Um projeto de resgate e estudo da música goiana dos últimos 60 anos visa reunir artistas de diferentes gerações em uma série de eventos previstos para 2018. Sob coordenação de Reinaldo Clemente e curadoria de Francisco Paes, o projeto Goiás na música através do tempo é uma iniciativa de preservação do patrimônio cultural do Estado, e vai reunir músicos, cantores e compositores de vários estilos musicais numa reconstrução da passagem do tempo, através de canções que marcaram época, e que juntas ajudam a traçar um panorama do caminho feito pela música goiana desde a década de 1960 até a atualidade. Todo esse processo será registrado através de um livro e de um documentário, que viabilizarão o contato das novas gerações com o passado musical de Goiás.
De acordo com Reinaldo Clemente, uma extensa pesquisa está em andamento para que o projeto se torne realidade. “Estamos elaborando um projeto que se chama Goiás na música através do tempo. Vamos fazer um levantamento das principais músicas de compositores goianos que se destacaram em cada uma das décadas a partir da década de 1960”. O evento deve desenrolar-se ao longo de sete meses, com um show mensal no Castro Hotel, onde o público poderá escolher suas músicas favoritas. “De cada década teremos 12 músicas. Serão seis meses de apresentações, mais uma apresentação final com duas músicas de cada década. Essas duas músicas serão escolhidas pelo público que participar de cada um dos eventos”.
O projeto, que será encaminhado para as leis Goyazes e Rouanet, promete reviver um pouco dos primeiros festivais de música de Goiás, realizados nos anos 1960. “É uma amostragem para que possamos observar a evolução da música no estado. Aqui tudo começou com os festivais”. Os registros dessa iniciativa, que também será transmitida online via streaming, consagram-se como importantes documentos, que ajudam a contar a história de vários personagens envolvidos no cenário musical goiano. “Vamos fazer o vídeo e o livro. Esse material todo será distribuído nas universidades, nas escolas, museus”. Os shows serão transmitidos pela DMTV (webtv do Jornal Diário da Manhã), e também pelo canal que será criado especialmente para o projeto.
Mais de 20 artistas já demonstraram interesse em participar, de acordo com Reinaldo “Gustavo Veiga, Maria Eugénia, Maíra Lemos, Nila Branco, João Caetano, Naire Siqueira, entre vários outros”. Além do cuidado com a seleção das músicas, cada evento será realizado de forma temática, a fim de aproximar ainda mais o público da realidade musical de cada década. “A cada mês teremos uma apresentação temática, com decoração, figurino, carros da época, todo um cenário de época”, conclui.
UNINDO GERAÇÕES
Francisco Paes, curador do Goiás na música através do tempo, foi um dos realizadores do primeiro festival de música realizado em Goiânia no ano de 1966: o Festival Universitário de Música Popular. Para ele, o projeto surge com a grande responsabilidade de fazer com que os jovens tomem ciência do passado musical de Goiás, para que possam continuar contando essa história no futuro. “Queremos que os jovens conhecessem como foi o começo da música aqui. As novas gerações não conhecem a história da música e dos festivais aqui de Goiás”, conta.
Outro objetivo é fazer com que toda essa riqueza musical ultrapasse as fronteiras do Estado. “O mais importante é conhecer o histórico da música nesses anos, e através da internet possibilitar que o Brasil conheça. Tem muita coisa fantástica que não saiu de Goiás”. O espaço não é restrito a um único estilo. MPB, sertanejo, rock, e outros gêneros musicais, estarão presentes nos shows. “A intenção é unir todos os elementos separados para que tenhamos um histórico mais amplo”, conclui.
O cantor e compositor Naire, que nasceu em Goiânia e foi radicado no Rio de Janeiro, esteve na redação do Diário da Manhã, e comentou sobre a sua participação no evento. Ele disse que pretende criar novas roupagens para suas canções de sucesso, como ‘Companheiro’ (composta em parceria com Tibério Gaspar) e ‘15 anos’ (que fez junto com Paulinho Tapajós), gravadas pela primeira vez nos anos 1970. O artista revelou a intenção de ver suas músicas revividas na voz de outros goianos, como o cantor Tom Chris, um dos nomes da nova geração da música goiana. “A ideia é que todo esse grupo que vai trabalhar para que o festival aconteça faça isso em sinergia, ou seja, um ajudando o outro, sem competitividade entre os artistas”.