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Após dia instável, dólar volta a cair

O dólar fechou no vermelho nesta sexta-feira, valendo R$ 3,97 com queda de 0,39%, após sessão instável em que chegou a ser cotado abaixo de R$ 3,90. Minutos após a abertura dos mercados, os Estados Unidos anunciaram que seu Produto Interno Bruto, PIB, do segundo semestre, subiu um pouco mais que o previsto pelos economistas, elevando de 3,7% para 3,9%. O dólar futuro para outubro subiu 0,9% a R$ 3,98.

O principal índice da Bolsa de São Paulo, o Ibovespa, seguiu o movimento e teve baixa de 1,02% a 44.831 pontos. O índice teve ser menor fechamento do mês, voltando ao mesmo estado de 25 de agosto e o volume financeiro negociado foi de R$ 5,501 bilhões. Com isso, a semana ficou marcada pela forte volatilidade pessimista e pela desconfiança do mercado na possibilidade do governo conseguir passar as medidas de ajuste fiscal no Congresso, acumulando perdas de 7,6%.

Intervenção do BC

Apesar dos resultados negativos dos últimos dois dias, o Banco Central continua agindo. Anunciou o segundo leilão de novos contratos de swap cambial (venda de dólares no mercado futuro). Também realizou um leilão de rolagem (renovação de swaps cambiais) e um de venda com compromisso de recompra futura.

Na quinta, a moeda chegou a R$ 4,248 na máxima do dia, por volta das 10h30. A cotação passou a cair depois que o presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini, não descartou a possibilidade de venda de dólares das reservas internacionais, no mercado à vista. “Todos os instrumentos estão no raio de ação do Banco Central caso seja necessário”, disse Tombini, que participou, pela primeira vez, do início da coletiva de imprensa sobre o Relatório Trimestral de Inflação. A venda de dólares das reservas internacionais não é feita desde fevereiro de 2009.

As reservas internacionais funcionam como um instrumento de segurança para o país em caso de crise no mercado de câmbio. Normalmente, o BC evita vender diretamente recursos das reservas para não comprometer esse mecanismo de proteção, preferindo operações no mercado futuro, como os swaps cambiais, que transferem a demanda pela moeda norte-americana do presente para o futuro. Em caso de turbulência severa, no entanto, a autoridade monetária pode lançar mão das reservas cambiais.

A atuação do BC se sobrepunha completamente ao cenário externo, onde a perspectiva de que os juros devem subir ainda neste ano nos Estados Unidos elevava o dólar em relação a uma cesta de divisas. Essa perspectiva foi reforçada nesta manhã por declarações da presidente do Federal Reserve, Janet Yellen, e pelos dados do PIB dos EUA no segundo trimestre.

Cenário Doméstico

Nessa sexta, muitas informações internas tumultuaram a linha de notícias para os investidores. O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, demonstrou estar alinhado com o discurso de Alexandre Tombini, complementando que o uso das reservas internacionais para conter a volatilidade é uma possibilidade. Em um momento anterior, o presidente do BC já havia dito: “ a gente não contêm a alta do dólar. A gente evita que os mercados deixem de funcionar bem. Para nós, é importante garantir a liquidez”. Já o diretor de Assuntos Econômicos da autoridade monetária, Luiz Awazu, disse que o componente fiscal pode desancorar expectativa de inflação e que é preciso fortalecer a política econômica.

Outro fato de certo impacto no humor do mercado, foram dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) anunciados hoje, informando que o Brasil perdeu 86,7 mil empregos só em agosto. O resultado foi muito pior do que a mediana das projeções dos principais pesquisadores, que apontavam para perda de 74,9 mil vagas.

O setor da indústria foi o que mais perdeu empregos. Foram 47.944 vagas destruídas contra 4.111 no mesmo período do ano passado. Em segundo lugar, ficou o setor da construção civil que perdeu 25.069 vagas, contra a criação de 2.239 em agosto de 2014. O comércio acabou com 12.954 empregos, ante a geração de 40.619 vagas no ano passado. O setor de serviços empregou apenas 4.965 pessoas contra 71.292 do ano anterior.

Do lado político, o anúncio da reforma ministerial ficou para a próxima semana. No primeiro momento, Dilma pretendia entregar ao PMDB apenas cinco ministérios, bem menos do que eles têm hoje. A composição, contudo, não privilegiava o vice-presidente Michel Temer, e alertada por Lula, decidiu aumentar para seis pastas, desistindo de fundir a Aviação Civil com os Portos e segurando o deputado Eliseu Padilha na equipe.

Ao mesmo tempo que a reforma administrativa é enrolada, o debate sobre impeachment acelera, voltando ao plenário da Câmara dos Deputados. Na semana que vem, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha do PMDB, pode começar a despachar os pedidos.

China

Além das notícias do PIB nos Estados Unidos, e do pronunciamento da presidente do Banco Central americano sobre a taxa de juros, outros fatos movimentaram o mercado financeiro mundial. As bolsas chinesas caíram, lideradas pela venda generalizada de ações de empresas com menos valor de mercado, enquanto os principais índices terminavam a semana praticamente estáveis em meio à diminuição expressiva do volume de negócios. Os volumes semanais caíram quase 80% desde o pico de julho, com as médias permanecendo em trajetória de queda, com os investidores esperando sinais mais claros sobre o horizonte à frente.
Durante a semana, o resultado preliminar do Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês) da indústria chinesa mostrou que a atividade do setor no país caiu ao nível mais fraco desde 2009, alimentando temores sobre a economia global, mas uma alta no preço dos imóveis pelo quarto mês seguido trouxe alguma tranquilidade.

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