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O brasileiro que inventou o avião

Todos conhecem, ali no meio do Setor Aeroporto, bem próximo ao Centro da cidade, a Praça do Avião. Talvez, o que nem todo goianiense sabe é que o nome, propriamente dito, do lugar é Praça Santos Dumont. As origens do que hoje é um centro social de esportes em família, passeios apaixonados e rolês com a galera, regados a skate e catuaba também são um tanto desconhecidas. O primeiro aeroporto de Goiânia foi construído, na década de 30, naquela região do que hoje é o Setor Aeroporto (justamente por esse motivo). Com uma pista em formato de cruz, tendo como centro o local onde hoje está a Praça do Avião, recebeu os primeiros monomotores que sobrevoaram os céus secos e azulados dessa cidade.

Em 1937, um relatório, apresentado pelos irmãos Coimbra Bueno, recomendava ao governo a construção de um aeroporto completo. O aeroporto foi feito com duas pistas em formato de cruz na área, sendo a pista a Av. República do Líbano. Com o crescimento da Capital, a passos largos, foi necessário a construção de um novo aeroporto, que teve o início de suas operações em 1956. Além da questão do tamanho, também era necessário que o aeroporto da cidade ficasse longe dos prédios, que começavam a arranhar o céu de Goiânia no Centro da Capital.

Somente em 1968, o antigo aeroporto foi transformado na atual Praça do Avião. O prefeito Iris Rezende a inaugurou expondo um Caça F-8 doado pela FAB, que adornou a praça por décadas, até ser trocado no modelo de hoje, uma réplica em aço e bronze do 14-BIS, o primeiro avião a voar sem impulso externo. Após a revitalização, a Praça do Avião, atualmente, possui 55 palmeiras e 72 mudas de espécies variadas, além de plantas ornamentais e novo gramado. Na nova Praça do Avião, foram construídos parque infantil, quadra poliesportiva, pista de skate, pátio de ginástica, pista de cooper, sanitários, praça de alimentação, posto policial, bancos, lixeiras, área para estacionamento, sede da associação de moradores do setor e espaço cultural.

drumond

Alberto

Nascido em 20 de Julho, nos distantes anos de 1873, em uma cidade de Minas Gerais que, na época, se chamava Palmira, aproximadamente 207 km da capital Belo Horizonte. Desde pequeno, ao ler as obras do escritor francês Júlio Verne, nasceu em Santos Dumont o desejo de conquistar o ar. Os submarinos, os balões, os transatlânticos e todos os outros meios de transporte que o fértil romancista previu em suas obras exerceram uma profunda impressão na mente do rapaz. Anos depois, já adulto, ele ainda lembrava com emoção as aventuras vividas em imaginação: “Com o Capitão Nemo e seus convidados, explorei as profundidades do oceano, nesse precursor do submarino, o Nautilus. Com Fileas Fogg fiz, em oitenta dias, a volta ao mundo. Na Ilha, a hélice e na Casa a vapor minha credulidade de menino saudou com entusiástico acolhimento o triunfo definitivo do automobilismo, que, nessa ocasião, não tinha ainda nome. Com Heitor Servadoc, naveguei pelo espaço.”

Em 1897, já independente e herdeiro de imensa fortuna – contava 24 anos – Santos Dumont partiu para a França, onde contratou aeronautas profissionais que lhe ensinaram a arte da pilotagem dos balões. Sabe-se que, em 1900, ele já havia criado nove balões, dos quais dois se tornaram famosos: o Brazil e o Amérique. Após os balões, se interessou nos dirigíveis e depois nos aviões. O 14-BIS foi uma experiência realizada após muito esforço e tentativas frustradas.

Dumont nunca se casou ou teve filhos, deixou apenas o legado intelectual e de honraria para os seus conterrâneos. Com a saúde muito frágil, além de extremamente deprimido, por conta do uso militar dos aviões, voltou para o Brasil. Em 1932, ocorreu a revolução constitucionalista, em que o Estado de São Paulo se levantou contra o governo revolucionário de Getúlio Vargas. Mas o conflito aconteceu, e aviões atacaram o Campo de Marte, em São Paulo, no dia 23 de julho. Possivelmente, sobrevoaram o Guarujá, e a visão de aviões em combate pode ter causado uma angústia profunda em Santos Dumont que, nesse dia, aproveitando-se da ausência de seu sobrinho, suicidou-se, aos 59 anos de idade, enforcado com a gravata.

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