Home / Economia

ECONOMIA

Novo dono da bala Juquinha tenta negociar fórmula há quatro anos

Antônio Tanque, de 57 anos, quer manter as características da amarelinha

RIO - Ex-camelô, Antônio Tanque, de 57 anos, guarda no bolso um tesouro. Um punhado de balas amarelinhas que hoje já não se encontram no mercado. A marca Juquinha está sob o seu comando desde o dia 16 de abril, quando o empresário de Madureira acertou a venda da fórmula da guloseima com o ex-dono da fábrica, Giulio Sofio. Agora, ele vai supervisionar a fabricação ao lado do filho Vitor Tanque, de 25 anos, e promete que a bala virá ainda melhor.

Você foi surpreendido pela onda saudosista da Juquinha?

Estávamos fazendo tudo quietinho. A ideia é que quando o produto estivesse pronto aí sim divulgar. Acabou que saiu a matéria e as pessoas ficaram achando que ia acabar.

Quando foi batido o martelo da venda?

Foi no dia 16 de abril. Foi no dia em que estivemos pela última vez. E fomos uma outra vez para negociar.

E quando começou a negociação?

Há quatro anos tentamos comprar a fórmula, mas o seu Giulio só queria vender com a fábrica.

Qual é a sua trajetória nesse ramo de doces?

Meu pai é fundador do Mercadão. Se for lembrar o nosso começo lá trás todo mundo era camelô em Madureira. Meu pai, eu, meu irmão... tanto é que a gente não tem negócio fora daqui. A gente sempre foi daqui. Vivemos aqui, minha infância, adolescência, juventude.

Então você é do Rio mesmo?

Nascemos no Rio e somos filhos de portugueses, da Ilha da Madeira. Sou brasileiro, mas minha ascendência é toda portuguesa. A Juquinha começou na mão de um português e voltou para de outro.

Você é do ramo de doces, mas do varejo, da distribuição. Como pretende dar esse salto para a fabricação?

A gente vislumbrou que a bala Juquinha, como tantas outras balas por aí, seria um pecado ser esquecida porque fez parte da história de muita gente. Se falava muito quer enganar alguém, dá uma bala Juquinha. Mas nós praticamente não vamos cuidar da área de fabricação. A distribuição de Rio de Janeiro e Espírito Santo será nossa. Para os outros estados a própria empresa que fabricar vai vender. E uma parte do faturamento será revertida para nós.

E para o exterior?

A mesma coisa. Será a mesma empresa e nós só vamos acompanhar. E temos um nível de crescimento que já faz parte do contrato.

Qual volume que vocês estão esperando?

Olha, o Seu Giulio no auge fabricava 600 toneladas. Agora no final ele tava fabricando cerca de 10% disso. Mas não que não tivesse mercado. O mercado estava pedindo, mas ele não queria. 50 toneladas é a nossa previsão mensal para o Rio de Janeiro, isso mal distribuído. Não sabemos agora qual vai ser a demanda com boa distribuição. São Paulo então... Se o Rio é 50 (toneladas) não posso mensurar.

E quanto vocês compravam em Juquinha?

Olha, ultimamente o que ele tivesse para vender a gente comprava. Muito difícil porque variava. No final, estávamos comprando no máximo 12 toneladas. E colocávamos só nas lojas porque se fossemos distribuir acabava tudo. Eu fui obrigado a ter uma quantidade de balas guardada justamente para o controle de qualidade das balas que vão vir. Nós temos, mas não podemos vender. Elas que vão ser o parâmetro: está mais dura, mais mole, o sabor continua até o final... Ela não pode vir pior, só pode vir melhor. Tanto é que fizemos um teste e ela ficou mais macia e sequinha. Melhorou.

Existe um sommelier de bala?

Pode não existir, mas eu e meu filho, o que a gente já provou de bala não é brincadeira. Botei a bala na boca, dei umas quatro mastigadas e o sabor sumiu, então o fabricante não serve. A bala Juquinha o sabor é até o final.

E o formato será mantido?

Estamos demorando mais para colocar no mercado exatamente por isso. A maioria das balas hoje é retangular. Não existe igual à Juquinha. O fabricante vai ter que adaptar a máquina de molde. Fez com aquele quadrado, só serve para a Juquinha.

Leia também:

  

edição
do dia

Capa do dia

últimas
notícias

+ notícias