O prato tradicional do brasileiro todo conhece de cor e salteado: arroz, feijão e bife. É a combinação perfeita para o arroz, ingrediente que não pode faltar na mesa, ou pelo menos, não faltava. O consumo de feijão no País tem diminuído a cada ano, é o que apontam os dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), que em 16 anos, o consumo médio de feijão caiu mais de 50% no Brasil e entre os motivos apontados como causa da queda estão o preço alto e a presença cada vez mais impactante dos alimentos ultraprocessados no prato.
Só no último ano, o preço do feijão carioca aumentou mais de 28%. O preço do quilo do feijão em média em Goiânia oscila no varejo entre R$ 8,00 a R$ 9,00. Em São Paulo, para onde vai grande parte da produção brasileira, chega a custar R$ 10,00. O feijão seja ele carioca, preto, branco não é só uma comida típica nacional, é também um alimento importante para a saúde. Segundo dados do Ministério da saúde, eliminar o feijão da dieta pode trazer problemas no futuro, inclusive a obesidade. Até 2025, mais brasileiros devem deixar de comer feijão de forma regular.
Mas se as safras de feijão no Brasil atingem números recordes, porque o preço do produto é tão alto? Um dos fatores é a grande demanda de exportação, o Brasil deve elevar a exportação de feijão para a Índia. Em relação ao mercado, o cenário atual por aqui é de pouco produto disponível após uma nova diminuição na área plantada com a cultura no início do ano. Em Goiás, a saca média é vendida pelos produtores a R$325,00, segundo dados da Faeg.
Segundo Fábio Pizzamiglio, diretor da Efficienza, empresa especializada no comércio exterior, é fundamental equilibrar a exportação com a produção e distribuição internas, a fim de garantir a segurança alimentar da população e a sustentabilidade da economia agrícola do país. “A exportação de grãos, incluindo o feijão, tem se mostrado um importante fator no comércio exterior brasileiro. No entanto, é preciso estar atento aos impactos que a elevada demanda externa pode causar no consumo interno e no preço dos alimentos, como é o caso do feijão. Além disso, a diminuição na área plantada com a cultura contribui para a escassez do produto no mercado nacional”, afirmou.
Mercado do feijão
A falta de produto ofertado impacta de forma imediata nos preços que chegaram a valores recordes em janeiro deste ano no país. O ano iniciou com valores girando em torno de US$ 70 a saca, o que nunca aconteceu antes. A próxima safra começa a ser plantada entre os meses de abril e maio, sendo três safras por ano no total.
Além do cenário interno, o mercado de feijão e pulses deve estar no foco das negociações internacionais nos próximos dias. A Índia, um dos principais produtores da cultura, solicitou acordo fixo sanitário com o Brasil em pulses, o país asiático quer comprar do Brasil diferentes tipos de feijão, lentilha, ervilha, grão-de-bico e outras variedades que ainda não são produzidas lá.
“O mercado de feijão tem passado por grandes oscilações de preço, o que tem impactado diretamente o bolso do consumidor brasileiro. A oferta insuficiente de produto no mercado interno e a grande demanda de exportação são alguns dos fatores que contribuem para essa instabilidade. É importante que haja uma gestão equilibrada da produção e do comércio exterior de feijão e outros pulses, de forma a garantir a segurança alimentar da população e a sustentabilidade do setor agrícola brasileiro”, completou Pizzamiglio.