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COTIDIANO

Governo péssimo

Cinquenta anos depois do término do Febeapá (Festival de Besteiras que Assola o País) que a inteligência do excepcional jornalista que foi Sérgio Porto, consagrador do pseudônimo Stanislaw Ponte Preta, outro Febapá começou a estarrecer o país. É o rosário interminável e estarrecedor de vergonhosas absurdidades que caracterizam a era bolsonariana. Já antes de ter início o período de governança presidido pelo capitão Jair Bolsonaro o Brasil se estarrecia com os escândalos de um senador filho do capitão, o senhor Flávio Bolsonaro. O que já antes da posse do Bolsonaro presidente emergiam notícias dando conta de atos ilícitos do jovem membro do Senado.

Faço um parêntese para considerações sobre uma indagação que deve ocorrer na cabeça dos leitores: como se explica a eleição de Bolsonaro pai a Deputado Federal durante 28 anos sem que ele tenha em seu currículo pessoal um ato sequer em benefício da coletividade; e dos seus filhos a cargos relevantes quando não se conhece uma só realização, um só ato deles a justificar apoio eleitoral. Para quem conhece os meandros da política é sabido que eles, os Bolsonaro, contam com ocultos, misteriosos segmentos da composição do eleitorado. Um deles são os milicianos, contingente de militares ou paramilitares de ideologia fascista, totalitária, antidemocrática, golpistas históricos. Jair Bolsonaro se elegeu sete vezes Deputado Federal sem nunca ter sido autor de proposição digna de registro. Os sucessos eleitorais bolsonarianos são misteriosos.

Há poucos dias o presidente do STF, Dias Toffoli, tomou uma decisão absurdamente chocante: suspendeu as investigações sobre os fatos que envolvem o senador Bolsonaro. Essa decisão do ministro ocorreu no momento em que as provas incriminadoras de Flávio Bolsonaro cresciam de modo inegável.

O capitão presidente Jair Bolsonaro quis fazer o filho Eduardo, que é Deputado Federal, embaixador nos Estados Unidos. É claro que essa nomeação contava com o apoio de Donald Trump, pois o presidente norte-americano, obviamente, é identificado com o entreguismo do seu colega brasileiro. Tal entreguismo já no começo do período Bolsonaro ficou materializado com a doação do governo brasileiro aos Estados Unidos da famosa base de Alcântara, no Maranhão. Aliás, além desse vergonhoso ato de entreguismo do governo Bolsonaro muitos outros atos do plano entreguista veem sendo quando não perpetrados, no mínimo dados a entrever.
São infindáveis os atos de desgoverno e atentatórios aos legítimos interesses nacionais que se veem a cada dia no Brasil.

Numa entrevista que deu logo no começo do seu governo o capitão Jair Bolsonaro fez uma ameaça característica de sua formação totalitária, contra a Folha de São Paulo, um dos mais respeitáveis órgãos da imprensa brasileira. Contrariado com a independência do jornal o presidente formulou esta ameaça: “esse jornal vai ver comigo”. E imediatamente deu início a execrável perseguição contra o matutino paulista. Este não se intimidou e vem mantendo admirável linha de independência.

Há poucos dias a mentalidade ditatorial que infelicita a política brasileira se voltou contra a Rede Globo de televisão. Bastou a emissora divulgar notícias contrariadoras dos interesses do atual situacionismo brasileiro, para que a irá bolsonariana adotasse uma ação prática de perseguição contra ela. Ao mesmo tempo o governo Bolsonaro abriu as torneiras do dinheiro público em favor de duas redes de televisão que o apoiam sistematicamente.
Este o Brasil de hoje.

Eurico Barbosa é escritor, membro da AGL e da Associação Nacional de Escritores, advogado, jornalista e escreve neste jornal à sextas-feira.

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