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Maria Bonita: a quadrilha

Um “arraiá” subversivo para comemorar os cin­co anos de junho de 2013. Comidas típicas, bebi­das, música boa, shows e uma “intervenção junina” (quadrilha aberta a todos que quiserem participar).

Entre os meses de maio e junho de 2013, uma onda de protestos, em diversas cidades e capitais, com milhares de pessoas nas ruas, na sua maioria jovens. A pauta desses movimentos, que abarcou comunistas, anarquistas e autonomistas, em uma pluralidade de grupos de esquerda e, em certa altu­ra alcançando até mesmo a direita reacionária, foi o preço da passagem do transporte coletivo. Goiânia foi um dos principais palcos das chamadas “Jornadas de junho”, com manifestações marcadas pela violên­cia policial, onde o contexto e o desenrolar dos fatos passou por momentos de metamorfose.

O levante popular abalou o idealismo do con­texto político da época e tem sua áurea constan­temente resgatada no presente por conta do com­plexo e desastroso cenário político, em especial no pós-Golpe. Mas, como é ordinário dizer, levantes populares não são nenhuma novidade na histó­ria do mundo, muito menos do Brasil. Quilombos, Canudos e Revolta da Vacina são alguns exemplos. Movimentos que, assim como as Jornadas de junho, deixaram marcas políticas e simbólicas. Um grande exemplo disso foi o Cangaço, uma forma de protes­to contra as injustiças sociais que atingiam (e ainda atingem) as regiões mais esquecidas do país, em es­pecial o Nordeste depois que a então capital do país foi transferida para o Rio de Janeiro.

Figura marcante desse período da história na­cional foi Lampião. Figura tão importante quanto, mas menos reconhecida nessa sociedade patriar­cal na qual vivemos, foi Maria Bonita. Criada no ser­tão da Bahia, obrigada a se casar aos 15 anos, tendo um casamento conturbado e violento, se separan­do algum tempo depois numa época em que a se­paração era algo inaceitável, ela se tornou a primei­ra mulher a participar de um grupo de cangaceiros. Uma mulher à frente de seu tempo, que encontrou no cangaço certa liberdade, que escolheu pegar em armas e enfrentar os opressores. Com a entrada de Maria Bonita para o grupo de Lampião, abriu-se a oportunidade para a entrada de outras mulheres, coisa até então proibida. Exemplo incógnito é Sérgia da Silva, a Dadá, que além de ser a responsável pela estética das roupas dos cangaceiros como as conhe­cemos hoje, com moeda e estrela, era a única can­gaceira que carregava um revólver calibre 38 e aju­dava na defesa e nos ataques do grupo de Lampião.

Com quase uma década de atuação no chama­do “banditismo social”, Maria Bonita e o restante de seu grupo foram capturados pela polícia, mortos e decapitados (com as cabeças sendo expostas ao pú­blico como forma de “exemplo”).

Entre passado e presente, Jornadas e Cangaço, uma mesma linha de conexão: a luta popular con­tra o Estado. Claro que, internamente, o movimento cangaceiro acabava por reproduzir em certa medi­da problemas de gênero, como a determinação de papeis específicos para homens e mulheres. Mas, o resgate da simbologia em torno de Maria Boni­ta e seus feitos acaba sendo também uma forma de resistência, seja de classe via o banditismo ou frente ao machismo, com sua postura contra a so­ciedade da época. Por isso o coletivo Metamorfo­se, em comemoração aos cinco anos de junho de 2013, traz para vocês “Maria Bonita: a quadrilha”, o “arraiá” mais revolucionário que essa Goiânia verá.

PROGRAMAÇÃO:

22h Heitor Volta-Seca (discotecagem)

23h Retalha Vento (banda)

00h Intervenção Junina (quadrilha aberta a todos)

1h Cocada Coral (banda)

2h Monike Goyana (discotecagem)

MARIA BONITA - A QUADRILHA

Data: sexta, dia 22/06

Horário: 22h

Local: Cabaret Voltaire - Rua 8, quadra 51, lote 07, Conjunto Itatiaia, 74690-340 - Goiânia

Entrada: 10 reais (sujeito a alteração)

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