Home / Cotidiano

COTIDIANO

Ruy Ohtake deixa como legado sinuosas formas modernistas em mais de 300 projetos

Morreu na manhã deste sábado, 27, o arquiteto Ruy Ohtake, aos 83 anos. Ele lutava contra um câncer de medula e faleceu no flat onde morava, na Rua Mauri, em São Paulo. Segundo a sua assessoria, o velório foi realizado no próprio apartamento dele, para as pessoas mais próximas. O corpo foi cremado no Horto da Paz, às 17h.

A informação sobre a morte foi confirmada pelo irmão do arquiteto, o gestor cultural e artista gráfico Ricardo Ohtake. Ruy assinou mais de 300 projetos no país, entre eles uma edificação modernista onde funciona uma agência do Banco Santander, na Rua 3, localizada no Centro de Goiânia. A obra, sinuosa e atraente na região, foi projetada em 1977 e erguida dois anos depois, numa área 2.450 metros quadrados.

Graduado pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (USP) em 1960, ele criou sua obra a partir da escola paulistana de Vilanova Artigas e Paulo Mendes da Rocha, morto em 23 de maio deste ano – e também autor de importantes obras arquitetônicas na capital goiana, como o Estádio Serra Dourada e o Joquéi Clube. Um ano depois de formado, Ruy abriu seu escritório em São Paulo e passou a elaborar projetos de residências, bem como edifícios comerciais e industriais.

Foi inspirado, em sua carreira, pela arquitetura inquietante de Oscar Niemayer e Aleijadinho, onde aprendeu a inovar apostando em curvas e cores. Era algo não muito comum para a época. “No começo, eu ficava preocupado porque a inteligência da arquitetura levantava polêmica. Há um establishment aqui, e eu dei um passo à frente. Todo rompimento no que está instalado gera polêmica com quem está na vanguarda, mas a arte e a arquitetura avançam em saltos”, disse, em entrevista à Folha de S. Paulo.

Em seus mais de 60 anos de carreira, Ruy assinou projetos marcados por linhas onduladas, que podem ser apreciados pela cidade de São Paulo. Não por acaso, o arquiteto é lembrando por imprimir e, de certo modo, transformar o padrão das edificações da maior cidade do País. É considerado um dos nomes mais importantes da arquitetura contemporânea brasileira. Recebeu prêmios importantes ao longo das décadas, como o Carlos Millan, concedido pelo Instituto de Arquitetos do Brasil.

“Hoje, acho que estou no caminho de contribuir com a arquitetura contemporânea brasileira. Em todas as minhas obras, me preocupo com a liberdade criativa, a surpresa e a inovação. Acho que meu desafio é dar continuidade à arquitetura do país, e não ficar estancado como ficamos em São Paulo”, afirmou o arquiteto à Folha, responsável pelo CT Joaquim Grava, do Corinthians.

Fora da arquitetura, ambiente onde Ruy reinou, também teve destaque. Em 1986, numa campanha para candidatos a Assembleia Constituinte, ele assinou nomes em apoio ao escritor Fernando Morais (PMDB), ao lado de Chico Buarque, Milton Nascimento, Antônio Callado, Ignácio de Loyola Brandão, Cacá Diegues, João Batista de Andrade, Ruy Castro, Jorge Wilheim e Ruy Gama. Coerência era uma característica que lhe diferenciava, que o tornava especial e com a qual empunhava pautas progressistas.

Completo, era dotado de raciocínio que entrelaçava o desenvolvimento da forma, com preocupações em relações às questões técnicas e sociais, ou seja, a percepção estética que o sujeito comum deveria ao se deparar com alguma obra assinada por ele. (Com informações da Agência Estado)

Ruy Ohtake, 83, lutava contra um câncer

Leia também:

  

edição
do dia

Capa do dia

últimas
notícias

+ notícias