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CULTURA

Reflexos de uma lenda

Rariana Pinheiro,Da editoria DMRevista

Uma bela sereia, que vive nas águas do Rio Amazonas, cujo canto irresistível é capaz de hipnotizar homens, que, inebriados são atraídos mortalmente para o fundo do rio. No folclore brasileiro esta a história de Iara. Mas, tal lenda, além de encabular pescadores, também inspirou as criações originais da Cia Lumiato Teatro de Formas Animadas. A partir dela, o grupo especializado em teatro de sombra contemporâneo, produziu Iara: O Encanto das Águas. Esta montagem será encenada hoje, às 12h30 no Teatro Sonhus, amanhã e domingo, às 20h e 17h30, respectivamente, no Circo Laheto.

A peça faz parte de uma turnê da companhia, que já esteve em Anápolis e Pirenópolis, e até seu desfecho em novembro – que ocorrerá em Brasília onde está a sede da companhia – vai passar por cidades de Minas Gerais e Mato Grosso do Sul. E, em todos este locais, o foco também está na democratização do teatro de sombras. Neste intuito, o grupo também realiza palestras e oficinas por onde passa, contando sobre as múltiplas possibilidades desta técnica milenar de fazer teatro, que nasceu na China e na Índia.

Em Goiânia, por exemplo, será realizada hoje (às 13h30 e logo após o espetáculo), no Teatro Sonhus, a Palestra “Caminhos e descobertas para uma dramaturgia brasileira no teatro de sombras contemporâneo”. Ela será ministrada pelo pesquisador em teatro de sombras Alexandre Fávero, que também faz parte da Cia Teatro Lumbra, de Porto Alegre (RS).

Alexandre Fávero é também responsável por dirigir Iara: O Encanto das Águas, que é encenada pelos atores argentinos e criadores da Cia Lumiato Thiago Bresani e Soledad Garcia. E, em cena estes artistas surpreendem quando mostram tudo o que é se pode concretizar por meio das sombras.

Tradição e modernidade

Mas, para contar a história de um índio, que sonha com a formosa, mas traiçoeira criatura mítica, os artistas misturam o tradicional ao moderno. Graças às novas técnicas de iluminação, a peça não se baseia em trazer apenas o ator-sombrista, escondido na escuridão, que move a figura atrás de uma tela imóvel onde sua sombra é projetada. “Tanto o ator, como a tela e focos de luz adquirem cores e movimento para encantar a plateia”, explica o Thiago Bresani.

Dessa forma, a natureza mística da lenda ganha vida através das luzes e sombras projetadas, por trás e na frente da tela. Mostrando silhuetas de corpos e figuras que se fundem em imagens surpreendentes, a peça é contada quase sem palavras e a música é o elemento central.

Reconhecimento

E, além de teatros lotados durante esta turnê, a Cia Lumiato, chega a Goiânia com boa repercussão também junto à crítica. Pois, este espetáculo faz o grupo ganhar em 2014 o Prêmio Sesc do Teatro Candango,como Melhor Direção, Melhor Dramaturgia e Melhor Trilha Sonora. Ele recebeu também o prêmio destaque de Melhor Espetáculo Estrangeiro na Argentina (Prêmio Atina/2014).

Para o ator Thiago Bresani, todo reconhecimento do espetáculo é válido. No entanto, o que parece mover especialmente o artista ao interpretar esta montagem é a possibilidade de passar sua arte para frente. “As universidades públicas são um importante espaço de formação e como, atualmente, trabalha-se pouco a linguagem do teatro de animação no Brasil, acreditamos na importância na difusão do teatro de sombras contemporâneo, como alternativa e recurso para enriquecer a formação dos alunos das universidades, além de futuras pesquisas, trabalhos acadêmicos e profissionais”, enfatiza Thiago Bresani.

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