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FAB leva apoio social à Amazônia

A integração nacional, com ênfase para a Amazônia Ocidental, tem na FAB (Força Aérea Brasileira) a sua con­tribuição principal. Seus aviões com suas tripulações aproximam os brasileiros das fronteiras. Com suas ações humanitárias assistem às populações ribeirinhas. Basta lembrar que naquela região exis­te a maior bacia hidrográfica do mundo. Os rios e ribeirões se cru­zam sem barreiras até o Atlântico. A FAB, o Exército e a Marinha são guardiões da segurança nacional naquele mundo verde diferente de tudo que se vê na atual civili­zação. Se os satélites vigiam áreas estratégicas nacionais, a FAB faz­-se presente em solo no apoio ao Exército de fronteira. E na integra­ção presta ação de natureza cívico e social às populações carentes.

Atendendo a convite do capi­tão Frazão, então comandante da guarnição da Força Aérea Brasi­leira em Goiânia, percorri mais de três mil quilômetros num Douglas DC 3 de Goiânia, Base Aérea de Cachimbo, no sul do Pará, e Ma­naus, capital do Amazonas, e até Belém (PA). Nesse meio tempo, mais de 70 horas foram feitas num Catalina, avião usado na 2ª Grande Guerra pelas tropas brasileiras. Os americanos usavam esse hidroa­vião nas caças aos submarinos ale­mães. Depois do conflito mundial, esses aparelhos tiveram notável presença na integração amazônica brasileira. Nos rios Negro, Madeira, Mamoré, Solimões, entre outros, o avião descia nas águas. A tripula­ção levava aos ribeirinhos, com o apoio dos padres e freiras. Como compensação, recebia em troca as refeições quentinhas do dia.

ATENDIMENTO MÉDICO A INDÍGENAS

Mas, os trabalhos prosseguem. Desde o dia 4 de maio, a FAB está apoiando a ação da Organização Não Governamental Expedicioná­rios da Saúde. A EDS leva atendi­mento médico a indígenas que vi­vem em locais de difícil acesso na região. A equipe de médicos, enfer­meiros e logísticos foi transportada em aeronaves da FAB, de Campinas (SP) até a região de Lábrea (AM), onde – a cerca de 60 quilômetros– está localizada a Aldeia Crispim. No local, foi montado um complexo hospitalar, com apoio do Exército Brasileiro e governo local.

A pedagoga e coordenadora geral do Programa Operando na Amazônia da EDS, Marcia Abda­la, explica que a região foi esco­lhida devido à demanda reprimi­da e pela ONG nunca ter atuado na área sob responsabilidade do Distrito Sanitário Especial Indí­gena (DSEI) do Médio Rio Purus.

“Foram realizadas 256 cirur­gias até agora. Serão aproxima­damente 300 cirurgias e 3000 atendimentos nas seguintes espe­cialidades médicas: oftalmologia, clínica geral, pediatria, dermato­logia, ginecologia, odontologia e ortopedia. As principais cirurgias são cataratas e hérnias”, contabi­liza a coordenadora. Até o fim da expedição foram realizados cerca de 4000 exames e procedimentos.

ADVERSIDADES

O tenente Hilbert Harrison Pes­soa de Lima é um dos pilotos que participam da missão e destaca al­gumas das peculiaridades do traba­lho, como as condições geográficas e culturais. “A dificuldade é a pró­pria floresta e a meteorologia instá­vel. A mata é bem fechada e os locais são restritos para pouso. Além disso, cada tribo tem seu próprio idioma, sua própria cultura e nem sempre podemos colocar pessoas de tribos diferentes juntas porque pode ha­ver conflito”, explica. “Está sendo um aprendizado muito grande, cada dia uma emoção diferente”, diz o aviador.

Algumas aldeias da região só tem acesso por via fluvial e o trajeto pode levar até 10 dias e depois mais al­gumas horas de caminhada. “Por isso o transporte por helicóptero é o mais adequado, ainda mais se tratando de pacientes que passam por cirurgia”, completa o tenente Hilbert. Para a coordenadora Mar­cia, essa é a principal razão da ne­cessidade do apoio aéreo. “O apoio da FAB no transporte das equipes e pacientes é fundamental para o sucesso da Expedição”, ressalta ela.

