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“O sambista é um grande cronista social”

Em entrevista ao DM, o músico falou sobre carreira, samba e novos projetos


Há quase uma década atrás a vida de Diogo Nogueira era completamente diferente do que é hoje. O futebol era foco profissional. Ele era atacante do Cruzeiro e o sucesso parecia iminente. Já o dom musical hereditário – o artista é filho do grande sambista João Nogueira – era apenas lazer. Foi uma lesão no joelho que trocou tudo. Como ele mesmo diz, “saiu dos gramados para os palcos” e, assim, transformou-se no que hoje: um dos músicos mais premiados e aclamados da nova geração do samba. E ano que vem completa 10 anos de carreira musical. “Parece que foi ontem”, disse ele, em entrevista ao DMRevista.

É aplaudido e prestes a lançar DVD novo, que o cantor e compositor – e toda sua pinta de galã, é bem verdade – desembarca em Goiânia como a principal atração do Curta Mais Samba. O festival, que vai acontecer, a partir das 22h, no Palácio da Música, no Centro Cultural Oscar Niemeyer, promete seis horas de canções. Sacudindo o ambiente estarão também a cantora Cláudia Garcia, o Brasil In Trio e o DJ Daniel de Mello. Aproveitando a deixa, conversamos com o artista sobre sua trajetória artística, projetos e, obviamente, samba. Confira o bate-papo a seguir.

Curta Mais Samba com Diogo Nogueira

Quando: Hoje, às 21h

Onde: Centro Cultural Oscar Niemeyer–Palácio da Música (Av. Dep. Jamel Cecílio, 4490–Setor Fazenda Gameleira)

ENTREVISTA DIOGO NOGUEIRA

DMRevista Como estão suas expectativas para a apresentação de hoje?

Diogo Nogueira: Estou muito feliz em poder voltar a Goiânia. Sempre fiz ótimos shows na cidade e tenho um público que adora samba. Vou cantar sucessos da minha carreira, músicas do CD Porta-Voz da Alegria e, como acabei de gravar um DVD intitulado Alma Brasileira, eu vou apresentar algumas músicas desse DVD, no qual canto Djavan, Gonzaguinha, Cazuza, Milton Nascimento; e também os grandes mestres do samba, como Zeca Pagodinho, Beth Caravalho, Jorge Aragão e Arlindo Cruz.

DMRevista: São estes nomes suas maiores influências, além de, claro, seu pai João Nogueira?

Diogo Nogueira: Cresci ouvindo muito samba e ouvindo muita Música Popular Brasileira. Sempre ouvi muito Milton Nascimento, Djavan e, agora, estou tendo a oportunidade de fazer uma homenagem a esses mestres. Eles são, juntos com os bambas do samba, as minhas grandes referências na música.

DMRevista: O DVD Alma Brasileira tem a canção inédita Pé Na Areia. Por que resolveu gravar esta música?

Diogo Nogueira: Pé na Areia é uma música de Rodrigo Leite, Diogo Leite e Cauique; e desde a primeira vez que ouvi, me deu vontade de gravar. E foi um momento especial, que o público rapidamente pegou a letra. Parecia que era uma música que há muito tempo já estava no meu repertório. Tenho certeza de que todo mundo vai gostar.

DMRevista: Ano que vem você completa 10 anos de carreira. Como é que o tempo transformou o sambista Diogo Nogueira?

Diogo Nogueira: Parece que foi ontem que comecei minha carreira. Meu sonho, na verdade, era ser jogador de futebol, mas uma contusão me tirou do gramado e me levou para os palcos. Ano que vem faço 10 anos de carreira e quero fazer um projeto especial, com músicas autorais. A gente cresce a cada dia e a estrada é a melhor escola da vida.

DMRevista: Nestes 10 anos, você já fez um disco em Cuba, já gravou Bossa Nova com Hamilton de Holanda e ganhou diversos prêmios. O que mais sonha fazer nos próximos anos?

Diogo Nogueira: Tenho muitos projetos ainda para fazer e não vou me preocupando em defini-los com muita antecedência. Vou fazendo aquilo que o meu coração manda. Neste momento, estou pensando no lançamento do meu DVD, Alma Brasileira, e faremos uma grande turnê por todo o Brasil. Ano que vem pretendo fazer um projeto especial, comemorando 10 anos de carreira, e quero dar continuidade com Hamilton de Holanda, com o projeto Bossa Negra. Hamilton é um grande parceiro e a gente pretende, sempre que possível, fazer essa parceria do projeto Bossa Negra paralelamente com a nossa carreira solo.

DMRevista: Como disse Vinícius, “Pra fazer um samba com beleza. É preciso um bocado de tristeza”. E para você, como é que um samba nasce?

Diogo Nogueira: Nasce da tristeza, com certeza, mas também nasce da alegria, nasce do dia a dia, nasce da percepção que a gente tem do cotidiano. O sambista normalmente é um grande cronista social, um cronista do dia a dia, e eu me deixo levar muito por essas inspirações que acontecem na minha vida. Não tem uma fórmula certa, mas procuro deixar sempre a emoção e a inspiração bater para poder fazer um samba.

DMRevista: Você está entre os sambistas da nova geração que mais ganhou prêmios e destaque. Como analisa o cenário atual do estilo? Acha que tem se renovado?

Diogo Nogueira: Sempre se renova. E eu fico muito feliz de ver, não só uma nova geração de grandes sambistas, mas também a nova rapaziada jovem, curtindo a velha guarda e os sambistas que ao longo de tantos anos de estrada mantiveram a chama do samba sempre acesa. Acho que o samba nunca vai morrer e, na verdade, para mim, o samba está sempre em alta. Só você acompanhar, ao longo dos anos, que, sempre em diferentes épocas, grandes sambistas estiveram sempre entre os mais vendidos, entre os mais lotados. Afinal, o samba é o ritmo mais genuinamente brasileiro.

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