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ENTRETENIMENTO

A s várias faces de Deus

Depois de uma queda dentro de casa, o agitador cultural PX Silveira viveu dias inten­sos: passou por cirurgia no cérebro, ficou dois dias na UTI, até, final­mente, voltar para casa. Lá, seu cor­po teria de repousar, mas a cabeça, mesmo dolorida, não parou um segundo. “Nesse repouso a gen­te assume uma postura mais con­templativa da vida e vê onde estão as coisas mais importantes, o que deixamos de lado. Com tudo isso aproximamos dessa força, que cha­mamos de Deus, desta magia, desse mistério”, disse ele. E foi nesta épo­ca que o escritor, curador produtor cultural, que se diz equidistante de todas as religiões, bolou a exposi­ção “Deus”, cuja abertura acontece hoje, no Buena Vista Shopping, nas salas 1, 2 e 3.

Pela temática, a exposição é re­pleta de simbolismos. Tendo como referência bíblica os dias que Deus usou para criar o mundo, a mostra fica em cartaz por apenas sete dias (vai até o dia 11 de setembro) e os ar­tistas participantes – ao todo são 49 – tiveram sete dias para criar uma tela inspirada nos mistérios do Criador.

Primeiramente, o artista enviou mensagens convidando apenas ar­tistas conhecidos pelo WhatsApp, com os dizeres: “O convite é fazer uma obra que nos transmita sua ideia de Deus, escolhendo tama­nho, técnica e suporte desejados”. Depois, resolveu abrir a proposta, seguindo os próprios ensinamen­tos que se atribuem a Deus, de aco­lher sempre o próximo. De acordo com PX, alguns artistas chegaram a reclamar do prazo de sete dias para a mostra. “Alguns disseram que sete dias era muito pouco. Imagine só!”, compara, nas entrelinhas, o artista.

DIVERSAS VISÕES

O resultado foi, deveras, sur­preendente. Siron Franco, por exemplo, produziu uma impres­são serigráfica sobre tecido intitu­lada “Nomes de Deus”, que é um caleidoscópio com várias designa­ções do Criador, em variadas cultu­ras. E um dos destaques da mostra promete ser a serigrafia com inter­ferência de Marcelo Solá. Em gran­des proporções, tem 170x160 cm, para PX esta é uma obra premoni­tória ao acidente com o Museu Na­cional, no Rio de Janeiro.

“Essa obra é fantástica, porque fala do nosso passado, que é um museu permanente em nossa ca­beça. Ao mesmo tempo coloca em questão a orfandade nossa enquan­to seres humanos. E é em preto e branco, já que a humanidade está em uma fase que não tem nada de cores. E esse grafismo é a tentati­va da gente construir nosso tem­plo, nossa chegada. Tem um aco­lhimento”, argumenta PX.

Já o paulista Flávio Cesnik traz a tela “Bem e o Mal”, dois mosaicos que fazem referência à cultura chinesa e aos elemen­tos Yin-Yang. “É um par de for­ças princípios fundamentais do universo ao mesmo tempo anta­gônicas e complementares, em perpétua oscilação de predomi­nância presentes nas manifes­tações orgânicas, psicológicas e sociais do ser humano e na di­mensão inorgânica da natureza”, explica Cesnik.

Ainda participam de “Deus” no­mes como o do presidente da As­sociação Goiana de Artes Visuais, Valdir Ferreira; Amaury Menezes, Helena Vasconcelos, Alessandra Teles, G. Fogaça, Liah, Tai Hsuan­-an e, também, padre César Garcia, que dará uma bênção na abertura e terá uma obra exposta.

GUIADOS PELA LUZ

É fato que para apresentar esta exposição PX preparou todo um clima, que começa desde o tex­to da exposição – que foi escrito antes de o curador ver as obras dos artistas. Chamado “Impo­tente ou Distraído”, o texto, muito bem escrito por sinal, será entre­gue a todos que visitarem a mos­tra, já que elucida algumas ques­tões que passaram pela cabeça do agitador cultural enquanto pensa­va nessa exposição.

Em um dos seus trechos, por exemplo, é possível vê-los filo­sofar. “Faço este texto de apre­sentação de uma exposição que ainda não existe, mas deverá ser sobre Ele. Depois que muito já se esculpiu Cristo, se pintou Virgem Maria, se retratou São Francisco (o recordista!), tantos santos e santas – e até a Santa Achiropita, cujo nome diz ‘a que não se pin­ta’, por que não Ele?”.

Como tudo começou influen­ciado pelo acidente do curador, o material gráfico da compilação também tem a ver com a aciden­te. E o cartaz da mostra é uma arte que Vinícius Luz criou a partir da foto que Daniela Silveira tirou de PX logo após a cirurgia na cabeça.

Nas três salas do Buena Vis­ta Shopping que acomodam a mostra, os simbolismos conti­nuam. Os espaços estão dividi­dos entre inferno, purgatório e céu. “Mas quem coloca os ar­tistas mentalmente em cada um deles é o público”, esclare­ce o curador.

Na galeria, as obras vão estar ainda na penumbra e a mostra vai disponibilizar aos visitantes lanternas, que cairão do teto – “do céu”, no caso. Sendo assim, os vi­sitantes pegam a lanterna e ilu­minam o próprio caminho. “Eu imagino vários fachos de luz se cruzando e simbolizando os vá­rios caminhos que todos acabam chegando no mesmo lugar, que é Deus”, adianta o curador.

Se no mundo há tantas separa­ções e pré-julgamentos a respei­to da fé alheia, esta exposição se mostra ecumênica, já que todas as visões são muito bem-vindas. O que muito tem a ver a visão con­ciliadora de PX com as religiões. “Sou muito espiritualista, mas não consigo dar a essa força a uma úni­ca face, um único nome. Estou dis­solvido a ela”, disse.

SERVIÇO

Exposição Deus

Abertura: Hoje, das 18h às 21h

Visitação: até o dia 11 de setembro, das 18h às 21h

Onde: Piso 1 do Buena Vista Shopping (Av. T-4, 466 - St. Bueno)

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