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ENTRETENIMENTO

Silêncio para o filme, depois a gente conversa

Apoiado na cooperação e manutenção da memória audiovisual foi construído o projeto de extensão "Museologia com Pipoca". Trata-se de uma ex­periência que envolve noites de fil­mes, bate-papo e pipoca. Este pro­grama colaborativo nasceu de uma disciplina chamada "Cinemu", do bacharelado de Museologia da UFG. A ideia da disciplina se ex­pandiu para o projeto de extensão em parceria com o Museu Antro­pológico, associado aos programas "Café com Prosa" e “Cinema no Museu", que já existem e funcio­nam ativamente há alguns anos.

O “Museologia com Pipoca” acontece sob a coordenação da professora Luciana Christina Cruz e Souza e monitoria das alunas Cami­la Beatriz, Gabriela Neres, Milena de Souza e Mara Najar. “Semanalmen­te divulgaremos uma programação interna do projeto e também outros eventos, mostras e discussões cine­matográficas na região Centro-Oes­te”, explicam as organizadoras.

As conversas a respeito das produções audiovisuais ocorre­rão após a exibição dos filmes no auditório do Museu Antropoló­gico. O evento, que contará com emissão de certificado aos partici­pantes, ocorrerá uma quinta-feira por mês, às 19 horas, a partir des­ta quinta-feira, dia 13 de setembro.

A organização explana sobre futuras atividades que o coleti­vo pretende construir: “Estamos construindo essa experiência coletiva, mas projetamos nos­sa vontade de repetir o projeto em 2019 e ampliar para visita­ções aos cinemas de rua, exibi­ções em diferentes equipamen­tos culturais da cidade, conversas com organizadores de festivais e por aí vai.”

TODOS PELA MEMÓRIA AUDIOVISUAL

As organizadoras sonham alto com esta iniciativa, trabalhando para estabelecer um espaço de me­mória audiovisual que envolva ci­neclubistas de Goiânia, professo­res, pesquisadores e movimentos sociais unidos no debate a respei­to da memória audiovisual. “A gen­te queria juntar tudo, pensar junto e pensar longe: do tipo o céu é o li­mite, sabe?”, diz a professora Lucia­na Souza, idealizadora.

A iniciativa partiu da vontade da professora Luciana Souza de minis­trar uma disciplina sobre as relações possíveis entre museologia e cine­ma e de um conjunto de alunas an­tenadas na produção cultural da ci­dade fora do grande eixo comercial. “Pensamos em experimentar uma metodologia colaborativa: as alunas produzem a programação, a divul­gação (material gráfico e espaços nas mídias sociais) e produzem os encontros, num esquema de divi­são de tarefas e responsabilidades. E faço as mediações institucionais, as articulações com alguns agentes e equipamentos culturais. Dessa ini­ciativa fomos realizando encontros para discutir a produção cultural em Goiânia numa perspectiva de direi­to à Cultura como direito à Cidade” explica Luciana.

Luciana informa sobre os as­suntos centrais dos debates: “Nessas discussões de direito à Cultura compreendemos, por­tanto, o direito à memória. Par­tindo de questões como: quais são e quais foram os cinemas da cidade? Como eles sobreviveram (ou não) na dinâmica que vem fa­vorecendo cada vez mais os cir­cuitos comerciais de shoppings? Quem consome e quem produz cinema na cidade? Nessa pers­pectiva chegamos num ponto co­mum: pensar o Cinema (espaço físico – equipamento cultural – e também como suporte narrati­vo) enquanto 'lugar de memória', ideia desenvolvida pelo historia­dor francês Pierre Nora”.

ALÉM DAS FRONTEIRAS DA ACADEMIA

Uma disciplina oferecida aos estudantes de Museologia aca­bou se desenvolvendo em uma atividade aberta ao público. “Abraçamos a proposta da ex­tensão universitária naquilo que ela possibilita de melhor: a in­terlocução com a comunidade não-acadêmica”, expõe Luciana.

“Formulamos uma progra­mação que pudesse estabelecer diálogos entre pesquisadores da UFG e agentes culturais da ci­dade, tendo como fio condutor o cinema. Para dar um tom plu­ral às conversas – na perspecti­va da pluralidade de discursos e de experiências – organiza­mos mesas em que cineclubis­tas conversam com professores e técnicos do museu; pesquisa­doras e pesquisadores conver­sam com representantes de co­letivos e graduandos. Tudo junto e misturado”, completa.

Luciana fala sobre outras ati­vidades ligadas ao projeto de ex­tensão: “No âmbito da discipli­na faremos uma visita ao Museu da Imagem e do Som e também à Catedral das Artes, espaço este que se constitui – de maneira não oficial – como um ponto de me­mória, possui produção audio­visual própria no segmento dos filmes de terror, e exibe aos visi­tantes um acervo de objetos usa­dos nas sua produções.”

A LUTA DOS MUSEUS E DA PESQUISA

O coletivo entende que esta iniciativa acontece em um mo­mento primordial de afirmação da importância dos museus uni­versitários no País enquanto es­paços de pesquisa, vinculados às universidades públicas. “Nesse sentido, a gente entende que o Cinema no Museu Antropológi­co reafirma o papel fundamental dos equipamentos culturais, em sua gestão pública, sobre a ma­terialização do direito à memó­ria”, interpreta o coletivo.

“Essa é a base da nossa ini­ciativa: experimentar, dialogar, circular, trocar, numa cidade em que o setor do audiovisual tem produzido ativamente e bra­vamente, e afirmado sua exis­tência e resistência fora dos grandes circuitos comerciais”, completa Luciana Souza.

A professora ressalta a impor­tância das parcerias firmadas para a realização desta atividade: “É im­portante pontuar que os traba­lhos elencados acima estão con­tando com uma super parceria de Francisco Lillo, do Cineclube 'ImigrAção'. Ele tem colaborado ativamente na interlocução com espaços culturais e agentes do cir­cuito audiovisual de Goiânia”.

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