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Clássicos do futuro: Confira alguns destaques do circuito mundial em 2018

Por Leon Carelli

Mais um ano se aproxima do fim, carregado de novidades estéticas e narrativas no campo da sétima arte. O cinema oriental, que ganha cada vez mais destaque no ocidente, se mantém firme como uma grande força influenciadora em ficções de diversos gêneros. Nos Estados Unidos, o documentário que conta a vida de Fred Rogers, apresentador de programas de TV para crianças, arremata o poder do legado midiático nas gerações que cresceram no século XX. Na América Latina, o mexicano Alfonso Cuarón (diretor de clásicos como Y tú mamá también e Harry Potter e o prisioneiro de Azkaban) volta a atrair a opinião da crítica com seu novo filme, Roma. Confira um pouco das histórias e dos bastidores de produções que se colocaram no centro das atenções durante 2018.

Um Elefante Sentado Quieto – Um dos mais novos representantes do chamado slow cinema, o primeiro e único longa-metragem do diretor chinês Hu Bo, lançado em fevereiro, foi recebido com entusiasmo nos festivais de Berlim e Hong Kong. Em 230 minutos, narra a história de algumas vidas que se cruzam numa pequena cidade do norte da China, numa atmosfera dominada pelo egoísmo. Quatro estranhos têm suas vidas entrelaçadas ao se encontrarem num ônibus que percorre um longo trajeto até um zoológico onde a principal atração é um elefante que se mantém estático, ignorando qualquer tipo de acontecimento a sua volta. O diretor Hu Bo cometeu suicídio em outubro de 2017, pouco depois de concluir as gravações do filme, aos 29 anos.

Mesmo com suas quatro horas de duração, mais de 300 pessoas assistiram o filme até o fim no Festival de Cinema de Berlim, realizado no dia 16 de fevereiro. O filme chamou a atenção da audiência pelo impacto visual, e recebeu dois prêmios no evento. A mãe do diretor fez um pequeno discurso durante o festival. “Cheguei hoje em Berlim, e me sinto bastante triste e orgulhosa. A dor é pelo fato de meu filho ter perdido sua jovem vida por um elefante. É gratificante, no entanto, que esse elefante possa ser exibido no Festival de Cinema de Berlim”. Reportagens chinesas sugerem que a morte de Hu Bo foi desencadeada por conflitos com dois produtores do filme, Liu Xuan and Wang Xiaoshuai, que queriam diminuir o tempo do filme para duas horas. Wang havia desqualificado o trabalho de Hu em suas redes sociais durante tal conflito.

Won’t You Be My Neighbor? – Documentário norte-americano, dirigido por Morgan Neville, conta a história de Fred Rogers (1928-2003), apresentador de TV referência em programas infantis nos Estados Unidos. O filme estreou em janeiro no Festival Sundance, e foi lançado no circuito comercial em Junho. Entre várias abordagens, narra a maneira com que o apresentador se fez presente durante toda a vida de seu público, devido à forma como marcou sua infâncias. “Com a televisão como púlpito, ele ajudou a transformar o conceito de infância, usando fantoches e jogos para explorar questões da vida, como deficiência, igualdade e tragédia. Falou diretamente com as crianças e eles responderam criando um vínculo eterno com ele”, conta a sinopse publicada pelo site brasileiro Filmow.

Em Chamas – O mistério envolve as telas e a rotina de alguns jovens no novo longa metragem do premiado diretor sul-coreano Lee Chang-dong. O filme recebeu dois prêmios derivados de sua estréia no Festival de Cannes, em 16 de maio, além da indicação à Palma de Ouro, prêmio máximo da cerimônia. A premissa para o clímax da narrativa é baseada em acontecimentos ordinários do dia-a-dia. Um entregador chamado Jong-soo reencontra uma antiga amiga e vizinha de bairro, Hae-mi. A jovem está prestes a viajar para o exterior, e pede para que Jong-soo tome conta de seu gato durante sua ausência. A mulher retorna na companhia de Ben, um misterioso forasteiro, cujo hobby, bastante peculiar, está prestes a ser revelado.

Roma – Dirigido, produzido, fotografado e co-editado pelo diretor mexicano Alfonso Cuarón, um dos nomes mais requisitados do cinema latino americano, Roma traz consigo o viés da autobiografia, e acompanha o crescimento de um jovem de classe média na Cidade do México, juntamente com sua família e empregada doméstica. O título faz referência à Colônia Roma, um dos distritos da capital mexicana. O longa-metragem de pouco mais de duas horas foi exibido pela primeira vez no 75º Festival de Cinema de Veneza, na Itália, em agosto de 2018. O lançamento mundial, que planeja novas formas de divulgação, está previsto para o próximo dia 14, na plataforma de streaming Netflix. A história é ambientado nos anos 1970, e começou a ser produzida em 2016.

Oitava série – Com pouco mais de 90 minutos de duração, o primeiro filme dirigido pelo norte-americano Bo Burnham, de 28 anos, lida com a ansiedade e os conflitos sociais de uma adolescente de 14 anos prestes a concluir mais uma etapa de sua vida escolar. O história também aborda a relação dos jovens com as mídias sociais, tendo em vista que a protagonista, Kayla, compartilha vídeos motivacionais no Youtube que quase não recebem visualizações. Enquanto isso, existe o desenvolvimento da relação entre pai e filha. De acordo com Burnham, a temática surgiu de suas próprias experiências durante a adolescência. O filme também esboça temas como sexualidade e saúde mental da geração Z (ou geração pós-millennial).

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