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COTIDIANO

Circo reanima a civilização

A história do circo remonta ao começo das civilizações antigas. Em Roma, o Circus Máximo atraía milhares de pessoas através das cenas de bravura e humor seis séculos antes desta era.

Uma das primeiras manifestações da união de dois estados de espírito mundanos - a coragem e a malícia -, a arte circense sobrevive diante da desterritorialização, infovias digitais e pixelizações crescentes das emoções.
A bravura indômita persegue os homens que se reúnem em circunferência e nos “vendem” aventuras numa era transmídia.

Dinossauros caminham pelas cadeiras do público

Sua maior arte hoje é justamente sobreviver, tal qual o Circo Khronos, em cartaz até o final do mês no estacionamento do Cerrado Shopping, no setor Aeroviário, região de Campinas.

Ele sobrevive e atrai centenas de pessoas para ver variações sobre o mesmo tema. Ao ver o mágico Lucas Rangel, percebe-se que o laser se encontra com o artifício: ele entra em uma caixa e, preso, se solta e do outro lado surge numa moto estradeira todo esfuziante.

A mística é de que ele seja um “mágico de Las Vegas”. Mas mesmo que não seja, eis a mí (s) tica: a economia de movimentos, silepses de gestos e, por fim, a revelação da magia. É um artista de alto nível.

Manjado Globo da Morte sempre funciona: mística da coragem

No palco, o mágico funde tecnologia e tradição – dando a cada um dos presentes, a maioria crianças, o prazer da descoberta de uma arte milenar.

Do grupo dos corajosos, Beatriz Medeiros faz com o corpo o balé, dobrando articulações, desenhando cenas no céu. Encarna em vida os jogos de plataforma que nos acostumamos com Mário, Sonic e Uncharted.

Ainda no grupo dos corajosos, gladiadores do Globo da Morte se esfuziam no ronco dos motores de duas rodas e retas insólitas. Uma vírgula incorreta naquela matemática e a vida pode estar em risco. Afinal, tudo como sempre [de fato] foi no circo moderno.

Na sociologia do circo, os palhaços são os responsáveis pela sociabilidade: interagem com o público, o coloca para tocar instrumentos imaginários no palco.

O grande final é a reciclagem do lixo da indústria cultural: dinossauros e o King Kong, o mesmo que migrou da literatura para o cinema e depois games, rapta uma garota loira e a leva para cima, numa deliciosa mágica, um quiasma ótico. Contar mais do que isso é dar spoiler. E nunca uma arte foi tão protegida em sua narrativa, justamente por garantir simples diversão. E surpreender com a capacidade de inovar a cada ano. Afinal, sobreviver é a grande arte.

As apresentações ocorrem de terça a sexta, com sessão única às 20h30. Cada espetáculo tem duração de 1h30. Os preços são populares. Vale até mais do que cobram. É uma questão de integridade moral prestigiar tantos artistas que se dobram, se multiplicam, se esforçam para nos fazer mais humanos.

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