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ENTRETENIMENTO

Sem sujeirinhas não há amor

É cerveja sem álcool, almo­ço sem carne, doce sem açú­car, café sem cafeína, conver­sas virtuais cara a cara, massa sem glúten. O que era com fi­cou sem.

Até aí tudo bem, o mundo está ficando saudável e limpi­nho mesmo. É consequência da pós-modernidade.

As loucuras de bem-estar são aceitáveis, compreensí­veis e proporcionam longe­vidade. Afinal de contas, a gente tem medo de apertar o paletó de madeira. É um sentimento legítimo desde a antiguidade clássica.

O que não dá é sexo sem cheiro. Não dá! Pare o mundo eu quero descer, como canta Silvio Brito, em Pare o mundo que eu quero descer.

E o pior é que este insulto ga­nha cada vez mais adeptos que não tem medo de propagá-lo nas mesas dos bares.

Todavia, o cúmulo mesmo é ouvir nas espeluncas un­derground que rola até per­fume na genitália masculi­na, meus caros.

Atualmente, os caras tran­sam e vão correndo para o ba­nheiro. Homens-flechas da as­sepsia, como diz Xico Sá. Nem encostam a cabeça da moça no lado esquerdo do peito para uma conversa pós-coito – um dos maio­res prazeres da humanidade.

Trepar e não sentir o cheiro é como vir à vida e não gozar dos cinco sentidos que você trouxe do berço.

É ignorar um dos ensinamentos de Henry Miller, em A crucificação encarnada, livro que ilustra este post. Recomendo toda a trilogia aos machos limpinhos, inclusive.

E a turma do nojinho aos pelos pubianos, o que dizer?

Moças, nada de decepar a mata atlântica lá em baixo por causa de meia dúzia de adolescentes com cabeça poluída por putaria barata.

Depilar faz bem, entendo, mas o que me intriga é essa ras­padinha radical. Na hora agá, parece que somos Roman Po­lanski, diretor de cinema polo­nês que transou com uma me­nina de 13 anos e foi condenado pela justiça estadunidense.

Cuidado higiênico é exce­lente, sem dúvida. É o mínimo, meus caros. O que é inaceitável é trepar e ir correndo para o ba­nheiro e eliminar todos os su­postos maus-cheiros que a co­pulação lhe proporciona.

Sujeirinhas e melações carac­terizam a arte milenar do amor.

Amar suja.

E viver também.

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