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CULTURA

A arte de se produzir cultura sem dinheiro público

Carlos Pereira

Em tempos difíceis com o enfraquecimento das políticas públicas para o setor da cultura, muita gente está buscando outros caminhos para realizar seus projetos. Uns optam pela utilização de sites especializados em arrecadar recursos. Este é o caso da cantora Milla Tuli que buscou o site Catarse para financiar projeto para a gravação de um DVD. Outros vão na raça mesmo, como conta o produtor cultural João Lucas que realizou recentemente - sem recursos públicos - a 18ª edição do tradicional Festival Vaca Amarela.

“Muito desafiador, muito difícil, mas muito aprendizado. Nos conecta com quem realmente está inserido no mercado da cultura. Me senti muito mais próximo dos verdadeiros agentes culturais: os artistas, o público, os pequenos empresários locais, os gestores de espaços públicos”, afirma um João Lucas feliz com o resultado alcançado sem a utilização de nenhum recurso público. “As leis de incentivo são importantes, mas a gente não pode parar. Temos que produzir. O show tem que continuar”, conclui.

É diante deste quadro de instabilidade na gestão de recursos públicos que será realizada neste ano a 3ª edição do Seminário Goiano de Produção Cênica. “Como produzir frente ao enfraquecimento das políticas públicas culturais”? Esse e outros temas serão debatidos na programação que se inicia hoje e prossegue até amanhã das 9 às 21 horas, no Teatro-Escola Basileu França, no setor Universitário. Os ingressos, para quem se interessar custam R$ 20 e podem ser adquiridos através do site www.basileufranca.com.br

O coordenador do Curso Superior de Produção Cênica do Basileu França, Juliano Silvestre, explica que a 3ª edição do Seminário Goiano de Produção Cênica mantém a mesma finalidade, buscando aproximar estudantes, professores e produtores culturais com a comunidade a fim de discutir a importância do exercício profissional do produtor dentro da cena cultural e artística do estado de Goiás. Ele diz ainda que a escolha do tema foi feita diante de uma realidade que vem crescendo nos últimos tempos.

“O seminário goiano de Produção Cênica na sua terceira edição trará a questão do atual enfraquecimento das políticas públicas culturais e como não parar de produzir frente a esse caos. Então a proposta de trazer esse tema vem com o objetivo de tentar encontrar meios empreendedores e criativos para que a produção e toda sua cadeia de distribuição não sofra descontinuidade de tudo aquilo que já se fez, afirma o coordenador do seminário. Juliano destaca a importância do curso de Produção Cênica e do seminário para a cultura em Goiás. .

João Lucas:“ As leis de incentivo são importantes, mas a gente não pode parar. Temos que produzir. O show tem que continuar” - Foto: Reprodução/ Acervo Pessoal

Produção Cênica

“O curso de Produção Cênica do Itego em Artes Basileu França completa seis anos de existência e durante os últimos três anos enxergamos algumas necessidades dentro da classe cultural e acadêmica que ainda não se convergiam num debate de ideias e ações com o intuito de fortalecer o mercado cultural no estado de Goiás. Neste sentido, foi identificada a necessidade de possibilitar aos profissionais de cultura e empreendedores de Goiás um espaço para aprimoramento e troca de experiências”, explica.

O professor fala da evolução do seminário desde a 1ª edição. “O 3º Seminário Goiano de Produção Cênica irá tratar das inúmeras experiências de produtores locais e nacionais, numa simbiose de profissionalismo e tratativas de fortalecimento da categoria de produtores dentro da cena artística e cultural. Da primeira para essa o grande diferencial foi conseguir reunir produtores e gestores culturais a fim de nos mostrar como eles têm produzido e gerido os produtos e serviços que envolvem à cultura e a arte sem dinheiro público”, enfatiza.

A produtora de longa experiência em produção cultural em Goiás, Claudinha Fernandes, também destaca a importância do seminário para o fortalecimento da cultura no Estado. “Fiquei muito feliz e honrada em ser convidada para essa mesa de debates, sou produtora há mais de 20 anos e já passei por diversos períodos de crise. Administrar na crise é realmente difícil, temos que levar em conta a coragem para enfrentar os desafios da escassez de recursos públicos. A criatividade aumenta, nos reinventando e nos fortalecemos”, ressalta.

Neste ano, o seminário vai trazer produtores e gestores para discutir os novos rumos da produção cultural no Estado. Realizadores do Festival Bananada e do Vaca Amarela estarão presentes. Entre os debatedores estão Décio Coutinho, Claudinha Fernandes, Fernanda Fernandes, José Loures, Paulo Rolim, Maneco Maracá, Carlinhos PO Box e João Lucas Ribeiro. Haverá ainda debates, palestras, mesas redondas e performances circenses, com convidados nacionais e regionais, além de oficinas com alunos do Curso de Produção Cênica e da comunidade externa.

Décio Coutinho - Gestor de projetos com ênfase em cultura e criatividade - Foto: Reprodução

Serviço

3º Seminário Goiano de Produção Cênica (SGPC)

Dia: 10 e 11 de outubro 2019

Horário: das 9 às 21h

Local: Teatro-Escola Basileu França

Ingressos: R$ 20 através do site www.basileufranca.com.br

Veja a programação completa abaixo:

10 (Quinta-feira)

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