Home / Cultura

CULTURA

Chorinho retorna de maneira itinerante com clássicos do samba e choro

Sete, oito ou nove e qualquer coisa, na verdade depois de as engrenagens do labor cessarem, o repórter acendia um cigarro, distribuía-o aos amigos, sorvia cerveja long-neck comprada dos vendedores ambulantes, ouvia a melodia da canção alimentar o flerte entre gargalhadas suscitadas pelas mentiras sinceras contadas no auge do crepúsculo que abria alas ao parque de diversões noturno: o Chorinho, tradicional evento goianiense, ufa!, está de volta. São anos de rolês exageradamente agradáveis.

É uma ligação antiga com a cidade, portanto. Desde 2003, quando nasceu a partir da proposta de levar a galera a ocupar democraticamente as ruas da cidades, o Chorinho serviu de palco para artistas que se tornaram nomes que estão na boca do público. Por ali, na saudosa aglomeração cultural pré-pandemia, vixe, passaram Claudia Garcia, Grace Carvalho, Carne Doce, Boogarins. Mas a última vez que houve reunião nas calçadas do Grand Hotel para prestigiar o evento foi no longínquo novembro de 2019.

“A ideia de retomar o Chorinho é uma coisa que a cidade estava pedindo há muito tempo”, afirma o produtor cultural Carlos Brandão. Daí, a pedido da produtora Fernanda Fernandes, Brandão visitou o secretário de cultura, Zander Fábio, que lhe disse que queria bater um papo consigo sobre o Chorinho. “Então, partiu dele a ideia de retomada. Pediu para que a gente fizesse uma proposta de como poderia ser: é fácil, né, pois o Chorinho já acontece há muito tempo e não fica difícil dar uma ideia geral.”

Brandão desenhou como seria a roupagem 2021, fez as modificações que Zander julgou necessárias para adequar à realidade da Secult municipal e a ideia vingou. Para a retomada do evento, a ser realizada nesta sexta-feira, 5, o músico João Garoto subirá ao palco acompanhado pelo grupo Brasileirinho, às 19h, e na sequência os holofotes musicais recaem sobre o conjunto Nóys é Nóys. Ao contrário das edições anteriores, o som vai rolar na Estação Cultura, Antiga Estação Ferroviária, na Praça do Trabalhador.

Intérpretes de baluartes da MPB, o grupo Nóys é Nóys promete um repertório de 18 a 20 músicas, no máximo 22, porque será uma apresentação curta: Paulinho da Viola, João Bosco e Aldir Blanc, além de Chico Buarque, Cartola, Noel Rosa, Zeca Pagodinho e Martinho da Vila estarão no setlist – como faltar? “Eu tentei colocar nesse elenco canções que fazem parte da trajetória do Nóys é Nóys ao longo desses 41 anos de estrada, uma vez que começamos em 1980, ainda no Colégio Agostiniano”, diz Xexéo.

Retorno aos palcos

De fato, a volta de eventos culturais, como Bananada, Goiânia Noise, Goiânia Canto de Ouro, Villa Mix, entre outros que acontecem na cena cultural goianiense, é importante para os músicos. Efetivamente, ficaram sem poder trabalhar em bares e casas noturnas no último um ano e meio. Xexéo, porém, alerta: “os organizadores precisam de cuidados para a prevenção contra a covid-19, que ainda está aí, e os músicos a mesma coisa, mas devagar e gradativamente vamos retornando aos palcos.”

Segundo Brandão, que esteve à frente do Chorinho nos anos anteriores, a ideia é levar o rolê para outros locais e, com isso, chegar até pessoas que não frequentam tanto o Centro. Há também, ele ressalta, mais um agravante: o Grand Hotel, por causa das obras do BRT, se tornou impraticável. “Mas é tudo uma questão da Secult definir o que quer fazer, e ir lá e fazer”, pontua o produtor cultural. “Chorinho e Canto de Ouro de uma só vez. Canto de Ouro começa dia 4 e Chorinho no dia 5.”

Em formato Itinerante, o Chorinho acontece neste mês na Estação Cultura e depois parte, em dezembro próximo, ao Palácio da Cultura, no Setor Universitário. Para o secretário de cultura Zander Fábio, as mudanças vão expandir o evento para outros polos da cultura. “Nossa intenção é fazer com que ele, o Chorinho, chegue cada vez mais perto das pessoas e continue levando alegria e música para quem acompanha os shows de grandes nomes da cena cultural de Goiânia”, afirma o secretário.

Já Brandão afirma que conversou com João Garoto e Xexéo, do Nóys é Nóys, porque os dois são na verdade pessoas que representam seus gêneros músicas: “João é do samba, choro. E Xexéo canta muito samba. A gente quis começar com pessoas que estão na estrada há 30, 40 anos, pra mostrar que essa história não acaba”, relata Brandão.

Para outras datas, neste e no próximo mês, foram nomeados um punhado de outros artistas para participar (leia o box). “Esse ano é mais pocket, pra gente testar a coisa acontecendo, a secretaria está fazendo mais um teste. No ano que vem, o secretário quer fazer coisas mais grandiosas”, adianta. O Chorinho, a música, o flerte, a breja, em condições térmicas adequadas ou duvidosas, na verdade o brilho da noite com os amigos reunidos, não pode parar. E resistentemente não vai, obrigado.

Confira as atrações do Chorinho em novembro e dezembro

5/11

19h – João Garoto e grupo Brasileirinho

20h15 – Nóys é Nóys

Local: Centro Cultural Estação Cultura – Antiga Estação Ferroviária – Centro

12/11

19h – Diabo a Quatro

20h15 – Fernando Boi

Local: Centro Cultural Estação Cultura – Antiga Estação Ferroviária – Centro

19/11

19h -Bruno Rejan e Grupo

20h15 – João Nogueira – 80 anos

Local: Centro Cultural Estação Cultura – Antiga Estação Ferroviária – Centro

26/11

19h – Leandro Mourão e Banda

20h15 – Pó de Mico

Local: Centro Cultural Estação Cultura – Antiga Estação Ferroviária – Centro

03/12

19h – Rozi Miranda convida Caetano Bartolo

20h15 – Grupo Dengo

Local: Biblioteca Marieta Telles/Palácio da Cultura, Setor Universitário

10/12

19h – Karine Serrano e Nonato Mendes

20h15 – Diego Mendes

Local: Biblioteca Marieta Telles/Palácio da Cultura, Setor Universitário

17/12

19h – Face Quarteto

20h15 – Beaju

Local: Biblioteca Marieta Telles/Palácio da Cultura, Setor Universitário

Leia também:

edição
do dia

Capa do dia

últimas
notícias

+ notícias