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CULTURA

Sonhos dilacerados

A história de mulheres que tiveram suas juventudes roubadas em meio ao sonho de uma vida melhor – esse é o tema abordado pela série Tráfico de ilusões, dirigida e escrita por Isabela Eva. O capítulo piloto estréia para o grande público nesta segunda-feira, às 20h, na 12ª edição da mostra O amor, a morte e suas paixões. A sessão dura cerca de 30 minutos e será realizada no Cine Lumiére do Banana Shopping, na Avenida Araguaia, Centro. O valor do ingresso é promocional, e sai por $12,00 para todo o público. Na última terça-feira, Isabela Eva e o elenco da série visitaram a redação do Diário da Manhã. Em nossa conversa, falamos sobre o processo de criação do filme, e da importância de se discutir essa realidade.

Além de uma carreira consolidada na música, através da banda de metal Bella Utopia, Isabela Eva possui vasta experiência no campo do cinema. Atuou em várias capitais do país, e em 1994 trabalhou com o diretor Nelson Pereira dos Santos, uma das maiores referências do Cinema Novo brasileiro, no longa-metragem A terceira margem do Rio. Em 2016, dirigiu o curta Quarto 10, baseado na investigação do delegado Antônio Gonçalves, encarregado do caso Pedrinho – bebê sequestrado na maternidade por Vilma Martins. “Já é o segundo trabalho que eu faço abordando temas reais. Me inspiro muito como atriz em escrever histórias que eu vejo”, conta a diretora. Em seu novo trabalho, ela aborda um tema de grande sensibilidade e relevância na sociedade goiana. “Goiás sempre foi um foco muito grande do tráfico internacional de mulheres”, explica.

Pesquisa

O contato com a professora Telma Ferreira do Nascimento Durans, da UFG, especialista no assunto, muniu Isabela Eva de conhecimento mais aprofundado, tendo em vista que a mensagem da série vai além do entretenimento e da linguagem cinematográfica. “Eu tive contato com a professora Telma, que esteve na Espanha entrevistando meninas e lançou um livro sobre o assunto, o drama e a vida dessas meninas que vivem uma ilusão, e a realidade é bem diferente. É um trabalho escravo e sexual”, conta. O formato, de acordo com Isabela, foi escolhido pela necessidade de ampliar o desenho dos personagens, mostrar realidades distintas, e individualizar aqueles que participam da trama.

A preparação para as filmagens exigiu grande foco de Isabela e de toda equipe, devido ao papel social que a obra representa. “Uma coisa é ter uma visão como atriz, outra é ter uma visão real”, explica a diretora. João Carlos Leal, que vive o personagem Tiago, explicou um pouco da atmosfera de criação à qual os atores foram submetidos. “Quando pegamos um tema assim, baseado em histórias reais, existe a responsabilidade de construir um personagem para que o público consiga ver que não é apenas uma invenção, mas uma representação do que temos na realidade. Trazer essa verdade se torna um desafio”, afirma. Praticamente todo o elenco veio do teatro, buscando ampliar os horizontes no cinema, através de um workshop realizado por Isabela Eva.

A atriz Lorrany Marciel, natural de Inhumas, que vive a personagem Poliana – uma jovem meiga e desconfiada, em suas próprias palavras. Ela faz teatro desde 2016, e estréia no cinema nesta segunda, com o piloto da série. “É um sonho, não tem como descrever, é uma emoção grande. É uma nova realidade, uma outra arte. É mais contido, pois no teatro existe um exagero intencional. No cinema a câmera está em você. É outra realidade”. Mariana Moretti, que interpreta Graziela, comentou sobre o desencadear de fatos que envolve a vivência das jovens no tráfico internacional de mulheres. “Acontece tudo muito rápido, e ver tudo isso acontecendo, sabendo que isso atinge várias pessoas e passar isso pro público exige um foco emocional muito forte”.

A personagem Soraia, vivida por Lorena Freitas, encontra-se numa situação de vilã por ambição. “Eu faço o papel de uma das aliciadoras. Ela é uma das vilãs mas ao mesmo tempo não quer ser. Ela age porque tem alguém acima dela que manda, mas no fundo não era o que ela queria viver. A ambição é muito grande e ela acaba se deixando levar”. De acordo com Isabela, a intenção é levar as câmeras pro exterior, e gravar partes de Tráfico de Ilusões na Espanha. A empreitada conta ainda com a experiência da atriz Rizney Lima, que morou por 16 anos no país. “Conheço bastante a Espanha, vários lugares e pessoas e pessoas, que podem nos auxiliar em levar esse produto pra fora”, conta.

Após a sessão, o público poderá bater um papo com o elenco, além de conversar com a professora Maria Angélica Peixoto, especialista em tráfico internacional. Depois disso, o evento continua com pocket show com Michael Rezende, autor da música tema da série.

Serviço

Tráfico de Ilusões - episódio piloto

Estreia: 25 de fevereiro

Horário: 20h00

Classificação indicativa: 16 anos

Ingresso: R$12,00

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