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CULTURA

O showman e seus grandes sucessos

Ney de Souza Pereira, conhecido nacionalmente como Ney Matogrosso, é um cantor, diretor, iluminador e ator brasileiro. Ex-integrante dos Secos e Molhados (1973-1974), foi o artista que mais se sobressaiu do grupo após iniciar sua carreira solo com o disco Água do Céu – Pássaro (1975) e com suas apresentações subsequentes. É considerado pela revista Rolling Stone como a terceira maior voz brasileira de todos os tempos e, pela mesma revista, trigésimo terceiro maior artista brasileiro de todos os tempos. Embora tenha começado relativamente tarde, das canções poéticas e de gêneros híbridos dos Secos e Molhados ele passou a interpretar outros compositores do país, como Chico Buarque, Cartola, Rita Lee, Tom Jobim, construindo um repertório que prima pela qualidade e versatilidade. Em 1983, completava dez anos de estreia no cenário artístico e já possuía dois Discos de Platina e dois Discos de Ouro, inclusive pela enorme repercussão da canção “Homem com H” de 1981.

Como iluminador de espetáculos, tem supervisionado toda a produção da área em suas próprias apresentações e também merece destaque seu trabalho de iluminação e seleção de repertório no show Ideologia (1988) de Cazuza e no show Paratodos de Chico Buarque em 1993, ao que afirma: “quero que as luzes provoquem sensações nas pessoas”. Matogrosso também tem atuado recentemente no cinema: estreou em 2008 no curta-metragem Depois de Tudo, dirigido por Rafael Saar, e no filme Luz das Trevas de 2009, dirigido por Helena Ignez.

Distinguido por sua rara voz de contratenor, Ney Matogrosso também é conhecido por suas performances ao vivo. Atribuem a sua maquiagem cênica e seu vestuário exótico desde os anos 70 uma certa mudança de conceitos sobre o comportamento masculino apropriado no Brasil. Segundo Violeta Weinschelbaum, “o magnetismo de sua figura, a atração decididamente sexual que Ney Matogrosso produz sobre o palco é algo inimaginável.” A biógrafa Denise Pires Vaz também escreve: “Dos cantores brasileiros, Ney Matogrosso é um dos poucos, senão o único, que pode merecer o título de showman.

Biografia

Atualmente considerado um dos intérpretes brasileiros mais produtivos, o nome artístico Ney Matogrosso foi adotado somente em 1971, quando se mudou para São Paulo. Desde cedo demonstrou dotes artísticos: cantava, pintava e interpretava. Teve a infância e a adolescência marcadas pela solidão, e ao completar dezessete anos deixou a casa da família para ingressar na Aeronáutica, Ney ainda estava indeciso quanto à futura profissão. Gostava de teatro e cantava esporadicamente, mas acabou indo trabalhar no laboratório de anatomia patológica do Hospital de Base do Distrito Federal, a convite de um primo.

Tempos depois foi convidado para participar de um festival universitário e chegou a formar um quarteto vocal. Depois do festival, fez de tudo um pouco, até atuou em um programa de televisão. Também concentrou suas atenções no teatro, decidido a ser ator. Atrás deste sonho, ele desembarcou no Rio de Janeiro em 1966, onde passou a viver da confecção e venda de peças de artesanato em couro. Ney adotou completamente a filosofia de vida hippie.

Repertório e características

Ney terminou a década de 1970 e começou a de 80 totalmente transgressor, sendo ameaçado várias vezes pelo regime militar. Nesse período lançou alguns dos maiores sucessos: Homem com H, Vida, Vida, Pro dia nascer Feliz, Vereda Tropical, Amor Objeto, Seu tipo, Por debaixo dos panos, Promessas demais, Tanto amar, Ando meio desligado, Sangue latino, entre outros.

É considerado um dos principais precursores da androginia enquanto estética de arte, desenvolvida inicialmente com a Tropicália. Apresentando coreografias erotizantes e expondo sua masculinidade como um contraponto à ousadia nos tempos de chumbo, Ney acaba por influenciar toda uma geração de artistas. Também é coreógrafo, iluminador e dançarino, atuando como diretor geral de seus espetáculos musicais; o espetáculo Sou eu, dirigindo Simone, foi considerado o melhor do ano (1992), um espetáculo de Cazuza (O tempo não pára), RPM e ganhou o extinto Prêmio Sharp de Música com os temas Gilberto Gil e Ângela e Cauby de Ângela Maria e Cauby Peixoto. Atuou também como ator de cinema (no longa-metragem Sonho de valsa, de Ana Carolina e no curta Caramujo flor de Joel Pizzini), foi responsável pela iluminação de espetáculos de Nana Caymmi, Nélson Gonçalves, Chico Buarque, da Fundação Osvaldo Cruz e peças de teatro, como Somos irmãs e Mistério do amor.

ÁLBUNS DE ESTÚDIO

Água do Céu – Pássaro (1975)

Bandido (1976)

Pecado (1977)

Feitiço (1978)

Seu Tipo (1979)

Sujeito Estranho (1980)

Ney Matogrosso (1981)

Mato Grosso (1982)

…Pois é (1983)

Destino de Aventureiro (1984)

Bugre (1986)

Quem Não Vive Tem Medo da Morte (1988) As Aparências Enganam (1993) – com Aquarela Carioca

Estava Escrito (1994)

Um Brasileiro (1996)

O Cair da Tarde (1997)

Olhos de Farol (1999)

Batuque (2001)

Ney Matogrosso Interpreta Cartola (2002) Vagabundo (2004) – com Pedro Luís e a Parede

Inclassificáveis (2008)

Beijo Bandido (2009)

Atento aos Sinais (2013)

AO VIVO

Pescador de Pérolas (1987)

Ney Matogrosso Ao Vivo (1989) À Flor da Pele (1991)

Vivo (1999)

Ney Matogrosso Interpreta Cartola: Ao Vivo (2003) Canto em Qualquer Canto (2005) Vagabundo ao Vivo (2006) – com Pedro Luís e a Parede Beijo Bandido Ao Vivo (2011) Atento aos Sinais Vivo (2014)

Coletâneas

Vinte e Cinco (1997)

Outros

A Floresta do Amazonas de Villa– Lobos (1987)

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