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Custos dos fertilizantes alarmam produtores

Os custos dos insumos básicos estão preocupando como nunca os produtores. Entidades classistas como a Faeg, a SGPA e a OCB-Goiás têm reagido. O tema já chegou inclusive à bancada ruralista no Congresso Nacional, em Brasília. Os deputados federais Sérgio Souza, presidente da Frente Parlamentar Agropecuária, e o Arnaldo Jardim, diretor de Logística e Infraestrutura da FPA, não se contiveram e assinaram o manifesto “A galinha dos ovos de ouro está custando caro”.

Nele, denunciam que “o preço de fertilizantes decolou e os defensivos nunca estiveram tão caros – a uréia, principal adubo nitrogenado, já acumula elevação de 58,4% nos sete primeiros meses deste ano.” Observam que “o frete internacional para contêiner de 12 metros teve um aumento de mais de 300%, de U$ 2 mil para algo próximo de U$ 7 mil. O preço do diesel, que já acumula alta de 51% neste ano, também impacta o custo de produção e diminui a margem de rentabilidade.”

Lembram da sólida trajetória de crescimento e geração de empregos no agro, “neste momento, porém, prejudicado pela crise hídrica e pelo aumento dos fatores de produção”. Esse impacto foi contabilizado nos números da Conab, que, em agosto, reduziu de 260,8 milhões para 254 milhões a estimativa para a produção brasileira de grãos na safra de 2020/2021. O milho, por exemplo, deverá ter uma produção 15,5% menor do que a safra anterior, o que impactará diretamente o custo de produção de aves e suínos.

Na soja, os gastos médios dos produtores com fertilizantes superaram em 50,1% os da safra anterior. Esses insumos, na safra de milho, tiveram um aumento de 55,4%. A adubação fosfatada já registrou, neste ano, alta de 90,3%.

“É importante destacar que 80% dos fertilizantes que utilizamos são importados, o que afeta diversas cadeias do setor produtivo. Até julho de 2021, por exemplo, segundo dados da Associação Nacional para Difusão de Adubos, o setor havia consumido 23,9 milhões de toneladas desses insumos, dos quais apenas 3,7 milhões foram produzidos no Brasil.”

Os defensivos agrícolas, o diesel, a manutenção preventiva das máquinas e outros itens importantes na composição dos custos dos produtores sofreram aumentos significativos, tanto que o CEPEA-Esalq/USP aponta para uma intensa aceleração nos custos de produção do milho, do feijão, do arroz irrigado e do trigo.

Observam que o colapso da cadeia internacional de suprimentos elevou os valores das máquinas e colheitadeiras. Segundo uma das grandes multinacionais do setor de máquinas agrícolas, John Deere, o aumento da demanda por máquinas é desproporcional à capacidade de reação de toda a cadeia. Todos sentem os impactos da desorganização da cadeia de suprimentos e os atrasos nas entregas.

Crise hídrica
As geadas e a crise hídrica já provocaram perdas de 15% a 20% em culturas mais suscetíveis. Há produtores que relatam perda total da produção. Somam-se ainda os juros altos, responsáveis por elevar mais ainda os custos e dificultar a recuperação da capacidade produtiva das lavouras.

A elevação dos custos do setor levou a FPA a enviar ofício ao ministro de Infraestrutura, Tarcísio Freitas, e à ministra da Agricultura, Teresa Cristina, solicitando ações de curto prazo para solucionar o problema.

A bancada se reuniu ainda com entidades do setor exportador e com os Ministérios da Economia e da Infraestrutura e vê com grande preocupação este cenário. “Estamos trabalhando para nos encontrarmos, o mais rápido possível, também com os armadores, responsáveis por operar os navios e rotas existentes no comércio internacional, para que o Brasil possa recuperar seu espaço nas rotas marítimas e disponibilizar mais contêineres aos exportadores”, concluem os deputados ruralistas.

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