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Livro narra tragédias que aconteceram durante a ditadura militar na Argentina

Para trazer luz a um passado não tão distante na América Latina, pessoas que tiveram parentes desaparecidos na dita­dura da Argentina (1976-1983) se orga­nizaram em coletivos e assumiram a res­ponsabilidade de esclarecer parte dessa história. Elas são o mote do livro "Sangue, Identidade e Verdade - Memórias sobre o passado ditatorial da Argentina", de au­toria de Liliana Sanjurjo e que está sendo lançado pela Editora da Universidade Fe­deral de São Carlos (EdUFSCar).

A obra é fruto de uma pesquisa de doutoramento realizada junto ao Pro­grama de Pós-Graduação em Antropo­logia Social, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), que contou com financiamento da Fundação de Ampa­ro à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). Trata-se da versão revisada da tese que analisou o ativismo político dos familiares de desaparecidos da ditadura militar argentina, movimento integra­do pelas organizações Asociación Ma­dres de Plaza de Mayo, Madres de Plaza de Mayo-Línea Fundadora, Abuelas de Plaza de Mayo, Familiares de Desapare­cidosyDetenidosporRazonesPolíticase H.I.J.O.S. (Hijos e Hijas por la Identidad y la Justicia contra el Olvido y el Silencio).

O objetivo do livro foi formular al­guns entendimentos sobre os proces­sos sociais que levam esses coletivos - que constituem o movimento de direitos humanos na Argentina - a assumirem o lugar de protagonistas na construção das memórias sobre o passado ditato­rial, bem como analisar os cenários de disputas que envolvem a consolidação de uma memória pública da ditadura.

"Ao longo do livro examino como os domínios da política e do parentesco - cujas representações, neste caso, estão particularmente pautadas na biologia/ sangue/genética -, se constituem e se ar­ticulam no ativismo desses familiares por memória, verdade e justiça e nos proces­sos de construção das memórias sobre a ditadura. Ou seja, ao lançar luz sobre as relações entre parentesco, política e me­mória, busco compreender como os fa­miliaresdedesaparecidos, ancoradosnos vínculos de parentesco com as vítimas da repressão, atribuem sentido às suas pró­prias experiências e identidades, ao pas­soqueencontramlegitimidadesocialpara suas demandas e ações políticas", expli­ca a autora.

Filha de um argentino que migrou ao Brasil em 1976, meses após o golpe mili­tar, Sanjurjo iniciou a pesquisa em 2007, quando foi à Buenos Aires para realizar os primeiros contatos com ativistas do movimento de familiares de desapareci­dos e um mapeamento do campo e das questões iniciais da investigação. Depois, retornou em outras duas ocasiões para um período mais extenso de trabalho, entre os anos de 2009 e 2011.

O livro está organizado a partir de al­gumas questões que buscam revelar as formas de mobilização e ativismo dos fa­miliares e que permitiram delinear o en­tendimento da relação entre parentesco, política e memória como um dos eixos centrais da análise. "Por outra parte, ao me deter sobre os cenários de disputa em torno das memórias da ditadura, passei a formular questões acerca do papel que desempenhariam o campo jurídico e científico nos processos de legitimização das vozes dos familiares e de afirmação de uma 'verdade' sobre o passado de re­pressão. Para tanto, o próprio processo de produção de evidências materiais so­bre a repressão - informes, corpos e ossa­das, DNA, edificações, documentos, sen­tenças judiciais - tornou-se outro dos eixos de análise do trabalho a fim de ampliar o meu entendimento sobre aquilo que da­ria ancoragem às narrativas e memórias dasvítimassobreaditadura", descreveela.

O lançamento de "Sangue, Identida­de e Verdade: memórias sobre o passa­do ditatorial na Argentina" acontece no dia 10 de outubro, às 19 horas, na Livraria Leonardo da Vinci, que fica localizada na Av. Rio Branco, 185, no Centro do Rio de Janeiro. Mais informações sobre o livro podem ser obtidas no site da EdUFSCar.

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