Home / Cultura

CULTURA

Saara nutre a Floresta Amazônica

Estudos ecológicos demonstram que uma função relacionada a todos os componentes existentes numa teia alimentar é transformar outros componentes dentro da mesma teia. Plantas e algas extraem matéria inorgânica do seu meio ambiente para utilizá-los na síntese de substâncias orgânicas que transitam pelo ecossistema e servem de alimentos que geram energia e fornecem nutrientes para a síntese de estruturas com maior complexidade. A teia se autorregula através de vários laços de realimentação. As diversas formas de vida existentes na teia alimentar são decompostas após a morte e repostas pelos próprios processos de transformação da rede.

No Planeta como um todo há uma rede global de processos de produção e transformação que foram descritos por James Lovelock e Lyn Margullis na conhecida “Teoria de Gaia”. Lovelock usou a analogia de Gaia (Terra) com uma árvore. Numa árvore adulta existe apenas uma fina camada de células vivas em volta do seu perímetro, logo abaixo da casca. Toda a madeira interna correspondente a mais de 95% da estrutura total da árvore está morta. Semelhantemente, a Terra está coberta pela biosfera, uma fina camada de seres vivos, que se ergue a 9 km de altura e se aprofunda a 8 km abaixo do nível do mar. Nem a atmosfera acima e nem a maior parte da litosfera abaixo é viva, portanto, a parte viva da Terra corresponde a uma película delgada em volta do Planeta.

O Centro Interdisciplinar de Ciências do Sistema Terra (Essic), mantido pela Nasa em parceria com a Universidade de Maryland (EUA) divulgou os dados captados pelo satélite Calipso entre 2007 e 2013. Cerca de 182 milhões de toneladas de poeira com certa porcentagem de fósforo – um elemento essencial para todas as formas de vida da Terra, pois é necessário para a síntese dos ácidos nucleicos (DNA E RNA) e para a formação da molécula de adenosina trifostato (ATP) conhecida como “molécula energética dos seres vivos” – sai das regiões orientais do Saara, atravessa um percurso de 2.500 km pelo oceano atlântico e chega na Floresta Amazônica. Daquela massa benigna de poeira, 27,7 milhões de toneladas se precipitam sobre a floresta e repõem exatamente o fósforo que foi perdido através do escoamento superficial decorrente dos altos índices pluviométricos existentes nas regiões tropicais e também devido às inundações. O restante da poeira fica em suspensão sobre a floresta durante certo tempo – há indícios de que as partículas em suspensão interferem de forma relevante no clima planetário – para depois seguirem viagem para o Caribe. Sorte do acaso para a maior floresta do planeta ou autorregulação planetária compatível com a Teoria de Gaia de James Lovelock e Margullys?

Leia também:

edição
do dia

Capa do dia

últimas
notícias

+ notícias