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Aliester Crowley não era bruxo era mago

por Walacy Neto

O ser humano tem um ser receio daquilo que desconhece. Receio neste caso é mesmo, pois o homem tem real aversão para aquilo que não conhece a ponto de demonizar fatos sem ao menos compreender do que se trata. Da minha infância arranco uma tira de memória que exemplifica essa teoria que venho tentando explicar. Uma casa velha que ficava bem na esquina e ninguém sabia quem morava ali ou se era uma casa abandonada. Várias teorias ligadas a coisas tenebrosas eram criadas para dizer o que havia acontecido na casa. Outro exemplo: o fundo do Mar, o espaço sideral, as criaturas marinhas criadas pelos portugueses antes das navegações e crenças religiosas distantes. Destas a última é a que mais rende criações miraborantes e demonizações.

O ocultismo, por exemplo, é uma doutrina que acredita na ação e influência de poderes sobrenaturais ou supranormais. No ocultismo se estuda ciências como a magia, o espiritismo, a astrologia e outros. Por não se saber o teor das crenças e pelos mistérios que o próprio nome já gera, é natural que muitos demonizem a prática ligando a mesma com o satanismo, por exemplo. Um dos grandes ocultistas, e também o tema desta pauta, teve a imagem manchada por décadas devido a este preconceito. Aliester Crowley é conhecido como bruxo e outros nomes dessa linha, mas pelas lentes dos biográfos era um intelectual incompreendido pela maioria. Fato é que boa parte do que escrevera influênciou grandes músicos e intelectuais: no Brasil, Raul Seixas tentaria formar uma sociedade baseada na sua ideologia, e nos Estados Unidos, Jimmy Hendrix afirmava que Aliester era um gênio.

O fato é que Aliester Crowley em muitos aspectos era uma pessoa a frente do seu tempo (e talvez do nosso). Era estudioso, mago, hendonista, crítico social e usuário de drogas para fins recreativos. Devido aos pensamentos revolucionários demais para época, logo seria considerado pela maioria como o homem mais perverso da terra. Porém, ele defendia valores que atualmente defendemos: a liberdade. “Faz o que tu queres” era uma das mensagens que Aliester iniciou. Hoje faz 140 anos que o “bruxo” passou pela terra e até os dias atuais esse “faz o que tu queres” parece um ato de revolução. Os tempos são outros e podemos dizer essa frase sem ser considerado um bruxo, satanista ou qualquer coisa voltada para as trevas.

Quem era?

Edward Alexander Crowley nasceu na rua Clarendon Square, número 30, em Royal Leamington Spa, Warwickshire, na Inglaterra e era quase meia noite do dia 12 de outubro. Ganhou o nome do pai que era engenheiro formado e rico dono de cervejaria. A família era extremamente religiosa e participava de uma igreja cristã denominada Irmãos de Plymouth. A sua aversão pelo cristianismo se desenvolveu quando foi expulso de uma escola dos Irmãos Plymouth por tentar “corromper outro garoto”. Entra na universidade para cursar filosofia em 1895, mas acabou trocando o curso para Literatura Inglesa.

Os Livros

Denominado Book of Thoth Tarot, ou O Livro T, Livro de Thoth é o primeiro lançamento de autoria de Crowley. São 78 ilustrações que antecipam a cultura psicodélica dos anos 60 (na época, coisa do demônio, mas no futuro algo cultural). As pinturas são da artista inglesa Frieda Harris sobre a direção de Crowley. O baralho foi impresso pela primeira vez em Dallas, por Grady McMurtry e hoje é conhecido como Thoth Tarot. O livro foi feito entre os anos de 1938 e  1943.

Outro lançamento de Aliester Crowley foi O Livro da Lei. Este é o que tem maior expressividade sobre as ideias do autor. Foi lançado em 1904 enquanto ele viajava pelo mundo. Conta-se que Crowley tentou invocar um elemental do ar para sua jovem esposa, mas ao invés disso a mulher começou a balbuciar: Hórus falava através dela. Desse encontro saiu o livro que seria um poderoso instrumento de instruções mágicas.

A Lei do livro é sintetizada na frase: faze o que tu queres há de se ro todo da lei. Eram as teorias de libertinagem contidas nas palavras e nos textos de Crowley. Assim como esta frase: o tolo bebe, e se embebeda: o covarde não bebe. O homem sábio, bravo e livre, bebe e dá glórias ao mais alto deus.

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