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Os anos de ouro da música goiana retratados em páginas

Será lançado nesta quinta-feira, 28, o livro “Fernando, João, Marcelo e a geração que fez da música goiana sucesso popular”, do jornalista Iuri Rincon Godinho, que conta a história dos quatro primeiros goianos que gravaram disco de vinil na década de 1980, sendo eles: Fernando Perillo, João Caetano, Marcelo Barra e o maestro José Eduardo Morais.

Geração esta que levou os sons produzidos aqui, no meio do Cerrado, para o resto do Brasil, garantindo uma consolidação da música goiana no mercado fonográfico brasileiro. Além disso, a obra ilustra como era a música goiana até os anos 1970 e conta a história do Comunica-Som, o maior festival de cultura de Goiás, responsável por presentear a cultura goiana com grandes talentos.

Fernando Perillo iniciou na música na década de 70, cantando em bares e festivais de Goiânia. Em 1982, lançou "Sinal de Vida", e desde então já lançou 12 trabalhos autorais, sendo um dos maiores expoentes da música goiana.

Marcelo Barra começou cedo, quando criança, tocava cavaquinho, depois aprendeu a tocar violão. Em 1976, com apenas 15 anos, venceu o Comunica-Som. Em 1981, em parceria com o maestro José Eduardo Morais, lançou o álbum "Coisas tão nossas", no ano seguinte gravou o compacto simples da música "Araguaia". Quando Fafá de Belém gravou a canção, Barra se tornou conhecido no meio musical do Brasil.

Letrista Otávio Daher e João Caetano. (Foto: Divulgação/Arquivo Pessoal)

João Caetano é formado em Medicina, mas apesar de ter um diploma na área, sua paixão por música é marca registrada. João é conhecido por canções como “Pega” e “Roda Gigante”, e já participou do programa "Fantástico", depois disso, várias de suas canções viraram temas de novelas, como Pão Pão, Beijo Beijo; Fera Radical; Salvador da Pátria; Pantanal e Bicho do Mato.

José Eduardo Morais e Fernando Perillo. (Foto: Divulgação/Arquivo Pessoal)

José Eduardo Morais foi maestro, compositor e arranjador musical, responsável por tornar as músicas cada vez mais públicas através de seus arranjos e contribuindo para a classe musical de Goiás. Além disso, José foi superintendente de Atividades Culturais da Secretaria de Educação de Goiás (SEDUC), superintendente de cultura, superintendente de ação cultural, superintendente de obras e recuperação do patrimônio no governo de Goiás e diretor de ação cultural. Além de ter trabalhado na TV Manchete e na Rede Globo.

São nomes de peso e de extrema importância para a cultura goiana, que mostrou e ainda mostra ao Brasil seus artistas e suas façanhas, além de seus repertórios musicais que levam Goiás nas letras, nos cantos, nos arranjos e na emoção.

O legado e o prestígio destes artistas nos anos 70 e 80 é eternizado não somente pelas suas influências, mas por cada palavra escrita no livro de Iúri Godinho, que cumpre seu papel como jornalista trazendo o que tanto faz falta no cotidiano: a cultura.

O Diário da Manhã entrevistou Iúri Godinho, que destacou, dentre outros feitos, a relevância nacional que os artistas goianos obtiveram com suas obras.

Qual a proposta inicial da sua obra “Fernando, João, Marcelo e a Geração que Fez da Música Goiana Sucesso Popular”?

A proposta inicial da obra é a proposta final, é mostrar como Fernando, João Caetano e Marcelo Barra foram guarda-chuva sobre a qual a música Goiânia se abrigou depois dos anos 80. Aí tudo tudo partiu deles: o movimento das pessoas que vieram depois, Maria Eugênia, Tom Chris, também o movimento do rock que desaguou no Bananada no Goiânia Noise, no Vaca Amarela e depois o pop-rock foram esses três pessoas e o pessoal da geração dele que provou que dava para viver de música em Goiânia.

Com o lançamento dos primeiros discos de vinil dos artistas goianos, o Brasil pôde adentrar mais nos sons do cerrado, ou o cerrado que contribuiu ainda mais para o MPB?

Os discos dos três contribuíram para divulgar a música feita em Goiás nos outros locais, porque era pelos discos que as rádios tocavam, era pelos discos que os programas de televisão contratavam os artistas para cantarem. João Caetano e Marcelo tocaram o Fantástico, ambos tiveram músicas gravadas em novelas.

No livro, você traz grandes nomes da cultura goiana, dentre eles, José Eduardo Morais, que infelizmente nos deixou este ano. Qual o legado de José para a música e cultura brasileiras?

José Eduardo foi importantíssimo, porque durante toda a década de 70 ele era o músico goiano de maior expressão no Brasil porque porque ele tocava na orquestra da Rede Globo ele arranjava músicas para o Roberto Carlos depois, ele foi para Manchete, fez o Bar Academia com todos os grandes nomes da música popular brasileira como Chico Buarque, João Bosco, ele era um cara que conhecia todos os músicos do Rio de Janeiro. Ele abriu as portas para o Marcelo Barra, acabaram gravaram dois discos em parceria, além de ter diso o produtor do primeiro disco do Fernando Perillo Que se chamou “Sinal de Vida”, além disso ele produziu os dois primeiros shows profissionais da música Goiânia nos anos 80, que foram “Olhos D'água” e 81 “Sinal de Vida” em 82.

Fernando Perillo, Marcelo Barra e João Caetano são outros três artistas que traduzem Goiás através do MPB. Qual a influência destes artistas atualmente?

Todos estão na ativa e eles sempre tiveram influência. João Cateano lançou um disco no fim do ano passado, em homenagem ao Tavim Daher que morreu. Fernando Perillo e Marcelo Barra fazem live direto, o Fernando vai lançar um vinil ano que vem. E claro, são as três pessoas que mais tem música que o goiano conhece, a gente pode citar aí "Roda Gigante", "Tá na terra", "Araguaia", "Saudade Brejeira". Eles continuam sendo as principais referências da música feita em Goiás hoje, o povo não sabe cantar dos outros músicos como sabe cantar a música desses três.

Qual o sentimento sobre estar traduzindo a arte, poesia em forma de música em um livro que, de fato, homenageia estes grandes artistas que descentralizaram o MPB do eixo Rio-São Paulo?

Eu encaro a literatura como uma missão, eu tinha a missão de resgatar a história dessas pessoas que, quando não tinha nada, eles foram lá e fizeram, quando ninguém gravava disco, eles foram lá e gravaram. E a gente não pode esquecer dos outros nomes dessa geração, Gustavo Veiga, Valter Mustafé, Ricardo Leão, Bororó, esses dois últimos também de influência nacional, então não podemos esquecer deles.

Serviço

Lançamento do livro “Fernando, João, Marcelo e a Geração que Fez da Música Goiana Sucesso Popular”, do jornalista Iúri Rincon Godinho - 280 páginas, capa dura

Preço: R$ 70

Local: Cifarma – BR 153, Km 5,5, Jardim Guanabara, Goiânia – Waze: Cifarma

Horário: 20h

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