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O veículo da consciência

O despertar de Buddhi mar­ca o início da fase mais im­portante da evolução do ser humano, quando a alma passa a cooperar conscientemente com o crescimento interior”. A afirmação é do economista Raul Branco, um dos convidados do Grupo de Estu­dos Teosóficos (GET) Sophia, para ministrar a próxima etapa do Mó­dulo III do Curso de Introdução ao Penamento Teosófico em Goiânia, no próximo fim de semana (01 e 02/08). Segundo o estudioso, Bud­dhi, ou alma espiritual, veículo do Espírito ou tma, encontra-se geral­mente adormecido na maior parte da humanidade.

Raul Branco abordará os dife­rentes aspectos desse sexto prin­cípio, ou veículo da Consciência, suas funções e como desenvolver Buddhi. “A força de vontade, o al­truísmo e a pureza no mais alto grau são pré-requisitos para isso”, ressalta o teósofo. O motivo é que a energia de Buddhi é muito podero­sa. O desenvolvimento de Buddhi é extremamente lento e se dá, con­forme explica Raul Branco, na vida diária com seus problemas e tenta­ções, “alguns dos quais orquestra­dos por nossos instrutores”.

Raul Branco observa que além de desenvolver o corpo búdico, é preciso purificar os demais veí­culos da consciência, para que a percepção da realidade alcança­da através de Buddhi possa se in­filtrar na consciência inferior e se manifestar, como empatia, bon­dade e ternura. Ele cita Gottfried de Purucker (1874-1942), teósofo americano, para quem o princí­pio búdico “ é a intuição, o órgão do conhecimento direto, a vesti­menta da centelha divina dentro de nós, que não só conhece ins­tantaneamente a verdade, mas, também, a comunica, se de fato as barreiras não forem demasia­do densas entre ele e as nossas mentes receptivas”.

Dentre as funções do corpo bú­dico, Raul Branco, que foi profes­sor em várias universidades ame­ricanas e serviu por 12 anos na Organização das Nações Unidas (ONU), destaca a compreensão, a inteligência e o discernimento. “O discernimento, viveka em sânscri­to, permite distinguir entre o real e o irreal”. Ele fala dos perigos em se confundir intuição com instin­to. O instinto está ligado ao sub­consciente, enquanto a intuição encontra-se no supraconsciente. “Por isso, enquanto não desen­volvermos buddhi, devemos nos valer da mente”, diz.

Raul Branco destaca que o verdadeiro discípulo é humilde, não busca prestígio para sua pró­pria glorificação, característica dos ambiciosos, como em Lucas: “Mata a ambição”. “Servir ao pró­ximo é a forma mais prática para entrarmos na sintonia de Buddhi”, informa. Outro caminho, “é o da devoção”, com a entrega total e de­sapego das coisas do mundo. Os mantras também têm grande po­der, segundo o teósofo, em que o Eu Superior responde fazendo com que a luz de Buddhi venha iluminar a personalidade.

O curso de Introdução ao Pen­samento Teosófico já tratou do co­nhecimento Tradição Sabedoria, da criação e do trabalho da Sociedade Teosófica e das Leis Universais. No Módulo III, já foram apresentados os corpos físico, etérico, astral, men­tal inferior e mental superior, como veículo da consciência.

MÔNADA

O estudioso da Doutrina Secreta e das Cartas dos Mahatmas Marce­lo Luz, membro da Loja Brasília, faz sua palestra na manhã de domingo, com o objetivo de mostrar de onde surgiu o Espírito Puro, chamado de tma, em sânscrito, e também o que é a Mônada, o “Eterno Peregrino”, que percorre sua jornada de aprendiza­gem e evolução ao longo de eras.

Marcelo Luz também apresen­tará noções sobre como tma intera­ge com a Matéria, para gerar seres inteligentes, as hierarquias cons­trutoras, que arquitetam, desen­volvem, ajustam e controlam cada sistema solar, incluindo seu sol e os planetas que o circundam, além dos seres que fazem sua jornada de aprendizagem em cada planeta.

