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CULTURA

Fazendo a cabeça

Lembra-se do Benevides Paixão, personagem criado pelo Angeli? 

Sentia-se, coitado, um Paulo Francis, mas nunca passou de uma correspondência ali no Paraguai. Para ele, o Novo Jornalismo e outras possibilidades estilísticas eram meras frescuras – o que vale a pena mesmo era o velhão lead e sublead, na visão do escriba.

Mas, esqueça tudo o que lhe foi dito no primeiro parágrafo desta croniquinha de quinta: neste momento, onde cidadãos instigados debatem os caminhos da imprensa tradicional, mídia impressa morre ou não?, eis que me vem à cabeça uma lista de livros sobre o bom e velho jornalismo.

Ei-la:

‘Rastejando Até Belém’ - Clássico do ensaísmo americano do século 20, a obra da jornalista Joan Didion areja nossa cuca ao mostrar que a patota do New Journalism não criara elaboradas narrativas literárias sobre o cotidiano. Não: ela fazia isso simultaneamente a eles. Mas, como não tinha um emprego na Esquire ou New Yorker, ficara relegada a segundo plano.

‘Hell´s Angels’ – Qualquer lista que não tenha o Gonzo, vixe, é mandrake, e não é à toa: o cara é tido como o criador do estilo porra-louca no qual o narrador se insere no fato reportado, isto é, o protagonista da notícia é o próprio repórter. Trata-se da forma mais maluca e ousada de contar histórias. Importante saber disso: Thompson é um bêbado, mas nem todo bêbado é Thompson.

‘Paris É Uma Festa’ – Ora, qual jornalista não curtirá ler as peregrinações literárias e etílicas de um dos maiores nomes da literatura de todos os tempos? Hemingway nos dá uma aula de como observar o mundo ao nosso redor. É pra aprender a escrever de maneira concisa, direta e objetiva.E sem, lógico, perder o estilo ou soar pobre por simplificar uma narrativa.

‘Dez Dias Que Abalaram o Mundo’ – Considerado o inventor do chamado Jornalismo Literário, o livro-reportagem do jornalista norte-americano John Reed é uma narrativa eletrizante – do início ao fim – sobre os acontecimentos da Revolução Russa. Reed, também autor da obra “México Insurgente”, é um ícone. Morreu na União Soviética e foi louvado pelos revolucionários.

‘Feliz Ano Velho’ – Marcelo Rubens Paiva escreveu um dos melhores livros da literatura brasileira do século passado. Leve, direito, duro e preciso. A obra deve figurar entre as principais de qualquer bom contador de histórias que se preze. Bem-humorada, mas não menosprezar o drama.

‘Minha Razão de Viver’ – Samuel Wainer é um dos maiores jornalistas brasileiros de todos os tempos. Quanto a isso nem precisamos questionar. O que é foda, no entanto, é o valor documental desta obra: “Minha Razão de Viver” passa pelos bastidores do poder, de Getúlio Vargas a JK. Até os milicos estão no livro.

‘Chatô: O Rei do Brasil’ - Fernando Morais dá aula: do início ao fim nos mostra como é a pauta, a redação e a edição de uma boa reportagem. Enfim, só lendo para saber a qualidade dessa obra.

‘Morrer de Amor’ - Ruy Castro é um daqueles jornalistas que estão em falta e foram expulsos dos jornais pela seriedade do articulista. Seus textos, hilários. Leve, a prosa. Aqui vemos ele discorrer sobre bares, restaurantes, sebos e uma infinidade de lugares que marcam o cotidiano das cidades.

E você aí, notou algum livro que o escriba esqueceu?

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