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Novonada deixa rastros de lisergia no país tupiniquim

Em tour pela América do Sul, Novonada (UK) passa por Goiânia e fala sobre a experiência

Letícia Antoniosi Da editoria DMRevista

O ano de 2007 foi marcado pelo lançamento de muitos álbuns que fazem sucesso até hoje, como por exemplo: “Neon Bible” do Arcade Fire, “Favourite Worst Nightmare” do Arctic Monkeys, “The Mix-Up” dos Beastie Boys, Lobão no Acústico MTV, MIKA com o CD “Life in Cartoon Motion”, O lançamento do sétimo álbum do Nação Zumbi “Fome de tudo, “Icky Thump” do White Stripies, o sucesso “Daqui pro futuro” do Pato Fu e também a incrível volta musical tão aguardada da cantora Britney Spears com o CD “Blackout” (2007 foi um ano tão complicado na vida da cantora que acabou surgindo meme “Se Britney Spears sobreviveu a 2007, você também pode sobreviver a esse dia”).
O que ninguém esperava é que no ano de 2007 foi formada a banda, ítalo-brasileira londrina, Novonada em Florença, Itália. Composta por Ian Carvalho na bateria e no vocal, o guitarrista e vocalista Alessandro Bianchi e o baixista Lorenzo Becattini, começaram a aparecer no cenário musical. “Nós já nos conhecíamos há 15 anos mais ou menos, tocávamos na banda da escola e quando acabou a escola decidimos montar a nossa banda”, declarou Ian Carvalho.
A banda começou tocando covers nas apresentações de bandas de rock dos anos 70, mas a intenção nunca foi ser uma coverband. Alessandro Bianchi já compunha músicas, e o real desejo de todos era montar a sua identidade musical, então desde o começo eles já tinham suas próprias músicas. Porém no início não tinham como sustentar um show de uma hora e meia, por isso mesclavam entre covers e músicas próprias. “Algumas vezes era difícil porque a casa pedia para tocarmos apenas os covers, mas queríamos mesmo era apresentar o nosso trabalho para o público porque era o que realmente gostávamos. Os covers nos ajudavam a praticar os instrumentos e ficar mais tempo no palco”, declara Ian, e ele ainda completa: “Era muito bom quando nos davam liberdade de escolher livremente a playlist e depois da apresentação vinham pessoas curiosas perguntando qual música era aquela que tínhamos tocado e a música era nossa”.
A primeira turnê independente da Novonada foi entre agosto e setembro de 2013 e compreendeu apenas o Brasil. Os rapazes se apresentaram no Rio de Janeiro, Búzios, Nova Iguaçu, São Paulo, Campinas, São José dos Campos, São Bernardo, Barra de São João, e também na nossa capital do Centro-Oeste, Goiânia, no Loop Studio.
No dia 21 deste mês (março), a banda terá encerrado sua segunda turnê independente pela América do Sul em Palma, Tocantins. Seguindo de ônibus na estrada desde dezembro de 2014, dessa vez a banda passou por 26 palcos em 17 cidades diferentes, começando pelo Chile, depois Argentina, Uruguai e por fim o Brasil. “Como esta é uma turnê completamente independente, decidimos começar por onde temos mais contatos. Além disso, queremos absorver ao máximo os estilos culturais e musicais da América do Sul”, afirma o baterista Ian Carvalho.
Na segunda turnê do grupo, eles se apresentaram duas vezes aqui em Goiânia. Primeiro no dia 26 de fevereiro na Roxy e depois no dia 15 de março no Studio Sonoro em um show estilo ensaio aberto. O trio tem conquistado resenhas positivas e sucesso de público por onde tem passado e não podia deixar de dar uma entrevista exclusiva para o Diário da Manhã.

DMRevista: Vocês se definem como uma banda ítalo-brasileira londrina, por que esse nome se a banda foi formada na Itália?
Ian: Então, eu sou ítalo-brasileiro, nasci aqui em Goiânia, mas me mudei para a Itália quando pequeno. Lorenzo e Alessandro são italianos assim como a banda foi fundada na Itália, porém nos últimos quatro anos moramos em Londres, na Inglaterra.

DMRevista: Quando vocês começaram a tocar, costumavam tocar na maioria covers. Quais bandas vocês fizeram cover? Elas influenciaram no estilo musical de vocês?
Ian: Nós costumávamos fazer cover de bandas de rock dos anos 70, gostamos de Pink Floyd, Led Zeppelin, The Doors, Black Sabath, Rolling Stones... E sim, elas acabaram nos influenciando, mas não só elas. Definimos nosso estilo como “Antropofágico”, e não apenas uma banda de rock, as pessoas costumam dizer que tocamos rock, mas eu acho que isso é mais por causa do formato da banda (bateria, guitarra elétrica e baixo), porém gostamos de absorver diferentes estilos musicais.

