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Potencial de cura

Johny Cândido,Da editoria DMRevista

A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) acaba de aprovar o simeprevir, para o tratamento da hepatite C crônica em adultos no Brasil. O medicamento, produzido pela Janssen, integra a nova geração de terapias combinadas, livre de interferon, para o tratamento da doença. Essas terapias são responsáveis por trazer, pela primeira vez, a possibilidade de cura da doença a uma grande e importante parcela dos pacientes, ultrapassando 90% de taxa de cura. Até 4 anos atrás, essas taxas não passavam de 49% com os medicamentos existentes na época.

“A aprovação do medicamento no Brasil é um marco importante para as pessoas que vivem com hepatite C crônica, pois significa que os pacientes têm agora uma nova opção de tratamento com o potencial de curar esta doença desafiadora”, comenta Dr. Paulo Abrão, médico infectologista, responsável pelo ambulatório de HIV e Hepatites Virais da Disciplina de Infectologia da UNIFESP e médico do CRT-DST Aids de São Paulo.

Simeprevir é um inibidor de protease. Ele age bloqueando a enzima protease viral, que é responsável pela reprodução do vírus da hepatite C (VHC) nas células hospedeiras. O objetivo do tratamento da hepatite C crônica é a cura, que é definida como níveis indetectáveis ??de VHC no sangue dos pacientes de 12 a 24 semanas após o final do tratamento.

O medicamento possibilita que a duração do tratamento seja bastante reduzida em comparação com os medicamentos disponíveis anteriormente. A duração pode variar de acordo com a resposta do paciente, mas, em geral, é de 12 semanas. E o fato de poder ser administrado sem interferon significa mais qualidade de vida para os pacientes, pela redução dos efeitos colaterais. Além disso, o medicamento é oral e deve ser ingerido apenas uma vez ao dia.

“Dada a complexidade da doença, simeprevir foi estudado em diferentes perfis de pacientes, incluindo pessoas que recaíram ou não responderam a tratamentos anteriores”, comenta Douglas Dieterich, Professor Doutor de Medicina da Divisão de Doenças do Fígado da Escola de Medicina Mount Sinai, nos Estados Unidos, e pesquisador nos estudos clínicos com simeprevir.

O medicamento já está aprovado em mais de 30 países, como Estados Unidos, Japão e Canadá, e já foi utilizado por mais de 60 mil pacientes. Além dos estudos clínicos realizados durante o desenvolvimento do medicamento, simeprevir já possui diversas outras análises independentes, que geraram dados de vida real. Isso significa que o medicamento foi utilizado por um grande número de indivíduos e em perfis de pacientes ainda mais diversificados, em análises realizadas por diversas instituições de saúde ao redor do mundo e que não envolvem a empresa fabricante do medicamento. Esses novos dados confirmam os resultados encontrados nos estudos iniciais em relação às altas taxas de cura e a baixa incidência de efeitos colaterais nos pacientes.

A possibilidade de um esquema de tratamento livre de interferon é uma nova revolução no tratamento da hepatite C no mundo. Isso porque ele provoca uma série de eventos adversos aos pacientes que, muitas vezes, são tão difíceis de suportar que chegavam a levar ao abandono do tratamento. Além disso, as taxas de cura não eram tão significativas como as alcançadas agora, com a nova geração de medicamentos.

Vale ressaltar que a hepatite C crônica é uma doença infecciosa do fígado e transmitida pelo sangue, que afeta aproximadamente 2 milhões de pessoas no Brasil. Um estudo de caso feito pela Unidade de Inteligência da The Economist sobre o cenário de hepatite C no mundo, constatou que, entre os países em desenvolvimento, o Brasil lidera o caminho para promover um melhor acesso ao diagnóstico e ao tratamento para a hepatite C, uma vez que atua cedo para estabelecer as diretrizes e protocolos para combater a doença. O Brasil faz parte do grupo de países em desenvolvimento que possui um programa nacional de hepatite viral, o qual já existe há 12 anos

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