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ENTRETENIMENTO

“Vê mais uma ampola de diurético!”

“Ampola de diurético” é um ter­mo científico para cerveja gelada, alcunhado pelo grande entende­dor Antônio Carlos Gomes. Antô­nio, com seu nome artístico Mus­sum, conquistou gerações com seu humor único e seus multitalentos: ele era humorista, ator, músico, can­tor e compositor.

Nascido no morro da Cachoeiri­nha, na zona norte carioca, conquistou comtalento e bom humor um público cativo. Hoje, com a internet, seu caris­ma e expressões como “cacildis” con­quistam um público muito jovem para ter conhecido seu trabalho.

Mussum se tornou um símbolo direto de humor, mas ele era puro talento e começou sua carreira ar­tística como sambista. O grupo de samba ao qual ele pertencia são os famosos Originais do Samba. Mussum gravou com Baden Po­well, Elis Regina, Elza Soares, Jair Rodrigues. Gravou músicas de Vi­nicius, de Tom Jobim.

O grupo fez inclusive uma via­gem ao México para apresentar seu samba para o mundo. É isso, teve sambis em Acapulco, eles fi­zeram sucesso na terra do som­brero. Em uma entrevista ao pro­grama Trama Radiola, ele conta das alegrias e durezas dessa via­gem, sobre como se virou para aprender espanhol. O grupo che­gou a passar “fueme” como ele diz ao se referir de forma humo­rada ao aprendizado do idioma e a falta de dinheiro no começo da empreitada.

DO SAMBA PARA A TV

Mussum chegou aos trapalhões pelas mãos de Dedé Santana, que era fã de seu trabalho como músi­co. Ele foi o terceiro a entrar para o grupo dos Trapalhões, que na épo­ca ainda se chamava Os Insociáveis.

O sucesso do personagem era mes­mo mérito de Antônio Carlos, mas cla­ro que ele foi agregando características para compor o calendário Mussum. Por exemplos, os“is” como na maravilho­sa expressão“forevis”, a dicionaris soa o fim das palavras foi ideia de um rotei­rista de Chico Anysio.

O humorista Grande Otelo pre­senteou Antônio com seu nome ar­tístico. Mussum é um peixe de cor preto, liso, sem escamas. Otelo o chamava assim porque ele sempre se apresentava careca e barbeado por causa do seu costume do servi­ço militar. Sim, ele serviu a aeronáu­tica e mesmo dentro de sua pose de malandragem guardava muito de sua formação militar.

O jornalista paulista Juliano Bar­reto teve a genial ideia de escrever Mussum Forévis – Samba, Mé e Tra­palhões, a primeira biografia deste ídolo e artista multifacetado. O livro traz detalhes não só sobre sua car­reira na TV, mas como músico em conjuntos como Os Sete Modernos do Samba (o primeiro nome de seu grupo) e Os Originais do Samba.

Juliano Barreto falou sobre o sucesso de Mussum na internet e o que levou a esse fenômeno, para o site da UOL: “Entre essas coisas mais legais, algumas fo­ram parar no videocassete das pessoas e, anos depois, no You­Tube. Eram quase sempre es­quetes curtos, e, neles, o Mus­sum se destacava muito. Ele tinha aquela dificuldade de de­corar textos, de ficar preso ne­les. Então os vídeos mais legais dele são os curtos, em que ele está sozinho. Um tipo de lingua­gem que casou muito bem com a internet”.

Antônio Carlos era cardíaco, o que levou o malandro a uma morte precoce, aos 53 anos, após um procedimento operatório mal-sucedido. Ele deixou cinco filhos, cada um de uma mulher e sua viúva. Também deixou bor­dões geniais e uma figura ines­quecível.

DEZ FATOS CURIOSOS SOBRE ESSE TALENTOSO BOÊMIO, ANTÔNIO CARLOS GOMES

Mussum era chamado de Caco pelos familia­res por causa do boneco dos Muppets.

Quem convenceu Mussum para entrar para Os Trapalhões foi Dedé Santana, que era fã de Ori­ginais do Samba.

Mussum era um homem com muitas habili­dades: fabricava seu próprio reco-reco, serviu a ae­ronáutica, aprendeu a tocar bateria na aeronáutica, sabia enviar mensagens em código Morse, fez curso de ajustador mecânico, tinha licença de Cabo Arraiz para dirigir lanchas, foi diretor da Ala das Baianas da Mangueira e investiu no ramo de empreiteiras, com a Construtora Ébano.

O humorista tinha um envolvimento muito grande com a música. No samba, regravou faixas de Adoniram Barbosa (Saudosa Maloca, Samba do Arnesto e As Mariposas) e gravou uma das primeiras composições de sucesso de Zeca Pagodinho (Chi­clete de Hortelã). Na bossa nova gravou uma músi­ca de Vinicius de Moraes e ganhou um festival ao lado de Elis Regina.

Ele era flamenguista e tinha uma bandeira do Flamengo autografada por Zico em casa. Mas quan­do morou em São Paulo, entre 1967 e 1976, adotou o Corinthians como segundo time.

Mussum colaborou com diversos projetos so­ciais nas décadas de 80 e 90. Entre eles, a doação de um consultório odontológico para a Comunidade do Morro da Mangueira.

Mussum contracenou com Hebe Camargo e Ronald Golias em uma encenação de Romeu e Ju­lieta na TV Record nos anos 60.

Todo mundo erra. Mussum declarou apoio à candidatura de Maluf à presidência.

Foi na aeronáutica onde Antônio Carlos apren­deu a tocar bateria.

Mussum ficou muito amigo de Garrincha por tocar com Elza Soares na Boate Fred’s.

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