Redação
A exposição "Memórias Líquidas: entre o real e o fantástico", da artista Marcela Campos, está em seus últimos dias na Galeria de Artes Antônio Sibasolly, em Anápolis. Com encerramento previsto para o dia 13 de agosto, a mostra apresenta um compêndio de uma década de produção da artista, trazendo à tona temas profundos e introspectivos apresentados em diversos meios e suportes. A mostra integra o calendário da segunda edição do Programa de Exposições da Antônio Sibasolly e inclui outras duas exposições que estão acontecendo simultaneamente no espaço. A visitação é gratuita e aberta ao público de segunda a sexta-feira, das 9h às 18h.
Formada em Licenciatura em Artes Visuais e pós-graduada em História da Arte, Marcela Campos navega habilmente pelos territórios da performance, vídeo, objetos e pintura. A artista é a criadora do coletivo feminino de performance TresPe, iniciado em 2011, e integra o Grupo EmpreZa (GO) desde 2012. Seus trabalhos frequentemente abordam questões de solidão, melancolia infantil e o ostracismo da mulher, um universo ímpar e envolvente. Cada obra é uma porta de entrada para um mundo de possibilidades e significados.
Em "Memórias Líquidas", Marcela convida o público a explorar um universo onde o lúdico e o sombrio coexistem. “A exposição é um diálogo íntimo entre águas e mobiliários de brinquedos, refletindo uma pesquisa aprofundada realizada no ateliê Pé Vermelho Espaço Contemporâneo, em Planaltina-DF”, conta ela. O curador da mostra, Paulo Henrique Silva, explica que os trabalhos expostos, apesar de diversos em técnica e suporte, são unificados pela formalidade das cores e um vocabulário imagético subjetivo, compondo uma narrativa rica e introspectiqva. “Cada obra é um fragmento de um sonho, uma reflexão sobre as ilhas interiores que todos habitamos”, completa ele.
Técnicas variadas e profundidade temática
A exposição inclui três séries distintas. A primeira, composta por aquarelas sobre papel, transporta o observador para um universo onde natureza e introspecção se encontram em obras como "Quando a tempestade se aproxima" e "Devaneio". A segunda série, de desenhos sobre papel preto, apresenta as obras "Bolha nº 1, 2, 3 e 4", destacando formas e texturas contra o fundo escuro. A terceira série, intitulada "Esfregaço Sanguíneo", é composta por micropinturas que revelam a beleza oculta nas estruturas microscópicas, inspiradas em lâminas histológicas.
Entre os destaques estão as obras que utilizam miniaturas e brinquedos infantis para explorar circuitos hídricos fechados. Em "Berço", a imagem de um pequeno leito de recém-nascidos flutuando em águas turvas evoca uma sensação de vulnerabilidade. Já em "Tempestade", uma casinha de boneca preta luta contra a fúria das águas, criando uma metáfora poderosa para emoções avassaladoras.
A videoinstalação "Oceânico" induz o público a uma viagem onírica, com um barquinho de papel navegando calmamente em águas serenas, enquanto a presença de uma câmera de segurança sugere uma dimensão mais profunda. Outras obras, como "Sem Título" e "Pedra x Papel x Tesoura", convidam o visitante a revisitar sua própria infância e explorar as complexidades das relações humanas.
Mais do que a versatilidade técnica, o que se destaca na exposição é a maneira como Marcela Campos transcende as fronteiras entre o real e o imaginário. “Suas obras são janelas abertas para uma realidade paralela, convidando o público a questionar suas percepções e explorar os mistérios mais profundos da experiência humana”, destaca o curador. A água, elemento constante na produção de Marcela, serve como metáfora para a transformação e a memória. Em "Memórias Líquidas", a artista não só cria arte, mas também convida o público a mergulhar em questões profundas sobre identidade, memória e transformação.