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Petróleo em queda

Preço do barril acumula perdas de 60% desde junho de 2014

Do G1

O petróleo segue ladeira abaixo neste início de ano, negociado abaixo de US$ 50 o barril, nos valores mais baixos em cerca de seis anos. Nos mercados internacionais, o barril acumula perdas de 60% desde o pico de junho de 2014, quando era negociado a US$ 115.
É o pior tombo de preços desde 2008, quando os preços do petróleo perderam mais da metade de seu valor em plena crise financeira internacional.
Os principais apontados como “culpados” pela queda dos preços são o aumento de produção, em especial nas áreas de xisto dos EUA, e uma demanda menor que a esperada na Europa e na Ásia.
Em novembro do ano passado, essa queda se acentuou, diante do excesso de oferta e da recusa dos países da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) em reduzir seu teto de produção, independentemente do preço no mercado internacional.
A Opep culpa a grande produção de óleo de xisto pelas baixas cotações da commodity e, segundo alguns analistas, estaria disposta a aceitar um preço ainda mais baixo para tirar do mercado outros produtores ou inviabilizar a exploração de rivais como os produtores norte-americanos.
Com o ‘boom’ do xisto nos últimos anos, a produção norte-americana disparou e se situa em níveis recordes em 30 anos, com mais de 9 milhões de barris por dia.
Desde que começaram as perfurações do xisto, nos Estados Unidos e outros países, como o Canadá, os sauditas fazem de tudo para não perder mercado.
“Temos vivido uma superprodução, oriunda sobretudo do petróleo de xisto, e isso deve ser corrigido”, afirmou o ministro de Energia dos Emirados Árabes Unidos, Suhail Mazrui. “O petróleo de xisto acrescenta 4 milhões de barris diários (mbd) procedentes dos Estados Unidos no mercado e são previstos mais 4 mbd em 2020. Mas essa produção não poderia se sustentar com os preços atuais”, completou.
A Opep reúne 12 países, entre eles, Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita, Irã, Iraque, Venezuela e Angola.

Países mais
afetados
Alguns países sofrem particularmente com a redução dos preços do petróleo, sobretudo Venezuela, Rússia e Irã, em razão do grande peso das exportações da commodity em suas economias.
A Venezuela, por exemplo, teve a sua classificação de risco rebaixada pelas agências Moody’s e Fitch para a categoria de risco de calote em razão do impacto da queda dos preços do petróleo sobre a balança de pagamentos e as reservas de divisas do país.
O Irã também foi muito afetado pela queda de preços. O presidente iraniano Hassan Rohani afirma, porém, que a economia do seu país poderá superar a queda das cotações e advertiu que “quem planejou a redução dos preços do petróleo contra certos países vai lamentar”.
O Irã é o quarto país do mundo em reservas de petróleo, mas sua capacidade de exploração está muito limitada pelas sanções internacionais que sofre devido ao seu controvertido programa nuclear.
A Rússia, que obtém metade de suas receitas públicas do petróleo, também tem sido fortemente atingida. Depois de ter sofrido uma desvalorização de 41% em 2014, a moeda russa continua caindo em relação ao dólar, abalada pelos efeitos da queda dos preços do petróleo sobre a economia do país e pelas sanções internacionais.

Quem lucra e quem perde
A queda dos preços afeta diretamente as empresas que exploram petróleo e os investimentos no setor. A petroleira canadense Suncor, por exemplo, anunciou o corte de mil postos de trabalho para reduzir custos de exploração entre US$ 600 milhões e US$ 800 milhões em dois anos.
Já quem está se dando bem com a queda dos preços são os grandes importadores e dependentes do petróleo, como Filipinas e China, que estão aproveitando os preços baixos para impulsionar o crescimento econômico ou reverter a desaceleração econômica.
O Banco Mundial avalia ainda que o preço mais baixo do petróleo está reduzindo a inflação no mundo todo e é provável que retarde as altas nas taxas de juros nos países ricos.
Grandes comerciantes de petróleo do mundo também têm aproveitado o momento para contratar superpetroleiros para armazenar estoques de barris no mar à espera de uma recuperação dos preços.
A estratégia também está elevando as taxas de frete de navios-tanque, e as empresas de transporte têm visto os preços de suas ações subirem.
Grandes consumidores de combustível como as companhias aéreas tambem podem, em tese, ser beneficiados com o combustível mais barato e levar essa economia para uma redução nos preços.

E o Brasil e a
Petrobras?
A queda do preço do petróleo no mercado internacional também diminui a rentabilidade dos projetos de exploração no pré-sal, que foram planejados levando em conta um preço mínimo do barril entre US$ 45 e US$ 52 para a produção poder ser considerada economicamente viável.
A Petrobras afirmou em comunicado, porém, que está aumentando sua capacidade de produção no pré-sal de “modo economicamente viável” e que o chamado “break even” (ponto em que os ganhos se equivalem aos gastos) foi calculado levando em consideração uma vazão de poços entre 15 e 25 mil barris por dia, abaixo do patamar atual de 20 mil barris por dia.
Por outro lado, a petroleira brasileira tem conseguido reverter parte da perda acumulada no ano passado da defasagem entre os preços dos combustíveis no mercado internacional e os cobrados no mercado interno. Atualmente, o preço nacional da gasolina já está quase 70% acima do preço internacional do combustível importado pela companhia, segundo levantamento do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE).
A queda da cotação internacional deve provocar também uma diminuição na arrecadação dos royalties sobre a produção neste ano, afetando a receita das prefeituras, governos dos municípios e Estados produtores.

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