Ele falará, também, sobre a correlação que existe entre a ter­ceira proposição fundamental de A Doutrina Secreta, obra de Hele­na Blavatsky, cofundadora da So­ciedade Teosófica, com a peregri­nação obrigatória de cada alma nessa jornada. Apresenta, ainda, o conceito de Mônada, e as dife­renças entre a Mônada Pitagórica e a Mônada de Leibniz, além da cobertura externa da Mônada em cada um dos sete reinos em que ela se expressa e de como ocor­re a evolução da consciência nes­ses reinos. Marcelo Luz abordará, também, as três frentes de evolu­ção humana: a monádica ou es­piritual, a intelectual e a física.

Para a sua fala, Marcelo Luz to­mou por base obras como As Cartas dos Mahatmas para A. P. Sinnett e as obras de Blavatsky “Ísis sem Véu”, “A Doutrina Secreta”, “A Chave para a Teosofia”, “The Esoteric Papers of Madame Blavatsky”, “H. P. Blavatsky – Collected Writings” e “Textos Se­letos de Helena Blavatsky”; e, tam­bém, “Esoteric Writings of T. Subba Row”, de Subba Row.

“Esperamos motivar os parti­cipantes a desenvolver suas pró­prias pesquisas sobre temas de seu interesse, valendo-se dessas magníficas obras, que no final do século 19 representaram para a humanidade os ensinamentos dos sábios e adeptos de todos os tem­pos”, afirma Marcelo Luz.

A PALESTRA

Antes de falar de Buddhi, no sábado, a partir das 15h, o teóso­fo Raul Branco faz palestra para responder à indagação: Por que o conhecimento da verdade nos li­bertará? Como estudioso do Cris­tianismo Primitivo, o palestrante faz suas reflexões a partir de enun­ciados bíblicos, começando com Jo 8:32: Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará (Jesus). Lembra que o resultado será a li­bertação e não a salvação. Explica que salvação tem origem na no­ção de pecado, forte no cristianis­mo, e somado ao dogma de que Jesus é o salvador.

Ele observa que em Jo 10:30, Eu e o pai somos um, o Eu refe­re-se a todos da humanidade e não apenas a Jesus, que o rela­to do Jardim do Éden é alegórico e representa uma etapa da gran­de jornada da alma. Que somos unos com o Pai e que o pai não quer castigar, mas, corrigir. Para isso, há a lei de causa e efeito.

“A libertação do sofrimento re­quer nosso retorno a este mundo de sofrimento. Aqueles que se li­bertam da roda do sansara tor­nam-se Jivanmuktas e não mais geram carma pessoal, por isso é que Jesus disse que a verdade vos liberatará”, diz o teósofo.

E o que seria essa verdade? Para Raul Branco, para se conhecer a verdade, o primeiro passo é se li­bertar do passado, estar pleno no aqui e no agora. Mesmo assim, se estaria aproximando de uma ver­dade relativa, relacionada ao mun­do externo, impermanente.

Para se chegar à verdade ab­soluta, conforme acentua Raul Branco, a natureza divina em todo ser humano é o caminho. “Mas, para que a mente divina passe a governar nossas percepções sem as distorções da mente concre­ta, teremos que cultivar profunda paz, uma paz que o mundo exter­no não possa perturbar”, destaca. Uma paz só alcançada quando se se liberta do jugo do ego, “com suas artimanhas do círculo do pe­cado, culpa e medo”.

Essa libertação seria obtida na aceitação e responsabiliza­ção dos erros e enfrenta-los, com amor e carinho, pois nesse cam­po, o vilão se confunde com o he­rói, pois são o mesmo ser. Per­doar seria a atitude seguinte. Perdoar a si mesmo e aos outros. Ele lembra a citação completa: “Se permanecerdes na minha palavra, sereis verdadeiramen­te meus discípulos e conhece­reis a verdade e a verdade vos li­bertará” (Jo 8:31 e 32).

A força de vontade, o altruísmo e a pureza são pré-requisitos para o desenvolvimento de buddhi, a alma espiritual” Raul Branco

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