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Mercado de sorvetes e picolés

Um mercado que tem apresentado crescimento constante, ao longo dos anos, é o setor de sorvetes e picolés, tendo registrado consumo de 1,2 bilhão de litros ao longo da última década, de acordo com a Associação Brasileira das Indústrias e do Setor de Sorvetes (Abis), o que representa uma alta de mais de 90%, o que faz com que tal mercado apresente oportunidades de crescimento. Conforme a Abis, o consumo médio dos brasileiros é de 6,5 litros de sorvete por ano, já em outros países essa média é três vezes maior. No entanto, com a chegada do inverno tal setor tende a desaquecer, visto que as pessoas preferem alimentos quentes nessa época do ano. Mas, para a diretora da consultoria de gestão de negócios Vecchi Ancona, Ana Vecchi, basta ser criativo, ousado e saber formar parcerias para prosperar no mercado, evitando prejuízos.

Conforme o diretor presidente da empresa goiana de picolés e sorvetes Creme Mel, Antônio Benedito dos Santos, de fato o consumo e as vendas dos produtos caem durante o inverno, “em especial nos meses de abril, maio e junho”. Mas uma das estratégias da empresa é promover as férias dos trabalhadores no primeiro semestre do ano, visto que a produção também é diminuída. Antônio Benedito ainda destaca que o fato de ser um produto “com qualidade e um preço um pouco abaixo que as multinacionais, faz com que a gente continue vendendo”, revela. O diretor presidente da empresa de picolés e sorvetes ainda ressalta que a economia do País tem afetado todos os mercados, o que faz com que as pessoas não consigam manter o mesmo padrão de vida e, para evitar prejuízos, a empresa tem aberto novos pontos de vendas e colocado os freezeres em lugares estratégicos. “Também realizamos promoções, parcerias e degustações nos pontos de venda”, conta.

Para a consultora Ana Vecchi, o diferencial que as empresas de picolés e sorvete precisam para evitar a queda no consumo dos produtos durante o inverno é ter criativade e criar a identidade de uma sobremesa gelada e não somente algo refrescante e que seja associada ao calor. “Para enfrentar a sazonalidade, o ideal é que a composição do sorvete seja com algo quente, como petit gateu ou brownie, o que faz com que aumente o consumo do produto ou que não caia e as vendas permaneçam”, afirma. Ana acrescenta que a indústria de sorvetes é muito criativa e, “a criação de sabores relacionados ao que consumimos no inverno gera a curiosidade do consumidor em conhecer um sabor e produto diferente. Um exemplo seria associar sabores comuns das festas juninas, como pé-de-moleque”, destaca.

Comércio de paletas e franquias

De acordo com Ana Vecchi, uma das maneiras de sobressair no mercado de sorvetes e picolés é por meio de franquias, pois, dependendo da estratégia, a empresa pode contar com representantes, distribuidores ou franqueados. "Se quiser lidar com o varejo, o melhor caminho são as franquias, como as paletas mexicanas”, ressalta. Para o diretor presidente da Creme Mel, abrir franquias com sua marca não seria algo interessante. "Não temos franqueados e sim lojas exclusivas. Buscamos o leite todos os dias na fazenda, mas mantemos esse processo porque é o grande diferencial, visto que trabalhamos com leite fresco e de vaca Jersey, por isso franquia não compensa, já que poderíamos perder a qualidade de nossos produtos”, ressalta Antônio Benedito.

A consultora Ana Vecchi acredita que a indústria de sorvetes, em geral, tem um mercado vasto de possibilidades, sendo possível fornecer, além de redes de franquias, para paleterias, restaurantes, lanchonetes, bares, hotéis, cantinas escolares, cantinas de hospitais, postos de gasolina, entre outros. “Também há diversas empresas querendo desenvolver produtos com marca própria, o que é super bacana para a indústria de sorvetes. O espaço para crescer é, ao meu ver, ilimitado. Sabendo trabalhar é um mercado sem limites”, finaliza.

Pensando em tal crescimento, a empresa de paletas mexicanas Palecolé pretende expandir sua atuação no mercado de sorvetes ao abrir uma franquia em Goiânia, no próximo mês. No entanto, um dos desafios da marca é chegar em uma nova cidade e na época mais fria do ano. Para o diretor-geral Anderson Galvez, quando se possui um plano de ação bem definido e uma cultura favorável, os riscos são menores. “Mas se tratando de paletas ou sorvetes, é imprescindível que o empresário repense o seu mix de produtos. É preciso multiplicar a satisfação de seu cliente, abrangendo essa relação em todas as estações do ano”, ressalta.

Quebrando o conceito de produto gelado e criando a identidade de sobremesa gelada

O inverno é uma estação que pede pratos quentes e os sorvetes, picolés e as paletas acabam ficando como segundo plano para muitos consumidores. Para a consultora de negócios Ana Vecchi, nessa época é preciso que as empresas de produtos como sorvetes e paletas desenvolvam sabores específicos para a estação, quebrando o conceito de produto gelado e criando a identidade de sobremesa gelada. “Deve tirar o frescor e trazer o conceito de sobremesa cremosa, que mesmo  que esteja frio é impossível resistir”, orienta. Para o presidente da Associação Brasileira das Indústrias e do Setor de Sorvetes (Abis), Eduardo Weisberg, os brasileiros estão se conscientizando de que o sorvete não é uma guloseima, mas sim um alimento nutritivo e que pode ser consumido o ano todo”.

Para Anderson Galvez, as paletas são diferenciadas por serem picolés feitos artesanalmente à base de frutas e com recheios diferenciados, que complementam a degustação. “No caso da Palecolé, iremos adicionar produtos novos, incrementar nossa qualidade de atendimento e de serviços, estamos planejando que a paleta ou os demais produtos sejam um complemento da experiência que o consumidor irá viver, que ele se sinta atraído pela marca, pelos produtos e pelo ambiente que iremos criar”, antecipa. Ana acrescenta que as paletas são uma alternativa de sobremesa para a estação mais fria do ano, visto que com sabores exóticos é possível “criar no cliente a curiosidade pelo produto, inclusive fazendo o cliente voltar, gerando uma fidelização”, argumenta.

Ao se criar um novo conceito para o sorvete, as vendas acabam sendo estimuladas. “Vale criar sobremesas agregando ao sorvete outros itens que funcionam bem no inverno, como a sobremesa com calda combinada ao picolé ou ao sorvete de massa, caldas quentes, seja de chocolate ou de frutas, crepe com sorvete ou mesmo a tapioca, que está na moda. A ideia é variar o mix no inverno e não precisa ser nada absurdo”, afirma Ana, que ainda questiona possibilidade de combinações: “além de criar a sobremesa que leve sorvete, porque não ter uma linha de bebidas com o produto, sejam elas a base de leite, café ou até mesmo alcoólicos? Outro ponto importante é criar um ambiente no ponto de venda algo que remeta ao calor e ao verão. Isso vai estimular as pessoas a quererem o sorvete. Pequenas mudanças na iluminação, das toalhas de mesa, quadros e jogo americano devem resolver isso”, acredita a consultora de negócios.

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