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ENTRETENIMENTO

O teatro, o deboche e uma força

Dois homens e uma forca. Essa é a primeira imagem de “Enforcados”, espetácu­lo dos goianos do Grupo Improvi­sórios. A montagem, que está em breve temporada por centros cul­turais da Capital, será encenada hoje, às 19h, no Lacena, na Escola de Música e Artes Cênicas da Fe­deral (Emac), no Câmpus Samam­baia. Através de uma estética sufo­cante e debochada, a peça teatral pretende trazer à tona inquietações estéticas, políticas e existenciais do grupo, que cruzam os problemas da sociedade como um todo. Um de seus objetivos do texto é abordar questões, o papel do homem den­tro da sociedade moderna fora dos estereótipos machistas.

O projeto, apoiado pela Lei Mu­nicipal de Incentivo à Cultura, exe­cutado pelo Grupo Improvisórios com produção da Plano V Even­tos e Cultura, até o dia 3 de setem­bro vai realizar nove apresentações em diferentes espaços de Goiânia. Até o final do projeto terá passa­do pelo por pubs, universidades e pontos de cultura. Em todos os lo­cais, a entrada franca.

A estreia da nova montagem “O Enforcado” aconteceu no dia 22 de agosto, no Ponto de Cultu­ra Vera Cult, e sua temática vem agradando o público. “O público tem recebido bem o espetáculo. Dizem que é divertido e debocha­do”, conta o diretor de “Enforca­dos”, Julio Vann, que foi convida­do pelo grupo após a direção da montagem que estreou ano pas­sado chamada “Mundo Cão”.

Em cena está um dos criadores do Grupo Improvisórios, Deidian Lucas, que contracena ao lado do ator convidado Thiago Moura. Este último possui vasta experiência no cinema e teatro e é ainda prepara­dor de elenco, curador e palhaço. E no palco os personagens levam também as iniciais de seus intér­pretes (são chamados de DD, e TH), reforçando o fato de narrativa tra­tar-se dos próprios dilemas existen­ciais dos envolvidos na montagem.

“A peça foi criada coletivamen­te. Logo, colocamos no palco o que mais nos incomoda enquanto ho­mens. Queremos saber qual o nos­so lugar, mas longe da visão que se tem hoje no mundo machista. Mas é preciso dizer que colocamos em cena apenas questões e não solu­ções. É o público que deve chegar às suas próprias conclusões”, expli­ca o diretor.

E nesta busca por respostas po­de-se notar que a cabeça dos ho­mens modernos anda repleta de conflitos. “O desafio é literalmen­te questionar o espaço, a identida­de, os pontos de vista, os modos e as possibilidades... Há chance para a reinvenção? O espetáculo é uma busca por palavras, gestos, conver­sas nunca tidas. Trata-se de um ex­perimento sobre o riso, a dor, a fes­ta, o velório, o prazer, a pressão, a angústia, o deboche e o amor”, ex­plica o artista.

REFERÊNCIAS

Corporal e energético, os atores se desafiam em cena numa conver­sa que tem ares de luta. E outra ca­racterística evidente de “O Enfor­cado”, e do próprio grupo – diga-se de passagem – é o deboche vindo da palhaçaria, uma das escola dos atores. Porém, pela mistura de vi­sões é possível avistar na peça va­riadas linguagens artísticas, além do universo clown. Há referências ao teatro de rua e do teatro de ob­jetos, por exemplo.

Outra influência, o grupo retirou do tarô, já que O Enforcado é carta número 12 do jogo místico. Ela tra­ta dos desafios que um indivíduo pode passar e aconselha que para enfrentá-los é necessário agir usan­do a sabedoria e não a força.

“A carta 12 representa um reco­meço, uma nova visão. Tem a ver com a peça porque defendemos que a masculinidade ideal ainda deve ser descoberta. Muitos ho­mens querem mudar a maneira de comportar e de serem vistos na sociedade, mas estão perdidos. A peça quer ressaltar a igualdade de direito entre os gêneros e questio­nar o novo lugar do homem mo­derno”, reflete o diretor.

A referência à carta O Enforca­do pode ser sentida ainda na iden­tidade visual do espetáculo, através da obra do artista Flávio Del Lima.

GRUPO

O Grupo Improvisórios desde 2008 se engaja por experimentar efe­tivamente estéticas que envolvem a máscara, o palhaço, o teatro de rua, o grotesco e o teatro de objetos. A proposta nasceu de inquietações e reencontros, 15 anos depois, de três ex-alunos de Artes Cênicas da turma de 2003: Edimar Pereira, Deidian Lu­cas e Thiago Moura.

“A memória destes atores-cria­dores, estudantes, pobres, ‘feios’ e com baixa autoestima dão as pri­meiras linhas sobre o que é ser ho­mem no mundo contemporâneo. E mais de uma década depois o Gru­po Improvisórios propõe um novo espaço de criação e nele encontrou o teatro, o deboche e uma forca”, ar­gumenta Deidian Lucas.

 PROGRAMAÇÃO

Hoje

19h - Lacena/UFG

Amanhã

20h - Evoé Café com Livros

Sexta (31)

20h - Oficina Cultural Geppeto

Segunda-feira (3/09)

20h - Centro Cultura Goiânia Ouro

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