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ENTRETENIMENTO

Rensga! Égua!

Os goianos Bruno Caveira e Igor Zargov costumam aumentar a temperatura quando se juntam para produzir Felamacumbia, festa que acontece há mais de três anos em Goiânia. A cada edição, a dupla busca trazer atrações com identida­des alinhadas à proposta do even­to que explora latinidades. Já passa­ram pelo palco e pelas mesas artistas como Superlage, Francisco El Hom­bre, Lucas Santtana, Monike Goyana e DJ Dolores. Na última quinta-fei­ra, no espaço estilo galpão da Imer­se, no Setor Sul, os convidados fo­ram paraenses.

A sonoridade do Norte do País é, sem dúvida alguma, uma das princi­pais influências para a montagem da festa. Em toda edição é possível dan­çar lambada, carimbó, siriá ou tec­nobrega. Nada mais coerente do que introduzir um artista – que está sob a luz, não de holofotes, mas de farol– capaz de combinar todas essas refe­rências e explorar novos conceitos.

Lucas Estrela é um prodígio. Como músico, tem se desenvolvi­do bastante na última década. Des­de que trocou o contrabaixo pela guitarra, tem construído uma ima­gem sonora baseada nas lições do músico e pesquisador Pio Lobato e de Waldo Squash, nome expressi­vo da produção musical paraense. O resultado é uma criação fervente e frenética com referência aos estilos mais tradicionais da música paraen­se além de experimentações com a vertente eletrônica.

Na Imerse, espaço multifuncio­nal em Goiânia, conta com bar, café, loja de roupas, estúdio de tatuagem e área para shows e baladas, Lucas comandou a festa junto com Dan Bordallo (DJ DBL) nos sintetizado­res, Renata Beckmann na guitarra de apoio e a participação especial do percussionista Macaxeira Acio­li, da banda Muntchako. O público já previamente aquecido pelos an­fitriões Caveira e Zargov começou a se apertar para chegar mais perto do palco logo nas primeiras músicas.

Ali, a centímetros dos músicos, ao som de “Jaguar” o público en­sandecido gritava “rensga!” e “égua!”, acusando o lugar de onde vinham enquanto tremiam ao gosto de ca­chaça de jambu e cerveja – sobrou até para os pedais de Lucas que to­maram um banho de cevada. Tam­bém não faltou um sonoro coro de “Fora, Temer!”. Lucas ainda tocou sua versão de “2x2”, de Pio Lobato, além de “Atalaia 2000” e “Sal ou Mos­cou”, músicas do seu primeiro disco programadas com batidas de tecno­brega. Para o bis, Estrela escolheu “Techno Will” e repetiu “Farol”, fai­xa que batiza seu trabalho mais re­cente – que tem o apoio do projeto Natura Musical.

Em seguida, a discotecagem do DJ DBL contou com um setlist re­cheado de “marcantes”– expressão usada por paraenses para os bregas que marcaram uma época -, funk, tecnobrega, além de hits como “What Is Love”, do trinitino Hadda­way e “Toxic”, de Britney Spears–se­lecionados de forma improvisada no YouTube. Com bom humor, DBL pa­rodiava os comportamentos dos DJs de aparelhagem de Belém, interrom­pendo as músicas para interagir com os presentes e ensinar coreografias.

A noite quente e agitada na Imer­se só acabou por ordem dos organi­zadores do local. Por pouco os músi­cos não foram trancados do lado de dentro, após ficarem relutantes em parar de tocar. O calor típico da re­gião norte ferveu os corpos presen­tes, transformando a última edição da festa Felamacumbia em uma das melhores atrações da série de show­cases do Festival Bananada deste ano.

(André Luiz Pacheco da Silva, estudante de Psicologia e Psicanálise, escritor e editor do blog Tambatajá)

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