A equipe dos Expedicionários reúne 70 voluntários. São 35 mé­dicos, três coordenadores e 12 en­fermeiros especializados em aten­dimento em centro cirúrgico e cuidados com pré e pós-operató­rio, além de farmacêuticos, enge­nheiros clínicos – para manutenção de equipamentos médicos, técni­cos, logísticos e apoiadores.

MÚLTIPLAS MISSÕES

Para quem controla o espaço aé­reo e defende a soberania nacio­nal, a missão de integrar o território brasileiro vai muito além de encur­tar distâncias num país de dimen­sões continentais. Os esquadrões de Transporte da Força Aérea Brasileira (FAB) realizam, todos os dias, mis­sões e treinamentos essenciais para uma força armada, como transporte de cargas, lançamento de pára-que­distas ou reabastecimento em vôo.

Outras missões influenciam di­retamente na vida de brasileiros e brasileiras em todas as regiões do país e envolvem também ações de luta contra o tempo para salvar vi­das. Do transporte de tropas para realizar segurança onde for neces­sário, passando por traslado de ór­gãos para transplantes e remoção de feridos para atendimento médi­co, entre tantas outras possibilida­des, a Aviação de Transporte cum­pre seu papel diante da sociedade.

Com a mobilização de milita­res e a disponibilização de aerona­ves em tempo integral, a FAB reali­za, constantemente, operações de transporte de órgãos. “O tempo é o bem mais precioso que a equipe tem ao sermos acionados. Quanto mais rápido agimos, maior a chan­ce de salvarmos uma vida”, explica o tenente aviador Hudson Negrei­ros dos Santos, do Quinto Esqua­drão de Transporte Aéreo (5°ETA).

Os acionamentos–realizados a qualquer hora do dia e da noite– ocorrem de acordo com a demanda repassada pelo Ministério da Saú­de, que coordena o Sistema Nacio­nal de Transplantes (SNT).

 Goiânia na rota

Em fevereiro, aeronaves da FAB foram acionadas três dias se­guidos. Na primeira missão, um C-95 Bandeirante partiu de Bra­sília (DF) para buscar um fígado e um coração em Goiânia (GO). Depois, um C-99 decolou com a equipe médica do aeroporto do Galeão (RJ), coletou um rim, um fígado e um coração em Boa Vista (RR), e levou os órgãos até a capi­tal federal. Dois dias depois, outro C-95 retornou para Canoas (RS) com um pulmão coletado em Na­vegantes (SC). Os seis órgãos co­letados, em apenas um fim de se­mana, foram transportados por três esquadrões diferentes.

No mesmo mês, um garoto de 12 anos recebeu o transplante de um coração transportado de Curi­tiba (PR) até o Rio de Janeiro pelo 3º Esquadrão de Transporte Aéreo (3º ETA). A tripulação decolou de  Santa Cruz (RJ), com destino ao sul do país, para buscar o órgão.

Noutra operação, o Esquadrão Onça transportou 397 kg de me­dicamentos para Campo Grande (MS). Os medicamentos foram le­vados do Rio Grande do Sul e de Goiás para serem distribuídos no Mato Grosso do Sul. Quando foi iniciada a missão de interiorização articulada entre Governo Federal, Organização das Nações Unidas (ONU), municípios e entidades da sociedade civil, a aeronave Boeing 767, do Esquadrão Corsário (2º/2º GT), transportou 527 venezuela­nos. Eles foram movimentados em três etapas para as cidades de São Paulo, Manaus e Cuiabá.

Em breve, a Aviação de Trans­porte da FAB vai contar com uma nova aeronave: o cargueiro multi­missão KC-390. As duas primeiras unidades estão confirmadas para serem entregues à Ala 2, em Aná­polis (GO). Ao todo, 28 aeronaves adquiridas pelo governo brasileiro irão compor a frota da FAB. Robus­to, moderno e de alta capacidade operacional, o KC-390 se materiali­zou a partir do conceito e ideias de pilotos e engenheiros da FAB que ansiavam por demandas acima das cumpridas pelo C-130 Hércules.

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