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OPINIÃO

Imaginação é mais importante que conhecimento

Emílio Vieira Especial para  Opiniãopública

As crianças são realmente educadas na escola? Certamente que não. São, isto sim, programadas para um comportamento social, mas não educadas para sua estruturação íntima, que depende de atitudes como introspecção e autocontemplação. Saber ouvir e imaginar, por exemplo, faz parte do exercício de autoeducação.
A autora do livro “Aprenda a educar a criança índigo”, fonte deste comentário, acusa que a escola pública – referindo-se aos Estados Unidos – não ensina nem incentiva a criança a ficar um tempo sozinha. “Tudo é feito em grupo, até mesmo os banhos. Aprendemos a nos alienar de nós mesmos na escola, e é claro que transferiremos isso para o modo como entendemos os outros – pense em estalidos, atentados, tiroteios”.
Enfatiza Barbara Condron: “Dar atenção a qualquer criança lhe dá consciência. Todos nós precisamos de um tempo sozinhos, distantes dos outros. É parte de nosso aprendizado na vida”. É preciso manter a atenção desperta para ouvir o outro. O ouvir ocorre dentro da mente. Ouvir é compreender, não simplesmente escutar. Melhor ainda, escutar as vibrações da alma. A criança índigo entende isso.
Depois de estudos de casos mediante entrevistas, conclui a autora que as crianças cujos pais se envolvem na sua formação: a) tornam-se mais confiantes e menos ansiosas; b) mais capazes de lidar com a frustração; c) mais capazes de ganhar independência; d) têm mais probabilidade de se tornarem adultos compassivos; e) mais probabilidade de desenvolver a autoestima; f) são mais sociáveis e inclusive capazes de obter notas mais altas na escola.
É preciso ouvir o corpo, tal como alimentar o cérebro. Barbara Condron fala da importância das dietas como forma de equilibrar o organismo. Após relatar experiências alimentares com seu filho Ki, reproduz um decálogo para a longevidade citando a publicação USA Weekend, da qual se extrai aqui apenas a relação sumária dos alimentos: a) tomates; b) azeite ou óleo vegetal; c) uvas vermelhas; d) nozes; e) grãos integrais; f) salmão e outros peixes gordos; g) mirtilo; h) alho; i) espinafre; j) chá, para fins medicinais. Quem quiser saber as receitas, é melhor consultar a fonte.
Para o cérebro, a mesma publicação inclui: 1. ácidos graxos ômega-3, encontrados especialmente em sardinhas e atum; 2. tirosina, encontrada em espaguete, essencial na química do cérebro; 3. vitaminas-B, encontradas em uvas-passas, farelo de cereais, melaço a alface romana: são operadores telegráficos do cérebro; 4. magnésio, que equilibra as cargas positivas e negativas do cérebro e do corpo; 5. acetil-L-carnatina, que converte comida em energia, encontrada em almôndegas.
Afinal, o mais importante dessa dieta, com outras alternativas, é evitar que a criança consuma alimentos processados. Barbara Condron pondera que é tão importante ouvir o corpo quanto alimentar o cérebro. “Ouvir o corpo é uma alternativa muito melhor e leva a outra habilidade essencial: respirar. Quando aprendemos a ouvir o corpo temos uma experiência com a conexão entre pensamento e substância”.

