Rariana Pinheiro,Da editoria DMRevista
Respeitável público: a fusão de dois grandes eventos culturais e, já tradicionais nesta Capital, reserva um final de semana repleto de teatro, música, dança, gracejos e ruidosas risadas. Sim, irão dividir o mesmo espaço, amanhã e domingo, a 12ª Galhofada – Pequena Mostra de Teatro de Rua e o Festival do Boneco. Os eventos vão transformar mais uma vez o trecho da Alameda Henrique Silva, na Rua 1.013, do Setor Pedro Ludovico, na já conhecida Ilha da Galhofa, de onde já se pode ver armada uma grande tenda circense.
Este ano, a Galhofada acontecerá apenas amanhã e domingo, mas a programação ainda assim é farta. Pois, o intuito é pretensioso: não pretende apenas fazer rir, mas galhofar. Ou seja: divertir ruidosamente. Em busca deste objetivo, além das apresentações cênicas, haverá shows, oficinas e feirinhas culturais. Tudo gratuito e ao ar livre.
Garantindo o momento de efervescência cultural, amanhã sairá, a partir das 15h30, um cortejo com interferências do grupo Asas do Picadeiro. E apresentações da banda Vida Seca e da Cia de Artes Poesia que Gira também alguns dos destaques de domingo.
Bonecos com vida
Mas se a Galhofada chega para agitar este final de semana, o Festival do Boneco, que está em sua quarta edição, promete ir mais longe. Ele começa amanhã e seguirá até o dia 31 de maio. E, dentro da Ilha da Galhofa, o evento realizará pela primeira vez a Mostra dos Mamulengos.
Dentro da nova atividade, haverá apresentação de dois legítimos representantes desta arte nordestina. O primeiro poderá ser conferido amanhã, às 19h, e trata-se do Grupo de Teatro Mamulengo Sem Fronteiras, de Brasília, que irá encenar o espetáculo Exemplos de Bastião. Já domingo, às 10h, quem dará continuidade à mostra, serão os goianos do Circo Bambulengo com a montagem No Triêro dos Meninos.
A ideia de colocar toda magia do mamulengo dentro do Festival de Bonecos foi da diretora geral do evento, Denise Carrijo, explica que nasceu para colaborar com a manutenção deste tipo de boneco cheio de brasilidade. “O mamulengo, que é patrimônio imaterial da cultura brasileira, é tão popular em outras regiões do País, mas, em Goiás, ainda é pouco difundido”, argumenta.
A Mostra Mamulengo acontece apenas neste fim de semana, mas o Festival do Boneco retoma sua programação na próxima quinta-feira (28), no Teatro Sesc Centro. Entre as montagens previstas no evento estão companhias conhecidas nacionalmente, como os mineiros da Giramundo Teatro de Bonecos.
Veja programação do Galhofada e Festival do Boneco deste fim de semana
HOJE
08h00: Oficinas
15h30: Fred Policarpo – Loop (concentração para o cortejo)
16h00: Cortejo com a participação de grupos musicais puxados pelo Coró de Pau e interferências do Grupo Asas do Picadeiro
17h30: Cia Pra Que?
18h30: Rubem – Streetdance
19h00: Mamulengo sem Fronteiras
DOMINGO
09h00: Barracas, jogos e brincadeiras
09h00: Toinha Vai à Praça –
Cia de Artes Poesia que Gira
10h00: No Triero dos Meninos – Circo Bambulengo
17h00: Grupo Asas do Picadeiro
17h50: Gelb Zircus
18h00: E aí, cadê o seu Nariz? – Sonhus Teatro Ritual
18h50: Vida Seca
19h20: Fraturas Expostas – Grupo Arte e Fatos
19h30: Trio Maria Fumaça – Jeferson Leite e Trio Gavião – Forró de Rabeca
O último ano da Galhofada?
A Galhofada, que ano passado foi quase interrompida por atos de violência (um homem disparou três tiros contra um dos espectadores do evento), chega este ano com programação notavelmente mais enxuta. E, segundo o produtor cultural e um dos organizadores da mostra, Rafael Blat, o evento tem vivido nos últimos anos um momento de “repensar” sua trajetória, que deixam seu futuro incerto. “Pode ser que este ano seja a última edição do festival”, revela.
Rafael Ribeiro Blat conta que violência vivida na edição anterior é um dos fatores, mas não o principal motivo de um possível fim. De acordo com ele, a mostra que é produzida por agitadores culturais, como membros da Oficina Cultural Gepeto e grupos de teatro locais (a exemplo da Cia. Nu escuro e do grupo Teatro q Roda), esbarrado, em alguns dilemas. A falta de participação do poder público e o crescimento do evento trazem aos organizadores impasses econômicos e até ideológicos.
“A falta de recursos tem sido um mote para comprovação da força do movimento artístico, que não queremos perder. Pois, a distribuição de cachês e remunerações diversas aos participantes, poderia gerar interesses escusos e forçaria uma organização mais burocratizada. Tudo isso geraria custo elevado e a falta de apoio permanente acarretaria o fim da mostra. Por outro lado, percebemos, a necessidade de ampliar as condições de trabalho dos grupos, a qualidade técnica, a segurança e um certo conforto ao público”, explica o produtor.