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Novo embaixador da União Europeia mostra otimismo para acordo com Mercosul

Michèlle Canes – Repórter da Agência Brasil


O embaixador da União Europeia no Brasil, João Cravinho, disse hoje (27), durante encontro com jornalistas, que está otimista com as negociações em torno de um acordo comercial bilateral entre Mercosul (Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai e Venezuela) e União Europeia (UE). Para o novo embaixador, que inicia missão diplomática no país, os momentos de dificuldade enfrentados, tanto pela UE quanto pelo Brasil, abrem possibilidade para “pensar em novas soluções”.

“E isso é extremamente encorajador, porque neste momento, para concluir uma negociação, é  necessário apenas isso: alguma ousadia. Temos um bom calendário à nossa frente, uma boa conjuntura”, afirmou.

Cravinho disse que as propostas de trocas de ofertas entre os dois blocos devem ser apresentadas até o final deste ano. Ele acrescentou que “ofertas ambiciosas” podem criar uma dinâmica de compromisso em relação a novas soluções. “Em 2016, poderemos avançar para, finalmente, ter a conclusão das negociações que já levam tantos anos, mas hoje têm outras características”. Para o embaixador, os lados precisam ser ousados, especialmente o Mercosul. A União Europeia “saberá corresponder", ressaltou.

O chefe da delegação da UE no Brasil destacou que, para ele, seria fácil “apontar o dedo” para o Mercosul e dizer que o bloco tem que “oferecer mais”, e que  tem que sair um pouco da tradição protecionista. Uma tradição que, segundo ele, é muito forte em países da América Latina e, particularmente, no Brasil e na Argentina. “Nós saberemos corresponder, do nosso lado sabemos que, para encontrar uma solução equilibrada, teremos que tomar algumas decisões difíceis, e estamos prontos para isso”.

O acordo bilateral, segundo Cravinho, corresponde a uma nova ligação entre os países envolvidos, em um mundo onde os padrões comerciais vêm mudando a partir de acordos firmados. Ele diz acreditar que, para o Mercosul, esta pode ser a oportunidade de integrar os países ao processo internacional.

Entre os acordos que envolvem o Brasil, o embaixador citou o projeto de construção de um cabo de fibra ótica, que vai unir América Latina e Europa. “É um projeto da maior importância, porque permitirá, tanto para o Brasil como para a UE, que não tenhamos somente uma única forma de acesso e de transmissão de dados”. Ele disse que o processo está avançado e que já foram formados consórcios para que o trabalho siga em frente.“Durante o ano de 2016, poderemos, espero, inaugurar algo que tem um significado geoestratégico grande, unindo a Europa com a América Latina por meio do Brasil”.

Sobre questões relacionadas às mudanças climáticas, Cravinho disse que, no início de novembro deste ano, vai ocorrer um evento no Rio de Janeiro com a participação de autoridades europeias e brasileiras, cientistas e a população. “Não há ninguém, neste planeta, que não seja afetado pelas mudanças climáticas, e isso significa que temos que ter um diálogo com todos. Todos têm responsabilidade em matéria de mudanças climáticas e, nesse sentido, a primeira semana de novembro no Rio de Janeiro será um momento de intercâmbio com toda a sociedade brasileira.”

Com relação ao Brasil, o embaixador disse que, mesmo passando por um momento “delicado”, o país passa confiança para a União Europeia. E lembrou que, no ano passado, foram feitos investimentos europeus correspondentes a mais da metade do investimento estrangeiro no país.

“Os  agentes econômicos europeus acreditam no futuro do Brasil. Não estão com o olhar para o debate politico do momento, do dia, mas estão a olhar para aquilo que o Brasil representa e pode representar em um prazo de 5, 10, 15, 20 anos. E nós, do lado da delegação europeia no Brasil olhamos da mesma maneira o médio prazo, o longo prazo e olhamos com grande confiança e grande expectativa com relação ao cumprimento das grandes potencialidades do país”, afirmou.

O novo embaixador também falou sobre a questão da imigração, problema enfrentado por países europeus. Segundo ele, a temática é um dos aspectos que pode ser debatido entre a UE e o Brasil. “O Brasil, obviamente, não enfrenta o mesmo tipo de pressões, mas tem alguns fatores complicados na matéria de imigração e emigração. E, portanto, esta é uma área muito passível de termos um diálogo aprofundado”.

O português João Cravinho, representou a União Europeia na Índia durante os últimos três anos e foi também secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação no governo de Portugal, seu país de origem.

Editor Maria Claudia

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