Autocontemplação e imaginação
“Imaginação é mais importante que conhecimento”, começa a autora citando Albert Einstein. Neste tópico, vale destacar a faculdade criativa que é o impulso natural para a evolução, o crescimento e o desenvolvimento da autoconsciência. Junto com a imaginação – diz a autora – “temos memória suficiente para lembrar o ontem, temos vontade suficiente para exercitar a memória hoje, temos desejo suficiente para imaginar algo diferente amanhã”. Sem a imaginação, poderíamos deduzir que a humanidade não teria inventado o progresso.
A imaginação é importante ferramenta criativa que deve ser utilizada para situar a criança num parâmetro comparativo entre o mundo real e o mundo imaginário. Brincar com armas, por exemplo, pode representar a imitação de um herói ou uma iniciação à violência, como se vê nos filmes de ação. A imaginação infantil é naturalmente inocente, mas há tendências positivas e negativas que podem ser inculcadas nas crianças por meio de brinquedos que podem ou não servir a fins educativos.
Quando as crianças saírem do mundo do faz-de-conta para se tornarem personagens da vida real, será preciso que tenham vencido as barreiras do certo e do errado, do bem e do mal e saibam administrar a realidade que viram nascer de sua fantasia.
A realidade da criança é a fantasia. Seu mundo do faz-de-conta corre paralelo ao dos fatos concretos. A autora em foco se espelha em seu filho, chamado na intimidade Ki, mostrando que também aprendeu a conectar as pessoas em seus mundos interiores descobrindo que “o significado do que fingimos ser quando estamos sozinhos é a janela para nossa alma” e que “aquilo que imaginamos fazer e pensar antes dos 7 anos captura o ímpeto interno e subconsciente para toda uma vida. Graças a quê? À imaginação. E conclui: “O poder da imaginação é parte daquilo que nos torna humanos”.
Nesse sentido, nossa inteligência é guiada pela imaginação. “A imaginação dá variedade ao nosso raciocínio”, assim deduz a autora, exemplificando que “dez pessoas podem receber o mesmo problema e resolvê-lo de dez maneiras diferentes”. As crianças índigo têm o poder de imaginar e por isso se libertam da pressão das conveniências e das regras. São conectadas a um mundo mais amplo do que o da nossa realidade cotidiana. Como seres espirituais, sabem como encontrar seus próprios modelos.
A título de ilustração, vale a pena recortar dois pequenos trechos de historinhas que envolvem crianças em atividades interativas, contadas por Barbara Condron, na obra em foco:

Historinha 1
“Erin mostrou a Hezekiah como soletrar o nome dela. Primeiro escolheu o E. Então, Ki, imitando seu gesto, ofereceu-lhe uma outra letra. Ela a pegou e colocou-a no chão. Ki então alcançou outro bloco, que Erin já lhe mostrara. Eu podia imaginá-lo pensando: ‘Ela fez isso! Deve ser divertido!’.
Erin deixou claro que não queria ver Ki mexendo nos blocos que já estavam arrumados. Ele se retraiu e a ouviu dizer para não mexer no bloco E. Até afastou a mão dele. No inicio, Ki a fitou, depois a ignorou.
Após notar que Erin agia assim vezes seguidas, percebi que aquela atitude funcionava como um escape. Na verdade, ela não sabia qual letra vinha depois do E. Havia vários R disponíveis, mas Erin não os pegava. Direcionar a atenção para Ki era uma maneira de fingir que ela sabia algo que realmente desconhecia.
Perguntei-lhe se sabia como era o R e ela respondeu que não. – Posso ajudar? – falei, pegando vários blocos. Ao encontrar um R, apresentei-o animadamente a ela. Seu sorriso largo indicava felicidade”.
Do exemplo acima, concluíu a autora que enquanto assistia à interação entre as crianças com a mente calma, afastava suas próprias distrações e abria sua atenção para os pensamentos de Erin.

Historinha 2
“Quando fui à cozinha, antes do jantar, vi cerca de meia dúzia de velhas garrafas de mostarda e tempero de salada sobre a mesa. Estavam cheias de óleo e água colorida, misturadas com brilho. Ki veio correndo. – Gostou do que Íris e eu fizemos, mamãe? São lâmpadas de lava! – Eu nunca tinha feito uma lâmpada de lava! – Íris exclamou. – Elas são lindas! – falei, abraçando os dois. – Bom trabalho – eu disse a Ki. Então, voltei-me para Íris, mostrando-me impressionada: – Não sabia que você se interessava por ciências, Íris. Ela sorriu. – Nem eu, mas foi realmente divertido.”
Com esses relatos, a autora nos ensina também a interagir com as crianças a fim de captarmos seu mundo interior. Assim associa seu filho Ki ao seu grupo de amiguinhos mostrando como os índigos sabem comportar-se sempre conectados e sintonizados no pensamento do grupo. Transmitir o que aprendeu e ensinar, é uma das primeiras coisas que os seres espirituais compartilham. Essa atitude, segundo a autora, é uma das mais puras expressões de amor.

(Emílio Vieira, professor universitário, advogado e escritor, membro da Academia Goiana de Letras, da União Brasileira de Escritores de Goiás e da Associação Goiana de Imprensa)

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