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Recessão: nem a agropecuária segurou

O Produto Interno Bruto do Brasil teve queda de 1,9% no segundo trimestre de 2015, na comparação com o primeiro trimestre, informou ontem o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O indicador mostra que a soma das riquezas produzidas no Brasil nos meses de abril, maio e junho foi R$ 1,4 bilhão.  No primeiro trimestre de 2015, o PIB  retraiu 0,7%, ante o quarto trimestre de 2014, dado revisado de uma queda de 0,2%. Com isso, o país passa pelo que é conhecido por "recessão técnica", quando há dois trimestres consecutivos de recuo do produto. A última vez que essa situação ocorreu no Brasil foi durante a crise de 2008. Na comparação com o mesmo período do ano passado, o PIB diminuiu 2,6%, o quinto recuo consecutivo nesse confronto. O mercado esperava, em média, queda de 2%. Desta vez, nem a agropecuária segurou o tranco.

Agropecuária, indústria e serviços caem na comparação com o primeiro trimestre de 2015. A Agropecuária (-2,7%), a Indústria (-4,3%) e os Serviços (-0,7%) tiveram retração. Na indústria, a maior queda se deu na construção civil: retração de 8,4%. A indústria de transformação (-3,7%) e a atividade de eletricidade e gás, água, esgoto e limpeza urbana (-1,5%) também recuaram no segundo trimestre do ano. Já a extrativa mineral registrou variação positiva de 0,3%.

O resultado da agropecuária (1,8%), no segundo trimestre de 2015, em relação a igual período do ano anterior, pode ser explicado pelo desempenho de alguns produtos que possuem safra relevante no segundo trimestre e pela produtividade, conforme o Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA/IBGE - julho 2015). Com exceção do café e do feijão, que apresentaram queda de produção de 2,2% e 4,1% respectivamente, os demais produtos com safra neste trimestre registraram ganho de produtividade e crescimento: soja (11,9%), milho (5,2%), arroz (4,4%), mandioca (2,3%) e cana de açúcar (2,1%).

Serviços, saúde e educação

Nos serviços, administração, saúde e educação pública (1,9%) e atividades imobiliárias (0,3%) apresentaram resultados positivos. As demais atividades sofreram retração em relação ao trimestre imediatamente anterior: comércio (-3,3%), Transporte, armazenagem e correio (-2,0%), serviços de informação (-1,3%), outros serviços (-1,0%) e intermediação financeira e seguros (-0,2%).

Pela ótica da despesa, a formação bruta de capital fixo registrou o oitavo trimestre consecutivo de queda nessa base de comparação: 8,1%. A despesa de consumo das famílias (-2,1%) caiu pelo segundo trimestre seguido. Já a despesa de consumo do governo cresceu 0,7%, em relação ao trimestre imediatamente anterior. No que se refere ao setor externo, as exportações de bens e serviços tiveram aumento de 3,4%, enquanto as importações de bens e serviços recuaram 8,8%, em relação ao primeiro trimestre de 2015.

Na comparação com o 2º tri de 2014, serviços registram queda (-1,4%). Quando comparado a igual período do ano anterior, o PIB apresentou contração de 2,6% no segundo trimestre de 2015. O valor adicionado a preços básicos caiu 2,1% e os impostos sobre produtos líquidos de subsídios recuaram em 5,7%.

Indústria em queda

A indústria sofreu queda (-5,2%), com a indústria de transformação apresentando contração de 8,3%. Esse resultado foi influenciado pelo decréscimo da produção de máquinas e equipamentos; da indústria automotiva; produtos eletrônicos e equipamentos de informática; insumos da construção civil e produtos derivados do petróleo.

A atividade de eletricidade e gás, água, esgoto e limpeza urbana registrou queda de 4,7%, puxada pela redução do consumo não residencial de energia elétrica. A construção civil também apresentou redução no volume do valor adicionado de 8,2%. Já a extrativa mineral, por sua vez, cresceu 8,1% em relação ao segundo trimestre de 2014, influenciada tanto pelo aumento da extração de petróleo e gás natural como também da extração de minérios ferrosos.

O valor adicionado de serviços caiu 1,4%, na comparação com o mesmo período do ano anterior, com destaque para a contração de 7,2% do comércio (atacadista e varejista) e de 6,0% de transporte, armazenagem e correio, puxado pelo decréscimo do transporte e armazenamento de carga. Também apresentou decréscimo a atividade de outros Serviços (-1,9%).

Resultados positivos

Segundo os estudos do IBGE, registraram resultados positivos as atividades imobiliárias (2,8%), administração, saúde e educação pública (0,6%), os serviços de informação (0,5%) - atividade esta que inclui telecomunicações, atividades de TV, rádio e cinema, edição de jornais, livros e revistas, informática e demais serviços relacionados às tecnologias da informação e comunicação e, por fim, intermediação financeira e seguros (0,4%).

Formação bruta de capital fixo cai (-11,9%) em relação ao segundo trimestre de 2014. Todos os componentes da demanda interna apresentaram queda, na comparação do segundo trimestre de 2015 contra igual período de 2014. A despesa de consumo das famílias (-2,7%) registrou a segunda queda consecutiva. Este resultado pode ser explicado pela deterioração dos indicadores de inflação, juros, crédito, emprego e renda ao longo do período.

A formação bruta de capital fixo sofreu contração de 11,9%, no segundo trimestre de 2015, a maior desde o primeiro trimestre de 1996 (-12,7%). Este recuo é justificado, principalmente, pela queda das importações e da produção interna de bens de capital, e também pelo desempenho negativo da construção civil. A despesa de consumo do governo, por sua vez, caiu 1,1%, em relação ao segundo trimestre de 2014.

Exportações cresceram

No setor externo, as exportações de bens e serviços apresentaram expansão de 7,5%, enquanto que as importações de bens e serviços caíram em 11,7%, ambas influenciadas pela desvalorização cambial de 38% registrada no período.

O PIB, no 1º semestre de 2015, apresentou queda de 2,1%, em relação a igual período de 2014, seguindo a variação negativa de 0,4% no semestre encerrado em dezembro de 2014. O PIB acumulado nos quatro trimestres terminados em junho de 2015 apresentou queda de 1,2%, em relação aos quatro trimestres imediatamente anteriores. Esta taxa resultou da contração de 1,0% do valor adicionado a preços básicos e do recuo de 2,8% nos impostos sobre produtos líquidos de subsídios.

Taxa de investimento atinge 17,8% do PIB. O Produto Interno Bruto no segundo trimestre de 2015 totalizou R$ 1,43 trilhão, sendo R$ 1,22 trilhão referentes ao Valor Adicionado a preços básicos e R$ 209,4 bilhões, aos Impostos sobre Produtos líquidos de Subsídios.

Considerando o Valor Adicionado das atividades no trimestre, a Agropecuária registrou R$ 76,1 bilhões, a Indústria R$ 263,6 bilhões e os Serviços R$ 879,2 bilhões. Entre os componentes da despesa, a Despesa de Consumo das Famílias totalizou R$ 896,1 bilhões, a Despesa de Consumo do Governo R$ 298,3 bilhões e a Formação Bruta de Capital Fixo R$ 254,2 bilhões. A Balança de Bens e Serviços ficou deficitária em R$ 15,1 bilhões e a Variação de Estoque foi negativa em R$ 5,3 bilhões.

A taxa de investimento no segundo trimestre de 2015 foi de 17,8% do PIB, abaixo do observado no mesmo período do ano anterior (19,5%). A taxa de poupança foi de 14,4% no segundo trimestre de 2015 (ante 16,0% no mesmo período de 2014).

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