DMRevista: Seria então o “Alternative Anthropophagic Rock”? Que é como vocês definem na página da banda no Facebook.
Ian: Exatamente, seria antropofagia quase em sua característica literal do movimento, recebemos a cultura estrangeira, mas sem esquecer nossas raízes (Itália e Brasil), um exemplo disso é que possuímos influência até mesmo dos Mamonas Assassinas. Gostamos muito de devorar e misturar tudo e criar o nosso gênero, temos a pegada do rock, mas sempre misturando porque gostamos de ‘vivenciar’ nossas raízes. Tentamos fazer algo bem inovador dentro dos nossos limites. Por isso é importante ouvir o conjunto todo de músicas e não só uma ou outra, porque cada uma tem um toque especial, se alguém um dia ouvir apenas a música “Jakaré” vai pensar que tocamos bossa nova somente e não é só isso, temos toda uma produção por trás.

DMRevista: Vocês já possuem dois CD’s e dois LP’s, todos eles com um toque diferente, um som meio lisérgico... Como tem sido a recepção do público nas apresentações feitas em turnê sobre essa antropofagia lisérgica?
Ian: Sim, nós temos essa lisergia inserida nas músicas. No nosso primeiro videoclipe “Fear of what”, que foi gravado em Los Angeles, fica bem evidente essa influência lisérgica. E o público costuma recepcionar muito bem, o difícil é que nunca sabemos como será a noite, às vezes vai muita gente e às vezes quase ninguém. Não é que apenas a quantidade importe, já aconteceu na Argentina de fazermos uma apresentação em uma casa de show pequena com apenas 50 pessoas (mas que lotou) e foi uma das nossas melhores apresentações porque o público interagiu, gostou, dançou. É por isso que gostamos tanto de sair em turnê, porque é o momento que a banda se dedica só a isso, se dedicar ao público e sentir a recepção, quando estamos em casa (Londres) nós tocamos, mas é mais para não esquecer as músicas. Nós gostamos de sentir essa troca cultural, é diferente... Outra atmosfera.

DMRevista: O que vocês acharam dos shows que fizeram em Goiânia?
Ian: Na Roxy, na verdade, achei que seria muito melhor. O lugar e o pessoal são legais, a noite em si tinha tudo pra ser massa, mas não tinha muita gente. O povo que estava lá gostou, foi uma resposta muito positiva. Mas infelizmente tinha pouca gente, não sei se foi porque o show foi na quinta-feira, até tentaram colocar a gente em uma sexta, mas não deu. Mesmo assim gostei de tocar na Roxy, gosto de vir tocar em Goiânia. Por outro lado, no Domingo Sonoro era uma apresentação menor, no estilo ensaio aberto, mas o studio ficou cheio e o público interagiu, aplaudiu, gritou, dançou. Foi realmente muito bom, porque nossas músicas são abertas para improvisação, então dependendo do lugar e do público muda bastante a apresentação.

DMRevista: Para o segundo semestre desse ano, vocês irão seguir turnê para os Estados Unidos, depois disso vocês já pensam em lançar algo novo? Quais serão os próximos passos?
Ian: Nós temos algumas ideias, mas até lançar algo novo deve levar mais ou menos um ano porque temos discutido muito isso, o futuro da banda, o que fazer depois... Porque além da banda, cada um tem suas coisas, então não sabemos se vamos seguir reto ou pegar alguns desvios. Até mesmo essa turnê que faremos nos Estados Unidos ainda estamos pensando em como vamos fazer, estamos programando as coisas. Nós já temos dois álbuns e dois LP’s, e isso é bastante material pra ajudar na divulgação, eles estão disponíveis no soundcloud (inclusive algumas estão liberadas para baixar) e spotify para ouvir online, e tem também na Amazon e Last.fm para vender. Porque como somos uma banda independente é complicado conseguir estabelecer contatos e depende tudo da gente e sai tudo do nosso bolso, então estamos assim, vivendo o momento.
Até o momento não está confirmado, mas a banda recebeu o convite para vir tocar no Vaca Amarela deste ano. Para quem quiser acompanhar, a banda já possui página no Facebook (Novonada), twitter (@novonada), perfil no soundcloud com o nome da banda, instagram (@_novonada) e e-mails para contato no site novonada.net.

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