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Produtores entregam matrizes leiteiras para o abate

Os produtores de leite vivem uma grave crise econômica e muitos já começam a colocar suas matrizes à venda. Ao invés de permaneceram nos pastos ou nos cochos se alimentando, seguem para os sistemas de confinamento aguardando a ordem de entrega aos frigoríficos para o abate. Os criadores sentem no bolso a alta dos custos, inflação e do dólar valorizado.

Gilson Costa, por exemplo, é produtor de gado holandês em Itaberaí, e confessa que 18 vacas leiteiras seguirão nos próximos dias para o frigorífico. Ele está desanimado, como muitos outros, e não nega por causa dos valores pagos pelo litro do leite na plataforma da usina. Está “chutando o balde” como se diz no linguajar dos produtores quando não dá mais para segurar uma situação.

Hoje, o valor da arroba de uma vaca gorda está em redor de R$300. Uma matriz leiteira pesa de 18 a 24 arrobas, dependendo do teor de gordura. Mas, assegura que “uma matriz leiteira, nos dias atuais, não tem comprador”.

Com sua vivência de anos no setor, Costa estima que a partir de março, os laticínios estarão se digladiando atrás de leite. “Eles chutaram a galinha dos ovos de ouro. O leite dentro do País já diminuiu, mas tende a reduzir muito mais. A importação será a saída, com dólar em relação ao real nas alturas”, avalia.

Gilson Costa, produtor de gado holandês em Itaberaí, diz que está desanimado: “chutando o balde”

Em Goiânia, o presidente da Associação Goiana dos Criadores de Zebu (AGCZ), Gilberto Marques Neto, confirma a crise no segmento lácteo. Em sua visão, os custos de produção “pegaram forte” o produtor, derrubando margens e fazendo a produção cair, até setembro, quase 1,5% em relação a 2020 (estima-se que, no total ano de 2021, a produção brasileira apresente recuo entre 2% e 3% em relação aos volumes produzidos em 2020), com tendência de entrar em 2022 com quedas maiores

Cautela é a recomendação dos especialistas da Embrapa Gado de Leite (MG) para o setor lácteo no ano que se inicia. Fatores decorrentes da pandemia, como desemprego, redução de renda e o endividamento das famílias brasileiras, continuarão impactando o setor em 2022, levando-o a se adaptar a custos de produção ainda mais altos.

Outros fatores que prejudicam o consumo, com forte impacto no ano que se inicia, segundo os especialistas do Centro de Inteligência do Leite são o elevado desemprego (12,6%) e a taxa de endividamento das famílias brasileiras (67%). Fechando o cenário macroeconômico, a taxa Selic, regulada pelo Banco Central para conter a inflação, chegou ao seu maior nível desde 2017 (9,25%), encarecendo os investimentos e o crédito e, com isso, inibindo o consumo.

Os laticínios confirmam que a pandemia do coronavírus colheu o País num momento de desajustes econômicos em decorrência da inflação, dificultando a margem de ganho do fornecedor de leite e da indústria.

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