amaral pontuou que o agrone­gócio brasileiro tem dois desafios nos próximos anos. A seu ver, em curto prazo será necessário am­pliar e manter a produtividade, em médio prazo, o setor vai ne­cessitar dar um salto em termos de internacionalização, exportando não apenas alimentos, mas tam­bém tecnologia e serviços.

Ambos os desafios, de acordo com o embaixador, terão de ser enfrentados dentro de um cená­rio onde predomina uma guerra comercial entre Estados Unidos e China. “Não somos alvo, mas so­fremos as conseqüências de for­ma indireta”, disse, acrescentando que nem tudo pode ser negativo. “Se os chineses impuserem san­ções, por exemplo, na exportação da soja americana, eles (chine­ses) vão precisar de outros merca­dos para suprimir a demanda e o Brasil pode ser beneficiado, jun­tamente com a Argentina, assim como se a China fechar um acor­do com os Estados Unidos, pode ser que percamos um mercado importante”, analisou.

A questão americana, aliás, tam­bém pode ser uma oportunidade para o Brasil porque, segundo Ama­ral, o país havia perdido o trem das relações comerciais internacionais em governos anteriores. “Em de­corrência da política adotada pelo governo Trump, o trem parou e nosso país, agora, tem a oportuni­dade de embarcar neste trem, por meio do Itamaraty, que reiniciou a negociação por acordos com di­versos blocos e países”, ponderou.

Nesse sentido, o ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nu­nes, comentou, durante a abertura do evento, que a agenda de nego­ciações do Itamaraty engloba acor­dos com o Japão, Canadá, Coreia do Sul e com os países da Alian­ça do Pacífico, além de estar revi­talizando os acordos comerciais do Mercosul. Nunes ainda desta­cou dois pontos relacionados ao agronegócio: a luta contra as bar­reiras sanitárias e fitossanitárias e que em termos de sustentabilida­de o Brasil é uma referência e não precisa receber lição de nenhum país. “Há ainda muita coisa a ser feita, mas nossa produção agrícola preserva mais de 60% da cobertura vegetal, original, inclusive”, disse.

ISOLAMENTO

Em sua apresentação na aber­tura do evento, o presidente da Abag, Luiz Carlos Corrêa Carvalho fez questão de salientar a impor­tância de o país não se isolar num cenário mundial marcado por um aumento de medidas protecionis­tas. “Nesse sentido, para o Brasil e para o Mercosul, o fortalecimento da OMC (Organização Mundial do Comércio) é fundamental. Para se ter uma ideia, segundo a própria OMC, uma guerra comercial po­deria fazer recuar o PIB global em mais de dois pontos percentuais”, afirmou Carvalho.

Em sua saudação inicial, o pre­sidente da B3, Gilson Finkelsztain, afirmou que, para o país atender as expectativas mundiais em ter­mos de produção e exportação, será necessário diversificar a bus­ca por recursos. “Nesse aspecto, a área de mercado de capitais bra­sileiro teve grande evolução nos últimos anos. O melhor exemplo disso foi a consolidação dos Certi­ficados de Recebíveis do Agrone­gócio (CRA), afinal de contas, no ano passado eles representaram uma movimentação de R$ 30 bi­lhões, um volume que foi o dobro do ano anterior”, informou.

Felipe Paiva, diretor da B3, sa­lientou a importância da parceria firmada com a Abag. “Nossa con­clusão é a de que, juntos com a Abag, conseguimos potencializar os resultados do agronegócio em nos­so país”, afirmou. Já o presidente da Abag, Luiz Carlos Corrêa Carvalho salientou a importância dos deba­tes realizados, sobretudo em relação à nova geopolítica mundial. “Em meio a toda a problemática interna que envolve, entre outras coisas, a absurda tabela do frete, o principal ponto destacado nas discussões foi o da volta do pêndulo da geopolíti­ca mundial para a Ásia, com a Chi­na ganhando peso, cenário em que o Brasil pode se tornar mero expec­tador ou assumir de vez seu prota­gonismo mundial como um im­portante exportador de alimentos, energia e fibras”, comentou

PLANO BRASIL 2030

O evento foi palco também da di­vulgação das linhas mestras do “Pla­no de Estado – Brasil 2030 – Agro é Paz”, apresentado e organizado pelo ex-ministro da Agricultura Rober­to Rodrigues. “Nossa proposta não é apresentar um plano com suges­tões ao próximo governo, mas sim redigir um Plano de Estado, com o olhar voltado para um horizon­te mais longo: até 2030. Não se tra­ta de pedido ou demanda ao gover­no, mas sim uma ampla proposta de longo prazo”, afirmou o ex-ministro. O plano foca os seguintes eixos: Ce­nário para o agro face à demanda global para 2030; Macroeconomia Brasileira e os Desafios; Seguran­ça Jurídica; Política Agrícola; Asso­ciativismo e Cooperativismo; Com­petitividade Internacional do Agro Brasileiro: Visão Estratégica e Po­líticas Públicas; Logística: Trans­porte e Armazenagem; Inovação; Sustentabilidade e Imagem.

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